“Pedro, o protótipo do discípulo-missionário”
O novo livro do padre David Palatino faz uma investigação sobre a figura de São Pedro, que Jesus quer que seja discípulo-missionário. Esta é uma oportunidade para conhecer melhor uma das personalidades mais importantes da História do Catolicismo.
“O grande risco do mundo actual é uma tristeza individualista que brota do coração comodista e mesquinho”, assim escreve o Papa Francisco na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, 2, documento programático do seu Pontificado, reflectido em todos os actos do seu magistério, tendo em conta (e é o que aqui nos move na intenção de apresentarmos este livro da PAULUS Editora, da autoria do padre David Palatino, “Pedro, o protótipo do discípulo-missionário”) o perfil do discipulado de Jesus a partir Lc., 5, 1-1: «Não digamos mais que somos “discípulos” e “missionários”, mas sempre que somos “discípulos missionários”».
Discípulo-missionário é, na verdade, o perfil atribuído a São Pedro pelo evangelista São Lucas nos inícios do capítulo cinco do seu Evangelho. Com efeito, o terceiro evangelista, no livro por ele dedicado ao «ilustre Teófilo» (Lc., 1,3), personagem desconhecido que porventura nem cristão seria, mas mais um funcionário estimado que se deseja que fique bem informado acerca de Jesus, antes de nos apresentar no capítulo do Evangelho a vocação de Pedro, tinha-nos já apresentado pelo menos duas vocações importantes: a de Maria de Nazaré e a de São João Baptista. Também os numerosos exemplos de vocações existentes no Antigo Testamento convergem igualmente como paradigmas para aqui.
Chegara então a vez de Pedro, e para isso temos o episódio da pesca milagrosa em que os protagonistas são Jesus, os pescadores (Pedro e os outros apóstolos) e as multidões a capturar. Jesus está em terras de Israel, e já a Si traz colada a fama popular de ser um profeta milagroso e pregador. Já arrasta atrás de Si multidões para ouvirem a Palavra de Deus e já conhecia Pedro porque até lhe tinha curado a sogra. Mas ainda o não tinha chamado para O seguir com o dom da vocação e a perspectiva de uma missão. Jesus chegou à beira-mar e, sorte a sua, vê duas barcas. Uma era a de Pedro. Logo Jesus subiu para ela para, porventura, escapar ao ímpeto das multidões e para nela erigir um púlpito onde Se sentou a ensinar a Palavra de Deus. Os pescadores lavavam as redes porque tinham chegado do mar.
Esta narração já nos deu sinais de ser altamente teológica. Além da presença de Jesus, novo profeta de Nazaré recém-manifestado, dá uma ênfase muito grande à actividade específica de Jesus como pregador da “Palavra de Deus”, que é um dos temas característicos deste evangelista.
Mas agora é que o perfil de Pedro vai em cheio ocupar a cena. Jesus lança-lhe o seu olhar, ou seja, a sua predilecção. Jesus faz nele uma eleição – dá-lhe uma vocação – e indica-lhe a sua missão. Aqui, e para São Lucas, nada de lhe dar um poder jurídico, imperial ou de primado; nada de considerar Pedro um sumo pontífice, mas de o promover a discípulo-missionário.
O caso de Pedro, aqui e no conjunto do Evangelho lucano, é essencialmente igual ao de um qualquer comum cristão baptizado, realmente vocacionado a ser um discípulo-missionário. E isto é fundamental e vai muito na perspectiva missionária de se estender a toda a Humanidade o Reino de Deus (que é o que mais conta). Esta sublime bênção divina dada por Jesus ao seu discípulo principal é indicadora (protótipo) da bênção com que Jesus quis beneficiar toda a Igreja, embora apenas escolhesse a pessoa de Pedro (e dos outros Doze ) como modelos.
PE. MÁRIO DOS SANTOS
In revista Síntese