O que dizer das Coisas Vivas?
Nos artigos anteriores falámos dos seres, na generalidade. Deixem-nos reduzir o nosso grupo de estudo a apenas um grupo de seres: aqueles seres que têm vida.
Na Biologia aprendemos que as coisas vivas têm caraterísticas que as diferenciam dos seres não vivos. Entre essas características estão a nutrição, o crescimento, a reprodução e a resposta a estímulos. A ciência ajudou-nos a descobrir e a entender essas características.
Tomemos a nutrição das plantas como exemplo. Os biologistas botânicos identificaram dezasseis elementos químicos importantes que servem de nutrientes minerais para as plantas. Nove desses componentes são necessários em quantidades relativamente grandes e por isso chamados de “macronutrientes”. Sete outros são necessários em quantidades mais pequenas – os “micronutrientes” (ou minerais residuais). As plantas retiram estes nutrientes principalmente do solo, mas também do ar, e usam-nos para crescerem e se manterem. Além disso, as plantas absorvem luz que transformam em energia química. Essa energia é usada por processos diferentes.
As coisas vivas possuem a capacidade de retirarem (absorverem) elementos químicos e a energia que precisam do Ambiente, e usá-los para o seu crescimento, manutenção e outros processos diferentes. Não existe nenhuma máquina que seja capaz de crescer e manter-se a si própria utilizando os componentes básicos necessários do Meio Ambiente. Apenas algo que tenha vida é capaz de o fazer.
Vimos anteriormente (ver o artigo nº 28, intitulado “A Morte está relacionada com a Mudança Substancial”) que a vida emana de um princípio a que chamamos de “Alma”. Cito o que escrevemos nessa altura: “Nem todas as coisas têm vida. Assim sendo, é óbvio que a vida não provém da matéria. Se assim fosse, todos os materiais, tais como as rochas, a água, o fogo, etc., estariam vivos. Então a vida vem de um outro princípio. Chamamos a este princípio de Alma. Para além proporcionar unidade e harmonia, a Alma também dá a animação ou vida ao corpo: é o princípio de vida do corpo”.
Isto significa que as plantas também tenham alma? Sim. E também os animais. Mas veremos esses casos mais tarde, em que a Alma dos seres humanos é bastante diferente da alma das plantas e dos animais.
Para além da nutrição e crescimento, as coisas vivas – sejam elas um organismo unicelular ou a mais complexa de todas – possuem o poder de se reproduzirem. Uma vez mais, essa capacidade não existe em nenhum objecto criado pelo ser humano.
No entanto, para a nossa discussão filosófica, deixem-nos usar a última característica que mencionámos acima: a capacidade de responder a estímulos.
As plantas apresentam essa capacidade no que chamamos de “tropismo”. As plantas respondem à luz (fototropismo) ou à gravidade (geotropismo). As pontas dos rebentos das plantas tendem a virar-se para a luz (fototropismo positivo), enquanto que os rebentos das raízes crescem longe da luz (fototropismo negativo). O fototropismo positivo permite à planta conseguir uma maior exposição ao Sol de que ela necessita para a fotossíntese, e o fototropismo negativo evita que as raízes sequem devido a exposição (à luz).
Para além disto, as pontas dos rebentos das plantas crescem em sentido contrário ao da gravidade (geotropismo negativo) para obterem maior exposição luminosa (solar), enquanto que os rebentos das raízes se dirigem no sentido da gravidade (fototropismo positivo) em busca da humidade (água). Nestas diferentes respostas aos estímulos verificamos que os processos naturais têm um fim último, conforme estudámos anteriormente.
No próximo artigo iremos explorar estas características (resposta a estímulos) em animais e no Homem, de forma a estabelecermos algumas conclusões filosóficas.
Pe. José Mario Mandía