Cáritas pede perdão da dívida dos Países do Sul

OBJECTIVO É ESTIMULAR A RECUPERAÇÃO PÓS-PANDEMIA

Cáritas pede perdão da dívida dos Países do Sul

A Confederação Internacional da Cáritas pediu aos Governos do G7 que cancelem a dívida aos países pobres e invistam essa verba no combate à pandemia de Covid-19 e às alterações climáticas.

“É impossível a reconstrução sem cancelar a dívida aos países pobres e reinvestir os fundos nas respostas e na recuperação à Covid-19, e no combate às alterações climáticas”, afirma a organização católica, presente em cerca de duzentos países e territórios, num comunicado enviado à Agência ECCLESIA.

“A Covid-19 mostrou à lupa as crescentes desigualdades sociais no mundo. A única forma de reconstruir o futuro tem de ser eliminando tais injustiças”, assinala Aloysius John, secretário-geral da Caritas Internationalis.

A reunião do G7, que teve lugar em Inglaterra, juntou presencialmente os chefes de Estado e de Governo da Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido.

A Caritas Internationalis insiste no perdão da dívida dos Países do Sul e deixa um alerta: “Espera-se que os Governos africanos paguem 23,4 mil milhões de dólares em dívidas a credores privados em 2021 – isso é três vezes superior ao custo da aquisição de vacinas para todo o continente”.

“Na Zâmbia, por exemplo, 45 por cento do orçamento anual do Governo é canalizado para a dívida. Como é que um país se pode reconstruir com tamanho fardo? E como pode responder à Covid-19 se os poucos recursos disponíveis não podem ser usados para fortalecer o sistema nacional de saúde – onde se incluem organizações religiosas –, que poderiam armazenar e distribuir vacinas?”, pode ler-se no comunicado.

A confederação de 165 organizações humanitárias da Igreja Católica fala nas “dramáticas consequências” que a dívida coloca para as pessoas dos países em desenvolvimento. Desde o início da pandemia, a Caritas Internationalis tem pedido à comunidade internacional para ajudar a “financiar uma justa recuperação para todos”.

A Cáritas junta a sua voz ao “grito dos mais pobres” e pede que os países do G7 “conduzam o caminho para uma recuperação e resposta à Covid-19, de forma a ajudar os mais afectados pela pandemia, auxiliando numa recuperação justa e ecológica”, sendo que o primeiro passo para que tal possa acontecer “é assegurar que todos os pagamentos da dívida sejam cancelados, incluindo a credores privados”, indica Aloysius John.

A Caritas Internationalis pede ao G7 que pare o pagamento de dívida aos credores privados, que estes possam comprometer-se com o Quadro Comum do G20 para o Alívio da Dívida e que os Governos do G7 se comprometam a explorar outras opções legislativas e iniciativas de reestruturação à dívida, encorajando à participação dos credores privados nesse processo.

Em causa estão respostas a necessidades imediatas para enfrentar a Covid-19, “nomeadamente o fortalecimento dos sistemas de saúde, redes de segurança social e acesso a vacinas”, bem como “uma recuperação justa e verde de maneira que não aprofundem a crise da dívida nos países do sul”.

“O actual momento de crise exige respostas inovadoras e sem precedentes”, sublinha, sendo esta uma forma de demonstrar que “estão a ser levadas a sério as conversas da COP26 e o enfrentar a crise climática, incluindo o compromisso para acabar com os subsídios aos combustíveis fósseis”, conclui a Confederação Internacional da Cáritas.

In ECCLESIA

FOTO:UNDP

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