Júlia Tao Jueru

«Espero contribuir para estreitar laços».

O CLARIM continua a ouvir alguns alunos do Instituto Politécnico de Macau (IPM) para ficar a conhecer a sua experiência em Portugal. São alunos dos cursos de tradução e interpretação que vieram realizar um ano de estudos no Instituto Politécnico de Leiria (IPL). Uma parceria que dura há vários anos e que, segundo os alunos contactados, «é muito positiva», pois permite que eles possam, de forma sistemática, praticar os seus conhecimentos e ter uma experiência directa com a cultura da língua que decidiram aprender.

Desta feita falámos com Tao Jueru, Júlia em Português, nascida a 24 de Agosto de 1997 na província de Hubei, mais concretamente na cidade de Qianjiang.

Júlia, à semelhança dos outros colegas contactados pel’O CLARIM, sente a obrigação de frisar que a experiência de estudar em Portugal é de primordial importância e foi um dos factores que a fez escolher estudar no IPM. «Passei o ano todo sem nunca regressar à China ou a Macau porque penso que a oportunidade de estar em Portugal era valiosa demais para estar a desperdiçar tempo com viagens. Apesar de ter muitas saudades da China e da minha família, a oportunidade de estar em Portugal, um país ocidental completamente diferente da minha terra, tem de ser aproveitada ao máximo». Aproveitar para viajar, conhecendo outros pontos do País, e contactar com pessoas de uma cultura completamente oposta à chinesa é o sentimento transversal a todos os alunos ouvidos.

Antes de ingressar no Instituto Politécnico de Macau, Júlia estudou na Escola Primária de Xiangyang e nas escolas secundárias de Youjian e Guanghua. Até então não tinha tido qualquer contacto com a língua portuguesa. «Nunca pensei em aprender ou estudar Português, nem tinha qualquer conhecimento acerca de Portugal», referiu. O Português surgiu na sua vida como uma completa surpresa. No Exame Nacional da China teve nota suficiente para se candidatar ao programa de cooperação entre a província de Hubei e Macau, que atribui uma bolsa aos alunos que apostem no curso de Relações Comerciais China-Países Lusófonos. «Daí até ao curso de Tradução e Interpretação do Instituto Politécnico de Macau foi um passo», disse Júlia, entre sorrisos. Candidatou-se e foi selecionada para estudar língua portuguesa. «Foi um início difícil, porque a língua é de difícil aprendizagem, mas passado algum tempo estava completamente apaixonada pela cultura e maneira de ser dos falantes de Português», confessou.

Sendo um curso dependente do protocolo de cooperação de Macau com Hubei, e estando vocacionado para as relações com o mundo lusófono, é natural que Júlia aspire a desempenhar funções nessa área. «Espero ajudar a fazer a ligação entre as empresas dos países lusófonos e as da China. O meu curso nasceu do estabelecimento da plataforma para a cooperação económica e comercial entre a China e os países da língua portuguesa, por isso, é provável que trabalhe para esta plataforma quando me graduar».

A estada em Portugal «foi uma experiência inesquecível, tanto para os estudos como a nível pessoal. Aprendi muita coisa que irá ser importante durante o restante período de estudo; melhorei o meu Português e ganhei o hábito de estudar sozinha. Nos tempos livres, viajei muito para conhecer mais a cultura portuguesa e Portugal e fiz amizades com muitos portugueses. Para além disso, a minha capacidade de me desenrascar sozinha também melhorou, incluindo a competência de manter boas relações interpessoais, cozinhar, etc.»

A concluir, elogiou o modo de vida dos portugueses: «Gosto mais da maneira de viver dos portugueses. As pessoas em Portugal têm o ritmo de vida mais lento e confortável. Veja-se, por exemplo, as pessoas que costumam tomar café com os seus amigos toda a tarde. Por outro lado, as relações interpessoais entre vizinhos são próximas, ao contrário do que acontece na China».

Júlia regressa agora à China e a Macau para terminar o curso, com esperança de vir, daqui a algum tempo, a contribuir para o estreitamento das relações de Portugal com a China.

João Santos Gomes

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