O Ministério da Presença Real de Nosso Senhor Jesus Cristo na Eucaristia

«Eu sou o pão da vida» (Jo., 6:35)

A Eucaristia é o centro e a fonte da vida cristã, onde está contido o tesouro espiritual da Igreja, o próprio Cristo. Desde que Jesus instituiu a Eucaristia na Última Ceia a Igreja nunca mais deixou de celebrá-la, crendo, firmemente, na presença real do Senhor – do Corpo, Sangue, Alma e Divindade – na Hóstia consagrada pelo sacerdote. Desde os primeiros séculos os Padres da Igreja ensinaram esta grande verdade recebida dos Apóstolos.

A Eucaristia é, indubitavelmente, o maior e o mais belo milagre que o Senhor realizou e quis que fosse repetido em cada Santa Missa, para que Ele pudesse estar entre nós, a fim de nos curar e nos alimentar. É um sinal consolador do amor, do poder e da divindade do nosso Divino Salvador.

A Igreja vive de Jesus sacramentado, do Cristo Eucarístico, por Ele é nutrida, por Ele é iluminada. A Eucaristia é mistério de fé e, ao mesmo tempo, “mistério de luz”.

As palavras do Apóstolo Paulo mostram que a Eucaristia não é um mero símbolo, mas sim a presença real de Jesus na Hóstia consagrada: «Porventura o cálice de bênção que abençoamos, não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos, não é porventura a comunhão com o corpo e Cristo?» (1Cor., 10:16-21).

Plínio, o jovem, Governador da Bitínia na Ásia Menor, em 111, atestava: “Os cristãos estão habituados a reunirem-se em determinado dia, antes do nascer-do-sol, e cantar um cântico a Cristo, que eles têm como Deus. De tarde, reúnem-se de novo em uma ceia comum em favor dos mais pobres, chamada ágape”.

No Catecismo da Igreja Católica (CIC) lemos: A Eucaristia é “fonte e cume de toda a vida cristã”. “Os restantes sacramentos, assim como todos os ministérios eclesiásticos e obras de apostolado, estão vinculados com a sagrada Eucaristia e a ela se ordenam. Com efeito, na santíssima Eucaristia está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, nossa Páscoa”» (CIC, n.1324).

Mas, lamentavelmente a Cruz e a Eucaristia foram e continuam a ser “pedra de tropeço” para muitos que não crêem.

Acima de tudo é preciso recordar que a Igreja recebeu do Senhor o carisma da infalibilidade em termos de fé e de moral, a fim de não permitir que os seus filhos sejam enganados no caminho da salvação (Jo., 14:15-25; 16:12-13). Portanto, o que a Igreja garante há vinte séculos, jamais podemos duvidar, sob pena de estarmos a duvidar do próprio Jesus de Nazaré.

Para auxiliar a nossa fé, Deus permitiu que muitos milagres eucarísticos acontecessem entre nós: Lanciano (séc VIII), Ferrara (1171), Orvieto (1264), Offida (1273), Sena (1330 e 1730), Turim (1453), entre outros, que atestam ainda hoje o Corpo vivo do Senhor na Eucaristia, comprovado pela própria ciência.

Há tempos foi traçado na Europa um “mapa eucarístico”, que regista o local e a data de mais de 130 milagres, metade deles ocorridos em Itália.

Na sua “Profissão de Fé”, o conhecido “Credo do Povo de Deus”, o Papa Paulo VI afirmou: “Cremos que como o pão e o vinho consagrados pelo Senhor, na Última Ceia, foram mudados no seu Corpo e no seu Sangue, que iam ser oferecidos por nós na Cruz, assim também o pão e o vinho consagrados pelo sacerdote se mudam no Corpo e no Sangue de Cristo glorioso que está no céu, e cremos que a misteriosa presença do Senhor naquilo que misteriosamente continua a aparecer aos nossos sentidos do mesmo modo que antes, é uma presença verdadeira, real e substancial”.

Tudo começou naquele memorável discurso sobre a Eucaristia, na sinagoga de Cafarnaum, que São João relatou com detalhes no capítulo 6 do seu Evangelho: «Eu sou o Pão vivo que desceu do céu… Quem comer deste Pão viverá eternamente; e o Pão que eu darei é a minha carne para a salvação do mundo… O que come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia… Porque a minha carne é verdadeiramente comida e o meu sangue é verdadeiramente bebida”.

Não há como interpretar de modo diferente estas palavras, senão admitindo a presença real e maravilhosa do Senhor na Hóstia sagrada.

 

O SENTIMENTO DOS PAIS DA IGREJA

Santo Inácio de Antioquia (†107), bispo e mártir, disse sobre a Eucaristia: “Esforçai-vos, portanto, por vos reunir mais frequentemente, para celebrar a Eucaristia de Deus e o seu louvor. Pois quando realizais frequentes reuniões são aniquiladas as forças de Satanás e se desfaz seu malefício por vossa união na fé. Nada há melhor do que a paz, pela qual cessa a guerra das potências celestes e terrestres”.

Santo Ireneu (140-202) deixou este registo sobre a Eucaristia: “Dado que nos seus membros (de Cristo) nos alimentamos de coisas criadas (as quais, aliás, ele mesmo nos oferece…) também quis que fosse seu sangue o cálice de vinho, extraído da Criação, para com ele robustecer nosso sangue; quis que fosse seu corpo o pão, também proveniente da Criação, para com ele robustecer nossos corpos”.

São Cipriano de Cartago (†258) dizia, em tempo de perseguição aos cristãos: “Os fiéis bebem diariamente do cálice do Senhor, para que possam também eles derramar o seu sangue por Cristo”.

Santo Hilário de Poitiers (316-367): “Ele mesmo diz: ‘Minha carne é verdadeiramente comida e o meu sangue é verdadeiramente bebida. Quem come da minha carne e bebe do meu sangue, fica em mim e eu nele’. Quanto à verdade da carne e do sangue, não há lugar para dúvida; é verdadeiramente carne e verdadeiramente sangue, como vemos pela própria declaração do Senhor e por nossa fé em suas palavras. Esta carne, uma vez comida, e este sangue, bebido, fazem que sejamos também nós um em Cristo, e o Cristo em nós. Não é isto verdade? Não o será para os que negam ser Jesus Cristo verdadeiro Deus! Ele está, pois, em nós por sua carne, e nós nele, e ao mesmo tempo o que nós somos está com Ele em Deus”.

São Cirilo de Jerusalém (315-386) assim falava aos fiéis: “Na cavidade da mão recebe o corpo de Cristo; dizei Amém e com zelo santifica os olhos ao contacto com o corpo santo… Depois aproxima-te do cálice. Dizei Amém e santifica-te tomando o sangue de Cristo. A seguir, toca de leve os teus lábios, ainda húmidos, com tuas mãos, e santifica os olhos, a testa e os outros sentidos (ouvidos, garganta, etc.)”.

Santo Efrém Sírio (306-444) falava da Eucaristia como “Glória ao remédio da vida”.

Santo Agostinho (354-430) a chamava de “o pão de cada dia, que se torna como o remédio para a nossa fraqueza de cada dia”. E ainda dizia: “Ó reverenda dignidade do sacerdote, em cujas mãos o Filho de Deus se encarna como no Seio da Virgem”.

São Cirilo de Alexandria (370-444) dizia que ao comungarmos o corpo de Cristo nos transformamos em “Cristóforos”, portadores de Cristo.

Miguel Augusto 

Compêndio de textos editados, da autoria do professor Felipe Aquino, membro da Canção Nova

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