Festa paroquial com trezena e procissão
A paróquia da igreja de Santo António reza, entre 31 de Maio e 12 de Junho, uma trezena em honra do seu santo patrono. As celebrações da festividade em honra de Santo António de Lisboa culminam a 10 de Junho com uma missa bilíngue, presidida pelo bispo D. Stephen Lee.
Nas três primeiras contas, três Glórias para agradecer à Santíssima Trindade as graças concedidas a Santo António. Nas contas grandes – as que separam as dezenas –, um Pai Nosso para honrar as principais virtudes do taumaturgo de Lisboa, e nas 36 restantes contas, uma breve, mas poderosa, intercessão: “Santo António, socorrei-me agora e na hora da minha morte. Amém”.
É esta a versão do Terço que entre 31 de Maio e 12 de Junho vai ser rezada na igreja de Santo António, no âmbito da tradicional trezena que antecede a festa litúrgica do popular santo português. Durante treze dias, o chamado “Terço de Santo António” vai ser oferecido em Cantonense e Português, seguido de celebração da Eucaristia.
«A História de Macau está intimamente ligada à História de Portugal e a devoção a Santo António é muito antiga. Vemos muitas pessoas, não só na nossa paróquia, mas em toda a diocese de Macau, com uma grande devoção a Santo António. O respeito e a fé que Santo António inspira são visíveis não só junto da comunidade macaense, mas também da comunidade chinesa. É um santo muito importante para toda a diocese de Macau», sublinhou, em declarações a’O CLARIM, o pároco de Santo António, padre Peter Lee In Ho. «Eu vou rezar o Terço em Português e Chinês. A trezena vai ser celebrada em dois momentos distintos. Durante treze dias, ao início da manhã, vamos rezar o Terço e celebrar a Eucaristia em Cantonense. O Terço que vamos rezar é o Terço de Santo António, não rezamos a Avé Maria. Ao final da tarde, vou oferecer o Terço em Português, seguido também de Eucaristia», acrescentou o sacerdote sul-coreano.
Para os paroquianos de Santo António, a trezena é um importante momento de fé. As comemorações da festividade encerram este ano na tarde de 10 de Junho – Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas – com a celebração de uma Eucaristia bilíngue, presidida por D. Stephen Lee. Logo após encabeçar a tradicional procissão, o prelado irá rumar ao Largo da Companhia de Jesus. «O nosso bispo vai celebrar a Eucaristia no dia da festa da nossa paróquia, 10 de Junho, às quatro e meia da tarde. Depois da Missa, também no sábado, temos a procissão, na qual D. Stephen Lee também vai participar. O cortejo segue até à zona das Ruínas de São Paulo e depois regressa até à nossa igreja», explicou o padre Peter. «A 13 de Junho, dia da festa litúrgica do nosso santo padroeiro, vamos ter uma missa em Cantonense ao início da manhã e depois, durante a parte da tarde, temos Eucaristia em Português. Este ano, optámos por concentrar as principais celebrações a 10 de Junho. Uma vez que é sábado, as pessoas têm mais disponibilidade e esperamos, por isso, atrair um maior número de paroquianos» complementou.
Na paróquia de Santo António as restrições associadas à Covid-19 foram o menor dos males, dadas as demoradas obras de reparação a que a igreja, cuja estrutura data de 1638, teve que ser sujeita. «O telhado teve de ser renovado. Já não era alvo de uma intervenção há muito tempo e foram identificados alguns problemas estruturais. Como não foi reparado, o Governo ordenou uma perícia e concluiu que o telhado apresentava risco para as pessoas. Disseram-nos que havia problemas estruturais e que era necessário repará-lo», disse o sacerdote. «Os trabalhos de reparação começaram há bastante tempo e abrangeram duas fases distintas. Durante a pandemia, há mais de dois anos, foram conduzidos trabalhos de renovação dentro da igreja. A segunda intervenção serviu para arranjar o telhado. Feitas as contas, a igreja esteve em obras durante quase dois anos», acentuou ainda.
A empreitada – lamentou o pároco – teve consequências inesperadas: «A ideia que tenho é que na nossa paróquia a comunidade católica, principalmente de língua chinesa, não está a aumentar. Uma das razões foi obviamente a pandemia, mas durante este período a nossa igreja também foi alvo deste trabalho de renovação e isso levou muitos dos nossos paroquianos a dirigir-se a outras paróquias para assistir à Missa, até porque a nossa capela temporária é bastante pequena».
Muito popular junto dos católicos sul-coreanos nos anos pré-pandemia, devido sobretudo à ligação com Santo André Kim, a igreja de Santo António viu-se privada nos últimos três anos do estatuto de centro de peregrinação, mas as circunstâncias – garantiu o padre Peter – podem alterar-se em breve: «Agora, na Coreia, há muitos católicos que se estão a preparar para vir para Macau, a exemplo do que acontecia antes da pandemia. Os turistas, sejam eles quem forem, não são para nós um problema. Gostamos de receber toda a gente».
Marco Carvalho