Fórmula 1 – Época de 2017

Protecção de Notre Dame. Será?

Muito recentemente, um amigo perguntou-me porque é que a Fórmula 1 é chamada de “Circo”, e se Fernando Alonso teria feito bem em tentar vencer a famosa “Indy500”. Uma coisa de cada vez! Penso já ter explicado há uns tempos, mas aqui vai, uma vez mais, o porquê de “Circo”. No seu começo, extremamente modesto para os padrões de hoje, nos idos de 1950, as equipas de Fórmula 1, e de quase todas as outras categorias que disputavam corridas de automóveis, fosse a Fórmula 1, fossem os carros das equipa de “Endurance” (Sport Protótipos) ou de Turismos, e mesmo de Motos e Karts, usavam autocarros adaptados para transportar carros, peças suplementares, mecânicos e, em muitas ocasiões, pilotos e convidados VIP. As filas de autocarros que se dirigiam a cada circuito faziam lembrar as longas caravanas dos circos, que se deslocavam por toda a Europa com os seus animais amestrados, artistas e pessoal de apoio. Em finais de 1955, poucos meses após o início da Formula 1, apareceu a expressão “Circo da Formula 1”. A designação tem vindo a diluir-se desde que Bernie Ecclestone tomou conta da Fórmula 1 e começou a aumentar o número de Grandes Prémios, saltando de continente em continente, o que obviamente deu lugar à necessidade de meios de transportes mais sofisticados para vencerem distâncias muito superiores às que tinham de cobrir na Europa. Hoje, os grandes camiões das equipas, mesmo as mais pequenas, e não só na Fórmula 1, são veículos construídos de raiz para servirem como recintos de acolhimento (autênticos restaurantes de luxo e laser), centrais electrónicas para a afinação dos carros (chassis, motores e suspensões) e “pequenas” oficinas que podem reconstruir um carro danificado em poucas horas. Os pilotos, mecânicos e pessoal de apoio chegam aos circuitos a bordo dos seus aviões particulares, ou fretados pelas equipas, e o pessoal dito menor encarrega-se dos detalhes.

Quanto a Fernando Alonso, piloto que admiro, respondi com as suas próprias palavras, que proferiu numa entrevista ao The Mail on Sunday, do Reino Unido, quando lhe colocaram uma pergunta muito parecida com a do meu amigo: «– Sempre que mudei de equipa fi-lo porque pensei que era o mais correcto. Se olharmos para trás, 17 ou 18 anos, andava na traseira da carrinha do meu pai, de circuito em circuito, a disputar corridas de kart. Não concordo com os que dizem: “Que vergonha! Alonso não devia ter feito isto ou aquilo”. Subi a 97 pódios e conquistei dois títulos de campeão do mundo de pilotos. I think I’m doing OK».

Alonso foi aos “States” mostrar toda a sua classe, que impressionou o mundo do desporto automóvel, mas no seu regresso à Fórmula 1, já este fim-de-semana, no Canadá, voltará a ter o seu McLaren-Honda, cheio de problemas e nada competitivo. Problemas é aquilo que Lewis Hamilton espera não voltar a ter com os pneus que – apenas no carro dele – não funcionaram, acabando por ficar de fora das dez primeiras posições do “grid” no Grande Prémio do Mónaco, embora tenha terminado numa meritória sétima posição.

O Circuito Gilles Villeneuve, na ilha de Notre Dame, em Montreal, não tem um traçado fácil, com poucas escapatórias dignas desse nome e uma “chicane” que para ser feita nos limites tem que ser negociada de forma absolutamente correcta pelos pilotos. Muitos nomes sonantes, como Michael Schumacher, Nico Rosberg, Sebastian Vettel e outros tão famosos, já ficaram nesse “famoso” muro.

Apenas dois pilotos venceram na ilha de Notre Dame por mais do que duas vezes: Michael Schumacher venceu sete vezes (1994, 1997, 1998, 2000, 2002, 2003 e 2004) e Lewis Hamilton venceu em cinco edições (2007, 2010, 2012, 2015 e 2016). Outros houve que o conseguiram em duas ocasiões: Pedro Rodríguez, Jacky Ickx, Jackie Stewart, Alan Jones e Ayrton Senna. Deste conjunto apenas Ickx não foi campeão do mundo.

O circuito canadiano é quase plano, sendo o traçado constituído na sua maioria por linhas rectas, com curvas que envergonham o nosso “Gancho da Melco”. Os carros atingem velocidades na casa dos 320 quilómetros por hora. É bem provável que os bólides deste ano tenham uma boa prestação no Canadá, especialmente os Ferrari e os da família Red Bull. Os Mercedes têm alcançado bons resultados nos últimos anos, mas muita coisa mudou recentemente e os dados recolhidos nas últimas temporadas pouco ou nada irão servir, como se verificou no Bahrain, em Sochi e no Mónaco. As equipas têm aproveitado as sessões de treinos livres para tentarem acumular dados, com o objectivo de ganhar décimos, ou milésimos, de segundo por volta, com a intenção de sempre: vencer!

A agenda para o Grande Prémio do Canada está escalonada da seguinte forma: Treinos livres 1, hoje, 10 horas – 11 horas e 30; treinos livres 2, hoje, 14 horas – 15 horas e 30; treinos livres 3, sábado, 11 horas – 12 horas. Provas de qualificação: sábado, 14 horas – 15 horas. Corrida: Domingo, 14 horas – 16 horas.

A diferença horária de Montreal para Macau é de 12 horas. Meteorologia: Hoje, chuva fraca; sábado, céu limpo; Domingo, parcialmente encoberto.

Um pequeno “tip”: Para quem gosta de Motociclismo, as corridas do conjunto Moto GP (Moto3, Moto2 e MotoGP) são fantásticas, com emoção em doses industriais. Especialmente a classe mais pequena, a Moto3, onde os garotos fazem maravilhas nas suas máquinas. A última volta parece ser a primeira, com 16 ou mais pilotos a fazerem de tudo para se imporem num autêntico “tudo ao molho e fé em Deus!”. Conselho de amigo: Vale a pena ver!

Manuel dos Santos

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