MORTES E DESTRUIÇÃO EM CABO DELGADO

MORTES E DESTRUIÇÃO EM CABO DELGADO

Missionários alertam para situação catastrófica

Missionários católicos alertam que a “situação está catastrófica” em Cabo Delgado, no Norte de Moçambique, com “muitas mortes, pessoas decapitadas, raptadas” e em fuga dos ataques armados, em testemunhos à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).

“Nas aldeias não está mais ninguém. Todos têm medo e eles [grupos que reivindicam pertencer ao autoproclamado Estado Islâmico] estão muito violentos nestes ataques. As pessoas estão ou no mato ou já conseguiram chegar a alguma cidade. Há muitas mortes, pessoas decapitadas e raptadas”, disse o padre Edegard Júnior, missionário brasileiro de sessenta anos de idade, em informação enviada à Agência ECCLESIA pela AIS.

O sacerdote da Congregação de La Salette lembra que este é um “sofrimento que dura há três anos” e praticamente toda a zona de Cabo Delgado está afectada – um cenário “desolador” –; e a excepção a norte é a cidade de Mueda onde o exército moçambicano tem um aquartelamento.

“Todas as outras [povoações] estão totalmente abandonadas. A ajuda humanitária não dá conta [de todos os pedidos] de lonas, barracas, remédios, alimentação. A situação está a ficar catastrófica”, conta o padre Edegard Júnior.

Segundo a polícia moçambicana, citada pela Agência de Informação de Moçambique, na aldeia Muatide “mais de cinquenta pessoas” foram sequestradas e decapitadas. Também o jornal do Vaticano L’Osservatore Romanodenunciouo “terror” que se vive em Cabo Delgado onde pelo menos vinte corpos decapitados, de cinco adultos e quinze adolescentes, foram encontrados na última segunda-feira nas florestas do distrito de Muidumbe.

A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre informa que desde o início dos ataques armados, em Outubro de 2017, tenham morrido mais de duas mil pessoas e o padre Edegard Silva calcula que existem “cerca de quatrocentos mil deslocados internos”.

O missionário brasileiro, que agora está em Pemba, conta que a missão da Congregação de La Salette em Muidumbe e a aldeia onde viviam foram atacadas por grupos armados no dia 30 de Outubro.

Segundo o sacerdote, “toda a infraestrutura da missão está danificada”: “A nossa casa, a casa das irmãs, a própria igreja, que já tinha sido atacada em Abril, e a nossa rádio comunitária que fica no fundo da igreja, toda essa infraestrutura foi danificada com os ataques”.

In ECCLESIA

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *