Sepang e Suzuka, o touro espreita
Nos próximos dias 1 e 8 de Outubro disputam-se os Grandes Prémios da Malásia e do Japão, respectivamente – dois circuitos onde as diferenças são visíveis e que fecham a digressão asiática da Fórmula 1 este ano; ambos são “favoritos” de todos os pilotos, mesmo os das fórmulas mais pequenas que ali se disputam.
O Circuito de Sepang foi inaugurado em 1999, no tempo do Primeiro-Ministro Mahathir Mohamad, sempre com o objectivo de colocar a Malásia no mapa político e industrial da região. O autódromo, situado muito perto da capital Kuala Lumpur, foi (também) desenhado pelo arquitecto Hermann Tilke, “pai” de quase todas as pistas modernas da era Ecclestone. Os pilotos gostam de correr em Sepang, pois é largo e desafogado. Até ao ano passado, era a segunda prova do Campeonato do Mundo de Fórmula 1, mas foi “empurrado” para o final do calendário para se evitar o grave problema das chuvas torrenciais que chegaram a interromper duas corridas. Ironicamente, os serviços meteorológicos prevêem para o fim de semana trovoadas e chuvas ocasionais com temperaturas na ordem dos 31 graus.
A avaliar pelos anos anteriores, parece que todos os carros se dão bem neste circuito, com alguma vantagem para os Ferrari e Mercedes. A Red Bull ainda alimenta a esperança de uma vitória com Daniel Ricciardo, que foi impedido de lutar de igual para igual com Lewis Hamilton para o lugar mais alto do pódio no último Grande Prémio de Singapura, devido a problemas com a caixa de velocidades. Os carros da Red Bull são muito rápidos mas pouco fiáveis. Max Verstappen, o segundo piloto da equipa da bebida energética, em treze corridas acabou apenas seis, muitas das vezes por culpa própria. A partir de agora vai ter que correr a pensar nos pontos da equipa, prejudicada pelos seus sucessivos abandonos. Após os treinos de qualificação, os Mercedes de Hamilton e Valtteri Bottas, e os Ferrari de Sebastian Vettel e Kimi Raikkonen deverão tomar as linhas da frente do “grid”.
Fernando Alonso, que descobriu ter um McLaren competitivo em Singapura, foi vítima da “melée” iniciada por Vettel, que terminou com as corridas do bicampeão espanhol, de Raikkonen e de Verstappen. O asturiano revelou estar entusiasmado com o carro, quando se aproxima o final da época, tendo mesmo afirmado que tem hipótese de vencer a corrida da Malásia. Para este fim de semana foram disponibilizados pneus super suaves, suaves, médios e de chuva.
Kuala Lumpur tem o mesmo fuso horário de Macau, estando a agenda escalonada da seguinte forma: Treinos livres 1, hoje, 11 horas – 12 horas e 30; treinos livres 2, hoje, 15 horas – 16 horas e 30; treinos livres 3, sábado, 14 horas – 15 horas. Provas de qualificação: Sábado, 17 horas – 18 horas. Corrida: Domingo, 15 horas – 17 horas.
Debrucemo-nos agora no Grande Prémio do Japão, disputado em Suzuka, um dos mais antigos circuitos modernos da Fórmula 1. Construído como pista de testes para carros de turismo da Honda, foi desenhado pelo arquitecto holandês John Hugenholtz.
O Grande Prémio do Japão é disputado no Circuito de Suzuka desde 1987, sendo que em 2007 e 2008 teve lugar no Monte Fuji, por decisão da FIA. Se bem que muitos pilotos gostassem mais da nova pista, localizada junto à capital do País, Tóquio, as pressões da Honda fizeram regressar a Fórmula 1 a Suzuka, e é de esperar que a decisão se mantenha para sempre. A sede e o museu da Honda ficam mesmo ao lado do circuito, do qual é proprietária. Ao longo dos anos Suzuka viu crescer à sua volta um parque temático que está aberto ao público durante todo o ano.
Suzuka é um teste violento para os carros e pilotos. Como já referimos, é um dos autódromos favoritos dos pilotos, que têm de lutar contra curvas extremamente técnicas e zonas de alta velocidade. Uma boa condução é essencial para obter um bom resultado. Quem melhor gerir os pneus poderá ver a bandeira de xadrez antes dos outros. Pensamos que a Ferrari e a Mercedes irão estar mais à vontade do que as outras equipas, mas já vimos que tanto os Force India, os Williams (motores Mercedes), assim como os Renault de fábrica e os carros com motor Renault, parecem ter recuperado aquele “it” que estava a faltar e deram um salto significativo. Ricciardo quer ser o melhor “dos outros” e Verstappen deve moderar o seu ímpeto competitivo.
O tempo no Japão costuma ser bom, mas já se viram algumas corridas serem interrompidas devido à chuva intensa. Suzuka situa-se na Prefeitura de Mie e regista mais uma hora que Macau. A agenda do Grande Prémio do Japão está assim escalonada: Treinos livres 1, hoje, 10 horas – 11 horas e 30; treinos livres 2, hoje, 14 horas – 15 horas e 30; treinos livres 3, sábado, 12 horas – 13 horas. Provas de qualificação: Sábado, 15 horas – 16 horas. Corrida: Domingo, 14 horas – 16 horas.
A meteorologia prevê trovoadas e chuva fraca para sexta, sábado e Domingo. A temperatura oscilará entre os 23 e os 30 graus centígrados.
“Beco da Fofoca”
Charles Leclerc, um jovem piloto do Mónaco, experimentou um carro de Fórmula 1 nos primeiros treinos livres em Singapura e durante os testes da FIA que se seguiram ao Grande Prémio da Hungria, com um Ferrari deste ano. Entretanto, foi-lhe concedido o privilégio de testar um Sauber (leia-se, Ferrari Junior Team) nos treinos livres dos Grandes Prémios da Malásia, Estados Unidos, México e Brasil. Leclerc é considerado um menino prodígio e muitos colocam-no ao nível de Michael Schumacher, quando tinha a mesma idade. Temos vindo a seguir a trajectória deste piloto e, sem concordar nem discordar (Schumi não tem cópias), podemos afirmar que é impressionante.
Sergio Marchionne, Presidente da Ferrari e da equipa de Maranello, quer ver Antonio Giovinazzi ao volante de um Sauber já no próximo ano. Aparentemente, tanto Pascal Wehrlein como Marcus Ericsson poderão perder os seus lugares para dar espaço a Giovinazzi e Leclerc.
Devido ao facto da McLaren finalmente ter tomado a decisão de deixar a Honda – mostrou-se incapaz de apresentar um motor minimamente competitivo ao longo dos últimos três anos – e só agora ter assinado um contrato por três anos com a Renault, o trabalho do novo chassis para 2018 está “ligeiramente” atrasado, o que levará os técnicos da McLaren a fazer muitas horas extra, ou então a revelar o novo carro depois de todos os outros no início do próximo ano.
Manuel dos Santos