Fórmula 1 – Época de 2016

2 em 1

2 em 1 porque se disputam dois Grandes Prémios de Fórmula 1 em dois fins de semana seguidos. Neste corre-se o Grande Prémio do Canadá, em Montreal, no Circuito Gilles-Villeneuve, e no próximo o Grande Prémio da Europa, em Baku, no Circuito Cidade de Baku.

Se o primeiro circuito é sobejamente conhecido por todas as equipas que já por lá passaram – está em actividade desde 1978, sendo que os dados recolhidos pelas equipas dava para editar, não um, mas uma vasta série de livros sobre a afinação dos diversos tipos de carros de Fórmula 1, previsões climatéricas, pneus, etc., etc. – a pista onde se irá disputar o novíssimo Grande Prémio do Azerbaijão é um tiro no escuro. Vejamos:

Pensado pelo supremo director da Fórmula 1, Bernie, Ecclestone, em 2013, foi uma vez mais Hermann Tilke o designer escolhido para delinear o circuito citadino de Baku. O Grande Prémio esteve para ser disputado inicialmente em 2016, chegando a ser antecipado para 2015 com o objectivo de substituir o Grande Prémio da Coreia do Sul. Assim não aconteceu, entrando este ano para a história da Fórmula 1 como estava inicialmente previsto. Foi concebido para destronar o Autodromo Nazionale Monza como o mais rápido da Fórmula 1.

O Grande Prémio do Azerbaijão é este ano, curiosamente, o palco do Grande Prémio da Europa. Esta designação, em uso desde 1923, foi atribuída por vários anos ao mesmo Grande Prémio – Valência, por exemplo – tendo noutras ocasiões sido ostentada por diferentes circuitos de forma alternada. Houve anos em que não se adoptou este título honorífico, devido a razões políticas que se sobrepuseram ao desporto.

O novo circuito citadino – parecem estar mais na moda do que os ultra dispendiosos autódromos, que já se verificou serem verdadeiros “elefantes brancos”, com custos operacionais incomportáveis e utilização escassa – tem um desenho que obriga a uma condução ao mais alto nível, a grande velocidade, sem muitas zonas de ultrapassagem e escapatórias. Com 6.006 metros passou a ser o segundo circuito mais longo da Fórmula 1, atrás do mítico Circuito de Spa-Francorchamps, indiscutível campeão de grandeza, com os seus 7.004 metros estendidos pelas florestas das Ardenas. Estranhamente também é considerado citadino, pois os edifícios de apoio logístico estão na cidade.

O novo Grande Prémio, que se disputa no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, possui uma zona do circuito, nas traseiras da imensa recta da meta, referida em comunicado de Imprensa nos seguintes moldes: “there will be an extremely narrow uphill section at the old town wall” (“existirá uma zona a subir extremamente estreita, junto à muralha da cidade velha”, o que já veio antecipar o caos e os acidentes, especialmente durante as primeiras sessões de treinos livres e na fase final da prova.

Os ecos do Grande Prémio do Mónaco foram muitos e alguns bem duros. Os três pilotos no pódio da prestigiosa parada de personalidades e celebridades foram Lewis Hamilton (Mercedes), Daniel Ricciardo (Red Bull) e Sergio Perez (Force India), com muitas histórias a virem à superfície. Por que razão, subitamente, Nico Rosberg, que liderava a corrida, quase parou na pista e foi ultrapassado pelo seu companheiro de equipa – e mais directo adversário – Lewis Hamilton, que acabaria por vencer a prova? A partir desse momento, Rosberg foi uma sombra de si mesmo, a ponto de ser ultrapassado pouco antes da bandeira de xadrez por Nico Hulkenberg (Force India), sem qualquer manobra de defesa por parte do piloto alemão, o que deixou muitas perguntas no ar.

Já na Ferrari, o tetra-campeão do mundo Sebastian Vettel acusou a Scuderia de o ter abandonado (let him down), afirmando que a equipa deveria ter feito um melhor trabalho, pois no seu entender a marca de Maranello está a ficar pior a cada corrida, em vez de melhorar. «Penso que devíamos ter conseguido a “pole position”», disse.

Por sua vez, o seu companheiro de equipa, Kimi Raikkonen, foi menos expansivo, mas também se queixou: «Foi um fim de semana difícil. Estivemos demasiado dependentes da gestão dos períodos de uso dos travões».

Por último, a Red Bull teve que vir publicamente explicar o ocorrido durante uma troca de pneus. A decisão de montar pneus “super suaves”, ao invés de “suaves”, quando Daniel Ricciardo já estava parado nas boxes, fez com que este perdesse a liderança da corrida ao regressar à pista atrás de Lewis Hamilton. Tal decisão prejudicou Ricciardo, que terminou a prova em segundo lugar. Ricciardo queixou-se que ficou a «falar sozinho».

Este fim de semana o Grande Prémio do Canadá será tarde e a más horas, devido ao fuso horário, sendo certo que no final da tarde do dia 19 deste mês poderemos ver o Grande Prémio do Azerbaijão, sem roubar horas ao sono.

Manuel dos Santos

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