Academia de Música São Pio X com casa nova
Novas oportunidades, mas também novas obrigações. A Academia de Música São Pio X iniciou o novo ano lectivo em novas instalações, na Rua da Praia do Bom Parto. A mudança, diz a directora da instituição, abriu as portas a novos professores e a novas perspectivas de desenvolvimento, mas também a desafios de maior monta. A Academia ensina actualmente quase duas centenas de crianças e jovens.
Novo ano, vida nova. O calendário ainda se vai manter em 2021 durante mais alguns meses, mas para a Academia de Música São Pio X o pontapé de saída no novo ano lectivo pauta também o arranque de uma nova fase de desenvolvimento, com a mudança para novas instalações, na Rua da Praia do Bom Parto, na zona da antiga baía da Praia Grande.
Fundada em 1962 pelo padre Áureo de Castro, a Academia de Música São Pio X operou durante as últimas décadas num espaço exíguo e envelhecido na Rua de Santa Clara. A mudança para as novas instalações, num edifício de matriz neo-clássica que durante largos anos acolheu a secção primária do Colégio Mateus Ricci, constitui para a Academia uma inegável oportunidade de crescimento, defende a directora da instituição, em declarações a’O CLARIM. «É um marco muito significativo, que pauta o início de um novo e muito entusiasmante capítulo no desenvolvimento da Academia. O padre Áureo Castro, que fundou a Academia em 1962, sempre sonhou com a possibilidade de ter uma escola espaçosa e bem-equipada e ao longo dos anos foram sendo feitas algumas melhorias, mas estas novas instalações são verdadeiramente magníficas e vão permitir que os nossos alunos floresçam num ambiente de aprendizagem estimulante, graças às condições excepcionais de que agora dispomos», assegura Basilla Sam. «No próximo ano, a Academia celebra sessenta anos e estamos desejosos de assinalar esta efeméride de forma condigna nas nossas novas valências. A mudança de instalações vai permitir que possamos crescer em todas as áreas, que possamos receber e acomodar mais alunos, mais professores, mais cursos e novas possibilidades de desenvolvimento no futuro. A escola tem agora duas salas para recitais e concertos e para actividades musicais. O meu desejo é que as novas instalações se tornem uma pequena “casa da música”» acrescenta a responsável.
Construído em 1868 para acolher a sede local do conglomerado britânico Jardine Matheson, o “novo” edifício da Academia de Música São Pio X foi distinguido pelo Governo de Macau com o estatuto de imóvel de interesse arquitectónico. O valor patrimonial do palacete, de linhas e motivos neo-clássico, obrigou a meticulosas obras de requalificação e a um cuidado acrescido na transformação das valências num espaço acolhedor e funcional. O impacto das novas instalações na dinâmica da Academia foi imediato, com o recrutamento de oito novos professores e a aquisição de novos instrumentos. «Antes, quando ainda estávamos nas instalações situadas na Rua de Santa Clara, o espaço era muito limitado, o que restringia tanto o número de estudantes, como o número de professores que podíamos admitir. A mudança para as novas instalações significa que temos melhores recursos e valências e que podemos reforçar o número de professores. Para este novo ano lectivo recrutámos oito novos professores», refere Basilla Sam. «No futuro, vamos poder oferecer um espectro mais largo de cursos e formações musicais, melhor adaptadas às necessidades dos nossos alunos. Os estudantes vão poder ainda beneficiar de recursos adicionais, como uma biblioteca, novos instrumentos e novos espaços para ensaiar. O espaço adicional que obtivemos permitiu-nos instalar quatro novos órgãos que nos foram oferecidos por um generoso dador. Entre os nossos planos, está a organização de cursos para formar organistas e para promover a valorização da música para órgão», adianta ainda.
OPORTUNIDADES E DESAFIOS
A mudança para as novas instalações é para a Academia São Pio X sinónimo de mais espaço e de novas perspectivas de desenvolvimento, mas também de novos desafios e responsabilidades. A preservação das características históricas e arquitectónicas do edifício é uma das questões a que a vetusta escola de música tem de prestar particular atenção, mas está longe de ser o único obstáculo, como explica Basilla Sam. «As implicações financeiras são maiores porque o espaço também é maior. A manutenção das salas, dos equipamentos, dos pianos, dos órgãos e dos demais instrumentos vão exigir um maior esforço financeiro, para não falar dos custos com as contas da água e da electricidade, das despesas com a limpeza dos espaços, com a contratação de seguranças e com as reparações», assume a responsável. «Da manutenção aos custos operacionais, passando pela gestão de recursos humanos e pelos custos administrativos, deparamo-nos com desafios constantes e temos de resolver um miríade de problemas. Estamos ainda assim confiantes de que todos os professores e todos os membros da Academia vão trabalhar em conjunto para enfrentar estes desafios e para construir um futuro mais forte e mais brilhante».
A Academia de Música São Pio X acolhe no corrente ano lectivo um total de 190 alunos, nove dos quais estão a aprender mais do que um instrumento musical. A instituição entra no seu sexagésimo ano com um ímpeto renovado, mas ainda com muito trabalho pela frente, salienta a jovem directora. «Para além dos desafios que referi, outra questão com igual importância diz respeito à restruturação do programa académico, ao aperfeiçoamento dos conteúdos pedagógicos e à manutenção da qualidade dos nossos professores. Temos também de ser capazes de identificar novas áreas de desenvolvimento e de optimizar os procedimentos administrativos. A transformação de um edifício patrimonial com 153 anos numa escola de música foi um enorme desafio. Graças a Deus, ao padre Áureo e ao padre Lancelote por nos terem abençoado, e à diocese de Macau pelo apoio que nos deu. Esta tarefa gigantesca não teria sido alcançada de outra forma. O desafio que temos em mãos é o de manter este espaço com esta mesma energia durante os próximos 150 anos», conclui Basilla Sam.
Marco Carvalho