“Hengqin” do Norte é Cidade do Futuro

Cidades itinerantes entre a Antiguidade e o Futuro

No final deste Verão, tive a oportunidade de integrar uma delegação de profissionais da Comunicação Social de Macau, publicada em Português e Inglês. O objectivo: visitar as cidades de Xiongan e Xian.

Os membros da delegação puderam testemunhar o desenvolvimento da China e, ao mesmo tempo, passar em revista as ricas tradições herdadas de várias épocas da História da China. A visita, organizada pelo Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da RPC na RAEM, contou com a presença de cerca de vinte jornalistas, tendo-se realizado entre 29 de Agosto a 1 de Setembro.

O grupo começou por visitar a Nova Área de Xiongan, na Província de Hebei, situada a cem quilómetros do Sudoeste de Pequim. A Nova Área, que abrange os Condados de Xiong, Rongcheng e Anxin, numa extensão superior a cem quilómetros quadrados, é base para a promoção do triângulo económico formado pelos Municípios de Pequim e Tianjin, mais a Província de Hebei. Um dos objectivos desta iniciativa é retirar a Pequim parte das actividades nela realizadas, dado os impactos negativos para a capital do País, a nível populacional e ambiental.

A construção da Nova Área de Xiongan arrancou em 2017 e tem sido descrita como “Projecto do Milénio” e “Cidade do Futuro”. Alguns académicos consideram-no histórico e um legado que ficará para as próximas gerações. Este ano assinala-se o sétimo aniversário da iniciativa. Depois da pandemia de Covid-19, e de sete anos de tempo muito frio e muito quente, as infraestruturas do projecto estão finalmente concluídas.

A página electrónica da Nova Área de Xiongan descreve-a como estando “no subsolo”, “no solo” e “na nuvem” (N.d.A.: “cloud”, termo relacionado com Tecnologias da Informação). A agência noticiosa oficial Xinhua explica que já não existem “planícies áridas e aldeias degradadas”, mas sim mais de quatro mil edifícios – alguns deles comportam as mais de duzentas filiais e sucursais de empresas públicas ali instaladas –, delimitados por quinhentos quilómetros de estradas, que ligam a Nova Área de Xiongan aos Municípios de Pequim e Tianjin, e às províncias vizinhas. Há ainda quatro Universidades e cinco hospitais em funcionamento.

Debaixo do solo foram construídos 144 quilómetros de corredores que albergam as condutas de água e de gás, a rede de eletricidade e o sistema de aquecimento. Na nuvem (“cloud”) foi programado um centro de computação semelhante a um cérebro, capaz de armazenar mais de vinte mil milhões de dados.

Para além do desenvolvimento económico e social, a Nova Área de Xiongan também aposta na preservação do Ambiente. Neste âmbito, a delegação visitou o lago Baiyangdian, a fim de se inteirar sobre os projectos ambientais em curso. Historicamente, Baiyangdian resulta da junção de nove rios que se estendem das montanhas Taihang para montante, formando um conjunto de 146 pequenos e grandes lagos, interligados por mais de três mil e 700 riachos, numa área total de 366 quilómetros quadrados. As suas águas pouco profundas estão cobertas por campos de juncos e lóbulos de flores de lótus. Os juncos são altos e densos, sendo os de melhor qualidade no País. Por conseguinte, os pescadores do lago Baiyangdian costumavam tecer tapetes de junco, como segunda actividade. No entanto, devido à seca, à exploração excessiva das águas subterrâneas e aos problemas relacionados com as águas residuais industriais, desde a década de 1980 que o lago Baiyangdian secou seis vezes, em apenas vinte anos, tendo-se registado graves problemas ecológicos, como escassez de água e poluição.

Com a criação da Nova Área de Xiongan, as autoridades começaram a prestar os “primeiros socorros” a Baiyangdian. Entre 2017 e 2018, o lago foi submetido a uma série de programas de reabastecimento de água, o que resultou na substancial melhoria da qualidade da água, na recuperação de parte da vida selvagem e no aumento do número de espécies de peixes e aves selvagens, para 46 e 260, respectivamente.

Durante a visita à Província de Hebei, a delegação também esteve no distrito Rongdong – integra a Nova Área de Xiongan –, sendo que impressiona pela sua grandeza. Segundo nos foi adiantado, actualmente residem 1,3 milhões de residentes na Nova Área de Xiongan, podendo este número atingir cerca de cinco milhões, num futuro próximo.

Desde há alguns anos a esta parte, o Governo Central tem promovido a implementação de novas áreas de desenvolvimento económico, principalmente junto das capitais de província e dos maiores municípios da China. No caso de Macau e de Zhuhai, a Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin é disto exemplo.

A nossa viagem terminou na cidade de Xian, antiga capital da China e actual capital da Província de Shaanxi.

Jasmin Yiu na Província de Hebei

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