NATIVIDADE DA VIRGEM SANTA MARIA FOI CELEBRADA A 8 DE SETEMBRO

NATIVIDADE DA VIRGEM SANTA MARIA FOI CELEBRADA A 8 DE SETEMBRO

Um milagre rumo à Salvação

Segundo a tradição, a Virgem Maria terá nascido em Jerusalém. O nascimento ocorreu, provavelmente, cerca de dezasseis anos antes do nascimento de Jesus, ou por volta do ano 736 ou 734 da fundação de Roma. Diz a tradição que Maria nasceu nas imediações do Templo, em Jerusalém, junto ao tanque de Betesda, ou “piscina probática”, onde mais tarde Jesus curaria milagrosamente um paralítico. Maria terá nascido no local onde os seus pais moravam.

O Evangelho não nos dá dados sobre o nascimento de Maria, mas existem várias tradições. Para além da tradição de Jerusalém, algumas tradições, considerando Maria como descendente de David, apontam para o seu nascimento em Belém. Além disso, há tradições gregas e arménias que nomeiam Nazaré como o berço de Maria.

A Natividade da Virgem Maria é uma das Festas Marianas mais antigas. Presume-se que a sua origem esteja ligada à Festa da dedicação de uma igreja a Maria, em Jerusalém, no Século IV: a Basílica de Santa Ana, onde, segundo a tradição, seria a dita casa dos pais de Maria, Joaquim e Ana, e onde, por isso, se considera que terá nascido a Virgem. Em Roma, a referida Festa começou a ser celebrada no Século VIII, durante o Pontificado do Papa Sérgio I (faleceu a 8 de Setembro de 701). Trata-se da terceira Festa da “natividade” presente no Calendário Romano: Natividade de Jesus, o Filho de Deus (Natal); a Natividade de São João Baptista (24 de Junho) e a Natividade de Nossa Senhora (8 de Setembro).

Nos Evangelhos não encontramos citações sobre esta Festa, nem os nomes dos pais de Maria. Mas, a tradição, a partir dos Apócrifos, faz menção no Proto-Evangelho de Tiago, texto escrito no Século II. Todavia, o acontecimento considerado fundamental na vida de Maria é a Anunciação. A Igreja considera Maria como a Mãe de Deus, mas também como uma mulher, que entre todas as outras foi um exemplo e modelo de vida cristã: na Fé, na obediência ao seu Filho, na caridade com a prima Isabel e nas Bodas de Caná. O facto de Maria ser assim medianeira junto do Filho e um modelo, pela confiança que merece a sua pessoa, na sua indelével ligação à vida do seu Filho, Jesus, alimentaram a devoção e amor da parte do Povo de Deus, que a ela recorre e suplica. Daí a importância de recordar a sua natividade, milagrosa também.

Com efeito, a sua mãe, Ana, estéril há mais de vinte anos, concebeu de forma milagrosa, tantas foram as orações e súplicas dos piedosos e aflitos esposos ao Senhor. A tradição da Igreja e os apócrifos canónicos afirmam que os pais de Maria eram um casal de idosos, São Joaquim e Santa Ana. Esta antiga tradição remonta ao Século II, referindo que o seu pai seria São Joaquim, descendente de David, e que a sua mãe seria Santa Ana, da descendência do sacerdote Aarão.

Sobre o carácter milagroso, o Proto-Evangelho de Tiago conta que Joaquim e Ana, idosos, já não podiam conceber um filho. Como não tinha descendência, Joaquim foi impedido de entregar a sua oferenda no templo e foi jejuar no deserto. Algumas fontes referem que o pai da Virgem Maria “era sacerdote” do Templo. Ana, temente a Deus, chorava e pedia que Ele tivesse misericórdia deles. E eis que um anjo apareceu a Ana e lhe disse que o Senhor atendera as suas súplicas e que ela conceberia e daria à luz, gerando uma descendência que seria falada em toda a terra. O mesmo apócrifo narra que uns mensageiros disseram a Ana que um anjo também aparecera ao seu marido para lhe dizer que ela conceberia. Joaquim, que era muito rico, cheio de alegria, mandou preparar oferendas para o Senhor e foi então recebido com alegria pela esposa. Passados nove meses nasceu uma menina, Maria, recebida em júbilo pelos seus progenitores.

A celebração da Festa da Natividade da Virgem Santa Maria é conhecida no Oriente desde o Século VI. Foi marcada para 8 de Setembro, dia com que se abre o ano litúrgico bizantino, que termina com a Dormição, em Agosto. No Ocidente foi introduzida por volta do Século VII e celebrada com uma procissão-litania, que terminava na Basílica de Santa Maria Maior.

Vítor Teixeira

Universidade Fernando Pessoa

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