Sepang propícia à Ferrari
Disputa-se este fim de semana o Grande Prémio da Malásia, no Circuito Internacional de Sepang, situado perto do aeroporto internacional de Kuala Lumpur, a cerca de 45 quilómetros da capital malaia.
Se nos últimos 17 anos a Malásia acolheu os carros de Fórmula 1 num super-circuito, estudado e desenhado, uma vez mais, pelo arquitecto Hermann Tilke, para ter tudo e mais alguma coisa de modo a impressionar os pilotos, os elementos das equipas e os jornalistas, precisamos lembrar os tempos áureos do desporto motorizado, que se entrelaçam profundamente com o Grande Prémio de Macau. Lembrar nomes como John McDonald, Pocholo Ramirez, Albert Poon, Riccardo Patrese, Alan Jones, Dieter Quester, Geoff Lees, e muitos, muitos mais, que não citamos por falta de espaço, utilizando carros de quase todas as fórmulas que o automobilismo foi criando ao longo dos anos: a Fórmula 2 da Série Tasmânia de 1968 a 1972, a Fórmula Pacífico de 1973 a 1982, com algumas provas de Fórmula Atlântico e Fórmula Holden, muitas vezes tudo misturado, até 1997. Já o Circuito de Sepang foi inaugurado com vista a receber os carros da Fórmula 1.
Muitas corridas foram realizadas debaixo de chuva intensa, tendo uma chegado a ser interrompida, em parte devido às condições atmosféricas. Tratou-se de um teste para corridas ao final do dia, como se faz presentemente em Abu Dhabi. Quando a chuva parou e a pista voltou a ter condições para se disputar a corrida, estava tão escuro que foi interrompida. Como só se tinham disputado 33 das 56 voltas, os pilotos e as equipas receberam apenas metade dos pontos. Nunca mais se ouviu falar de corridas a final do dia em Sepang.
No ano passado, a Ferrari impôs-se aos dois Mercedes de Hamilton (2º) e Rosberg (3º). Desta feita poderá vir a colocar os seus dois carros (Vettel e Raikkonen) nos lugares mais altos do pódio, se souberem aproveitar as fraquezas dos carros alemães. Não nos podemos esquecer que nas duas últimas corridas, especialmente na última, em Singapura, só o génio de Rosberg conseguiu levar o Mercedes, com graves problemas de travões e com pneus em “fim do prazo de validade”, até á bandeira de xadrez. Para além da Ferrari, sempre forte em circuitos muito rápidos, deve-se levar em conta os dois Red Bull de Ricciardo e Verstappen. Foi Ricciardo que assediou Rosberg nas últimas dez voltas do Grande Prémio de Singapura.
Regressando ao duelo fratricida nas hostes da Mercedes, podemos verificar que Rosberg voltou a liderar o Campeonato, mas com apenas mais oito pontos. Se contarmos com a corrida deste fim de semana, ainda há mais seis corridas para serem disputadas: Malásia, Japão, Estados Unidos, México, Brasil e Abu Dhabi, num total de 150 pontos. São tantos pontos que até pode acontecer que o campeão seja Ricciardo, ou Vettel, ou Raikkonen, e é aqui que tudo começa ficar estranho.
Já há quem diga que o “duelo” entre Hamilton e Rosberg não é real, e que a Mercedes está por detrás de tudo o que tem acontecido, como forma de espevitar um campeonato fadado ao desinteresse, e que no final Hamilton voltará a celebrar mais um título, como o fez Vettel há uns anos.
Por outro lado, todas as equipas – sem excepção – já se começaram a preocupar com as novas “máquinas” e com todos os problemas inerentes a mais uma mudança nos regulamentos, com muito a ser alterado, o que leva os detratores deste desporto a apontar as baterias contra os excessivos gastos com a construção de novos carros, motores e apêndices aerodinâmicos, no valor muitos milhões em qualquer moeda. Depois venham dizer que todos concordam que haja uma política de contenção de custos…
Entretanto, fala-se que um político qualquer, parece que americano, veio barrar a compra bilionária da Fórmula 1, pelo que tudo vai ficar na mesma. Já todos esfregavam as mãos pensando na concretização de sonhos impossíveis, ou quase, como a distribuição mais justa dos rendimentos mega milionários da Fórmula 1, ou a sua gestão tendo em conta as opiniões de todas as equipas, podendo estas vir a ser accionistas da empresa Liberty Media.
Os fãs e aficionados desesperam por uma Fórmula 1 decente, com carros velozes e sensacionais, algo que desapareceu no fim da década de 90 do século passado. Tudo se tem vindo a afundar até à tragédia dos micromotores híbridos. Foi sintomático o cartaz que apareceu em Monza no final do ultimo Grande Prémio de Itália. Dizia apenas: “Devolvam-nos a Fórmula 1!”
As sessões deste fim-de-semana estão assim programadas: Treinos livres, sexta-feira: 10:00 – 11:30, 14:00 – 15:30; sábado: 14:00 – 15:00. Qualificações, sábado: 17:00 – 18:00. Corrida: Domingo 15:00 – 17:00. A hora da Malásia é igual à de Macau. Os serviços meteorológicos preveem para sexta-feira céu parcialmente nublado, para sábado aguaceiros dispersos, e para Domingo céu nublado e trovoadas.
Manuel dos Santos