Olhando em Redor

Sim à educação patriótica

Ao contrário de muitas pessoas, compreendo perfeitamente a vontade de Pequim em levar a educação patriótica às escolas de Macau e de Hong Kong.

Num país imensamente grande, como é o caso da República Popular da China, com uma população abismal de quase 1,4 mil milhões de pessoas, onde há uma grande diversidade de etnias (han, zhuang, manchú, hui, uigur, mongol, tibetana, coreana, shui, qiang, tártaros, etc.) e vários dialectos em uso (Mandarin, Jin, Wu, Hui, Gan, Xiang, Min, Hakka, Cantonense e Ping), nada melhor do que dar a conhecer aos homens e às mulheres do futuro a cultura e a grandeza desta milenar China.

No mundo actual são várias as ameaças exteriores que podem pôr em causa a estabilidade e a unidade da RPC, quer ao nível das suas fronteiras territoriais (ponho de lado as marítimas, porque estão a ser disputadas por vários países, não havendo ainda consenso no Mar do Sul da China), quer ao nível da própria sobrevivência do País (considero o “Ocuppy Central” um desses exemplos, porque a vingar poderia desencadear acções semelhantes na China continental, correndo o risco de convulsões sociais que, no limite, poderiam levar à desintegração da RPC em vários Estados independentes).

Após o 19 de Dezembro de 1999, embora com estatuto especial, Macau passou a fazer parte integrante da República Popular da China, razão pela qual o território não pode nem deve ficar de lado quanto às questões essenciais que afectam o País. Foi assim que o Governo da RAEM elaborou – e a Assembleia Legislativa aprovou – a legislação sobre o Artigo 23.º da Lei Básica. E será assim que a educação patriótica deve ser ministrada no território.

No entanto, os conteúdos não podem de alguma forma branquear o passado, ou o presente, deste imenso país, sob pena de serem um instrumento ao serviço da temível “lavagem ao cérebro” da nova geração.

Será deste modo que a educação patriótica, adaptada à realidade local, deverá também dar a todos os estudantes a possibilidade de finalmente ficarem a conhecer com objectividade a razão de Macau continuar a ser a ponte entre o Oriente e o Ocidente e o papel (passado e presente) dos portugueses neste pequeno território. Neste prisma, a educação patriótica imparcial torna-se um grande desafio e, até prova em contrário, vou acreditar nessa imparcialidade.

Por outro lado, pode-se aproveitar o momento para melhorar o sistema de ensino que nunca deveria submeter crianças e jovens, ainda em idade de formação, a esforços por mim considerados aquém do razoável, como é o caso dos intermináveis trabalhos de casa que lhes dificulta encontrar tempo disponível para outras actividades. A escola representa uma etapa essencial na vida de uma pessoa, mas se ela for desde muito cedo ensinada a responder a persistentes automatismos dificilmente terá capacidade de se tornar num talento.

Apenas duas notas: 1 – É salutar que as reformas políticas nas duas RAE sejam iniciativas dos Governos de Macau e de Hong Kong, em vez de partirem de qualquer movimento de desobediência civil, ainda por cima com motivações dúbias, como foi o caso do “Occupy Central”. 2 – A demora em implementar o sufrágio directo universal para a eleição do Chefe do Executivo em cada uma das RAE não desresponsabiliza os governantes a fazerem mais e melhor em prol dos cidadãos dos respectivos territórios.

 

Macau doce

Março é um dos meus meses favoritos. É o início da Primavera e também do Mundial de Fórmula 1, que tenho vindo a acompanhar desde os memoráveis tempos de Nelson Piquet, Nigel Mansell, Alan Prost e Ayrton Senna, entre outros. Existem mais motivos para gostar do mês de Março, mas fico-me por estes dois.

Em Macau deparei-me com outra realidade bem diferente da europeia: os almoços e jantares de Primavera são sempre uma boa oportunidade para confraternizar com aquelas pessoas que, por vezes, só encontro neste período de tempo. Macau é pequena, mas ao mesmo tempo também é grande!

Confidências à parte, achei delicioso que os jornalistas fossem contemplados, na passada segunda-feira, com uma embalagem de “Lucky Cookies” (biscoitos da sorte) no “Almoço de Primavera da Macao Water”, onde também se comemorou o “80º aniversário de modernização do abastecimento local de água”.

Na tarde do mesmo dia foi a vez dos jornalistas receberem uma apelativa embalagem azul e branca com um pequeno bolo atractivamente decorado, por altura da conferência de Imprensa do XXVI Festival de Artes de Macau, promovido pelo Instituto Cultural no salão “The Vista” do MGM. Macau é doce, ainda mais quando há quem se preocupe em levar algum açúcar à boca dos repórteres locais.

PEDRO DANIEL OLIVEIRA

pedrodanielhk@hotmail.com

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