CISMAS, REFORMAS E DIVISÕES NA IGREJA – CCX

CISMAS, REFORMAS E DIVISÕES NA IGREJA – CCX

Adventistas do Sétimo Dia – VII

A teologia adventista passou por uma grande mudança na década de 1880, quando Alonzo T. Jones (1850-1923) e Ellet J. Waggoner (1855-1916), editores da revista The Signs of the Times(publicação adventista mensal, desde 1874), desafiaram a ênfase legalista que caracterizava a denominação. Em oposição aos líderes da Conferência Geral – que sustentavam que a salvação dependia da observância dos Dez Mandamentos e especialmente do Sábado – Jones e Waggoner argumentaram que a justificação só seria alcançada através da fé em Cristo. A controvérsia atingiu o seu clímax na Conferência Geral de 1888, onde Ellen White alinhou com a posição de Jones e Waggoner, provocando a renúncia do Presidente da Associação Geral, George I. Butler (1834-1918). Durante os anos que se seguiram, White, Jones e Waggoner lideraram uma grande campanha para transmitir a doutrina da justificação pela fé aos membros da Igreja.

Foram, com efeito, tempos de mudança, ou de definição dos ideais e crenças dos adventistas. Mas também de crescimento. Em 1900, a missão ganhou um ímpeto como nunca tivera entre os adventistas. De facto, os missionários da denominação espalharam-se pelo mundo a partir de inícios do Século XX e conquistaram muitas conversões. Os esforços de evangelização dos adventistas no exterior foram bem-sucedidos, o que faz com que hoje a igreja esteja presente em cerca de duzentos países ou territórios. Embora os adventistas continuem a acreditar que o retorno de Cristo está iminente, a organização não deixou nunca de investir de forma muito concreta em instituições médicas, educacionais e de publicações em todo o mundo, no sentido de providenciar o bem comum e qualidade de vida entre os seus fiéis… e não só.

Em 2015, os adventistas foram reconhecidos pelo Pew Research Center, uma importante organização norte-americana de investigação sobre o fenómeno as religiões, como o grupo religioso étnico e racial com maior diversidade nos Estados Unidos, onde constituem uma das confissões protestantes mais activas. Mas a rede adventista é universal. Senão vejamos: além da sua disseminação global, pregam em 1002 línguas e dialectos, publicam livros e revistas em 375 línguas e dialectos, detêm 61 editoras e tipografias, além de 160 centros de produção e comunicação audiovisual. São proprietários de 790 hospitais, clínicas e orfanatos, que englobam um milhão 922 mil e 982 alunos e educandos, em oito mil 208 unidades educativas, e são proprietários de dezanove fábricas de alimentos. Dos cerca de vinte milhões de fiéis que existem, setenta por cento vivem na América Latina e em África. A Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais está também presente em 134 países. Empregam todas estas instituições, no universo adventista, cerca de trezentos mil funcionários em todo o mundo. Em cada ano, partem para a missão cerca de setecentos missionários adventistas.

CRENÇAS ADVENTISTAS

Os adventistas consideram a Bíblia Sagrada como a única e segura regra e fonte de fé e de esperança. As suas doutrinas seguem totalmente, portanto, os ensinamentos bíblicos e são baseadas neles. Os Adventistas do Sétimo Dia aceitam a Bíblia como o seu único credo e baseiam as suas crenças fundamentais nos ensinamentos das Sagradas Escrituras. Essas crenças são a forma como a igreja entende e expressa os ensinamentos das Escrituras.

As Sagradas Escrituras para os adventistas, tal como nas demais denominações cristãs, constituem a Palavra de Deus escrita, transmitida por inspiração divina. Autores inspirados falaram e escreveram, assim, inspirados pelo Espírito Santo. Por meio dessa Palavra, referem os adventistas que Deus comunica ao homem o conhecimento necessário para alcançar a salvação. As Sagradas Escrituras são deste modo a revelação suprema, autorizada e infalível da vontade divina, pelo que devem ser seguidas. São o padrão de carácter, o critério de avaliação da experiência, a revelação definitiva das doutrinas, um registo preciso dos actos de Deus realizados no curso da História.

Outra crença importante é a da Trindade, o Trinitarismo adventista. Só existe um Deus, defendem: Pai, Filho e Espírito Santo, uma unidade de três pessoas coeternas. Deus é imortal, omnipotente, omnisciente, superior a todos e omnipresente. É infinito e está para além da compreensão humana, embora possa ser conhecido através da sua auto-revelação. Deus, que é amor, é para sempre digno de reverência, adoração e serviço por parte de toda a criação. Aqui chegamos a outra importante crença adventista, o Pai, ou Deus, o Pai eterno, que é o Criador, a Origem, a Sustentação e o Soberano de toda a Criação. Ainda quanto ao Pai, defendem que Deus é justo e santo, misericordioso e gracioso, lento na ira, mas abundante em amor e fidelidade. As qualidades e poderes do Pai também se manifestam no Filho e no Espírito Santo.

Os Adventistas do Sétimo Dia, já agora, acreditam numa criação literal e histórica de seis dias. Deus revelou nas Escrituras o relato autêntico e histórico da sua actividade criadora. O Senhor criou o universo e, durante seis dias, fez “os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há”, descansando no sétimo dia. Desta forma, estabeleceu o Sábado como um memorial perpétuo ao trabalho que realizou e completou ao longo de seis dias, literais, que, juntamente com o Sábado, constituíram a mesma unidade de tempo que hoje chamamos de semana. Deus fez o primeiro homem e a primeira mulher à sua imagem, como a coroa da criação, tendo-lhes outorgado o domínio sobre o mundo e a responsabilidade de cuidar dele. Quando terminou a criação do mundo, era tudo “muito bom”, proclamando-se a glória de Deus.

Falámos antes do Filho. Para os Adventistas do Sétimo Dia, Deus, o Filho Eterno, encarnou em Jesus Cristo. Por meio d’Ele todas as coisas foram criadas, o carácter de Deus foi revelado, a salvação da Humanidade foi realizada. Embora o Filho seja verdadeira e eternamente Deus, também Se tornou verdadeiramente humano, como Jesus, o Cristo. Ele foi concebido pelo Espírito Santo e nasceu da Virgem Maria. Viveu e experimentou a tentação como ser humano, mas exemplificou perfeitamente a justiça e o amor de Deus. Por meio dos seus milagres, o Filho manifestou o poder de Deus, os seus milagres eram, pois, o testemunho de que ele era verdadeiramente o Messias prometido por Deus. Jesus sofreu e morreu voluntariamente na cruz pelos pecados do mundo e, em nosso lugar, ressuscitou dos mortos e ascendeu ao céu para exercer um ministério no santuário celestial a favor dos Homens. O Filho retornará novamente em glória, para finalmente libertar o Seu povo e restaurar todas as coisas.

Deus, o Espírito eterno, desempenhou um papel activo, com o Pai e o Filho, na criação, encarnação e redenção. O Espírito Santo é uma pessoa, da mesma forma que o Pai e o Filho são. Inspirou os autores das Escrituras, fortaleceu a vida de Cristo, inspira e transforma os Homens à imagem de Deus, concedendo dons espirituais à Igreja, como guia da verdade, como enviado do Pai e do Filho. Mas há mais crenças….

Vítor Teixeira

Universidade Católica Portuguesa

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *