Papa pede fim da violência na África do Sul e apela ao diálogo em Cuba

FRANCISCO MANIFESTA SOLIDARIEDADE ÀS POPULAÇÕES MAIS ATINGIDAS

Papa pede fim da violência na África do Sul e apela ao diálogo em Cuba

O Papa apelou ao fim da violência na África do Sul e ao diálogo em Cuba, manifestando solidariedade às populações mais atingidas.

Após a recitação do Ângelus, no Vaticano, Francisco referiu que a violência na África do Sul veio agravar a situação do País, «já atingido por dificuldades económicas e sanitárias», por causa da pandemia.

Unindo-se aos bispos sul-africanos, o Papa deixou «um forte apelo a todos os responsáveis envolvidos, para que trabalhem pela paz e colaborem com as autoridades para oferecer assistência aos necessitados».

Estima-se que haja 450 mil portugueses e luso-descendentes na África do Sul, país afectado por acções de violência armada e vandalismo, com dezenas de mortes e elevados danos materiais, depois da prisão do antigo chefe de Estado, Jacob Zuma.

Francisco pediu que todas as partes tenham presente o «desejo» que guiou o povo sul-africano para «renascer na concórdia entre todos os seus filhos».

O Papa mostrou-se também «próximo ao querido povo cubano, que vive momentos difíceis», dirigindo-se em particular «às famílias que sofrem mais». «Rezo ao Senhor para que ajude a construir em paz, diálogo e solidariedade, uma sociedade cada vez mais justa e fraterna», declarou ainda.

A intervenção conclui-se com uma invocação à padroeira do País: «Convido todos os cubanos a confiar-se à protecção de Nossa Senhora da Caridade do Cobre. Ela acompanhar-vos-á neste caminho».

Milhares de cubanos saíram às ruas para protestar contra o Governo, por causa da crise económica que atinge o País; o regime respondeu com centenas de detenções e a convocação de contramanifestações, exigindo ao Presidente norte-americano, Joe Biden, que levante o embargo a Cuba.

Líderes religiosos sul-africanos em sintonia com o Papa – Três dias antes das declarações do Papa Francisco sobre a situação que se vive na África do Sul, os líderes da Igreja Católica em KwaZulu Natal, uma província costeira da África do Sul, apelaram à paz e ao fim da violência que afecta o País desde 9 de Julho.

“Condenamos nos termos mais veementes possíveis os actos de incêndio de empresas, bem como a de assentamentos informais, a tensão racial típica onde africanos negros são atacados, as ameaças de ataque a estrangeiros ou ataques xenófobos e, com maior veemência, as ameaças de lançamento de violência inter-racial”, pode ler-se num comunicado publicado no “site” da Conferência dos bispos católicos da África do Sul, após uma reunião virtual de emergência para avaliar a actual situação de violência e agitação em várias partes da província e do País.

Os líderes assinalaram “séria preocupação” sobre a violência, os saques e danos sobre a propriedade com um impacto “directo nos negócios, nos meios de subsistência e no acesso aos alimentos”.

“Condenamos, nos termos mais fortes possíveis, a violência que tem causado estragos na nossa província: destruindo propriedades, infraestrutura e negócios, intimidando pessoas inocentes e causando medo e ansiedade generalizados. Afirmamos que isso é totalmente inaceitável e não pode, em hipótese alguma, ser tolerado”, disse o cardeal D. Wilfrid Napier, arcebispo de Durban.

Os responsáveis religiosos, reconhecendo “diferentes pontos de vista e opiniões sobre as questões sociopolíticas da época”, pedem o diálogo e “intervenções práticas” das partes envolvidas, em detrimento da violência.

A desigualdade “histórica” pede atitudes urgentes para reduzir “o abismo gritante e imoral entre os ricos e as pessoas marginalizadas”. “Instamos os nossos líderes políticos, sociais e comunitários a apelar e se posicionar pela paz e tranquilidade, para que as questões do dia possam ser abordadas com a participação de líderes de todos os sectores da sociedade”, disse o cardeal Napier.

O grupo destacou o papel fundamental que a Igreja tem na oferta de cuidado pastoral, acompanhamento e construção da paz e exortou os líderes religiosos a serem visíveis na oferta de apoio onde for necessário.

Também da Igreja Evangélica Luterana saiu uma declaração pela “voz” do bispo D. Nkosinathi Myaka, da diocese do Sudeste da Igreja Evangélica Luterana na África do Sul. “O Governo, os sectores religiosos e comerciais e a sociedade civil juntos têm um papel urgente a desempenhar na resposta aos que estão necessitados e famintos; uma situação que só foi amplificada pela pandemia de Covid-19 nos últimos dezoito meses. A pobreza e a fome terrível não podem ser ignoradas e devem ser tratadas imediatamente. Deixar essas realidades vividas sem solução não é apenas imoral, mas também preparará um terreno fértil para a inquietação”, declarou D. Nkosinathi Myaka.

O grupo de líderes da Igreja Católica em KwaZulu Natal quer garantir que a paz e a calma sejam restauradas e, em encontros recentes com líderes políticos e económico, procuram “encontrar soluções viáveis e duradouras para esta crise”, nomeadamente, assegurando que o clero tenha permissão para viajar de forma a prestar cuidado pastoral, mesmo durante os horários restritos à circulação.

Os responsáveis religiosos apelam ainda à solidariedade para ajudar os mais atingidos pela crise alimentar, nomeadamente, a doação de alimentos, e pedem também disponibilidade para formar “monitores de paz”.

“Continuaremos a jornada e apoiaremos nosso Governo por meio de orações contínuas e escalaremos qualquer informação que consideremos benéfica para nosso povo, porque as Igrejas estão sem palavras neste nível de violência revoltante. Lamentamos com todos aqueles que sofrem e estendemos nossas sinceras condolências a todos aqueles que perderam entes queridos neste momento. Além disso, faremos todo o possível para proteger as crianças, os idosos, os doentes e os vulneráveis por meio de acções que construam a fé, a esperança e o amor no mundo que nos rodeia”, acrescentou D. Nkosinathi Myaka.

A África do Sul vive uma onda de violentos tumultos e pilhagens, inicialmente como protestos contra a prisão do ex-Presidente Jacob Zuma por desrespeito ao Tribunal Constitucional, ao recusar-se a testemunhar por corrupção. A situação degenerou numa onda de saques e vandalismo indiscriminado, de uma magnitude que o Presidente do País, Cyril Ramaphosa, comparou com a transição que a África do Sul viveu no início dos anos 1990, após o fim do sistema segregacionista do “apartheid”.

As províncias mais afectadas pela violência são Gauteng e KwaZulu Natal mas a violência alastra às províncias do Cabo do Norte e Mpumalanga, fronteira com Moçambique, e Essuatíni, antiga Suazilândia.

O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, afirmou que os serviços diplomáticos estão focados no apoio à comunidade portuguesa.

In ECCLESIA

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