Quando a espiritualidade faz a diferença

Quando a espiritualidade faz a diferença

UNIVERSIDADE DE SÃO JOSÉ INAUGUROU CICLO DE PALESTRAS DEDICADAS AO SERVIÇO SOCIAL

Os responsáveis por duas das faculdades da Universidade de São José – Faculdade de Ciências Sociais e Faculdade de Estudos Religiosos – juntaram forças ao início da noite do passado dia 28 de Outubro para explicarem por que razão a espiritualidade e a religião podem fazer a diferença no âmbito da prestação de serviços de natureza social, como sejam o acompanhamento de idosos e deficientes, a educação das novas gerações ou o apoio a doentes terminais.

O professor Vítor Teixeira e o diácono Stephen Morgan foram os oradores da palestra com que a Faculdade de Ciências Sociais da USJ inaugurou um novo ciclo de conferências destinado a assistentes sociais e a todos quantos colaboram com as organizações de serviço social de Macau.

Numa iniciativa subordinada ao tema “Espiritualidade e Religião nos Serviços Sociais”, Vítor Teixeira e Stephen Morgan coincidiram na defesa da ideia de que a tomada de consciência da dimensão espiritual do Homem pode contribuir para a prestação de serviços de natureza social mais eficazes e abrangentes. «Esta dimensão espiritual não é uma ficção. É algo muito concreto e, por isso, quando o que está em causa é a prestação de cuidados, sejam eles de saúde ou de natureza pastoral, as pessoas têm de ser consideradas pelo que são. Para muitas pessoas, este sentido de espiritualidade, este sentido de transcendência, é um aspecto muito importante da forma como elas se entendem a si mesmas», defendeu Stephen Morgan.

Para o responsável pela Faculdade de Estudos Religiosos da USJ, «uma intervenção – seja ela no âmbito dos serviços sociais; tenha ela natureza psicológica ou natureza pastoral – tem que ter estas dimensões em conta. Uma das grandes vantagens de instituições como a Cáritas é que olham para esta questão com seriedade. Olham para a ideia de espiritualidade, para as crenças religiosas de cada um, como sendo uma parte muito concreta daquilo que as pessoas são».

Vítor Teixeira afina pelo mesmo diapasão. Segundo o director da Faculdade de Ciências Sociais da USJ, a espiritualidade e o fomento de um sentido de transcendência são parte inalienável do conjunto de características que nos fazem humanos. «A espiritualidade faz parte daquilo que nos faz humanos, daquilo que nos faz pessoas. Quando falamos de evangelizar para uma religião estamos a falar de uma narrativa que esta própria religião traz e que está imbuída de culturalidade e da história dessa religião, mas é necessário ir além disso e a espiritualidade é um fenómeno individual de cada um», explicou o responsável, salientando tratar-se de «um fenómeno universal». Sendo assim, – continuou – «faz sentido que quando se introduz isto, se opte por aquilo que alguns autores chamam de fomento à religião escondida ou invisível e que passa por apostar na missão, nos princípios e nos valores. É na missão, nos princípios e nos valores da própria organização que isto deve ser incluído, e não tanto na explicação directa da história de Jesus Cristo ou de Buda, ou na aplicação dos rituais de uma religião específica. Passa, isso sim, por disseminar os valores subjacentes a essa religião numa prática concreta».

A Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de São José vai promover mensalmente uma palestra no âmbito do ciclo de conferências inaugurado esta semana. A próxima está agendada para meados de Novembro e tem como tema “Liderança e Gestão de Organizações Não Governamentais”.

Marco Carvalho

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