E o que é tudo isto?
Da última vez perguntámos “porquê?”. Agora temos que perguntar “o que é exactamente o que vamos estudar?”.
Vimos que a Filosofia estuda as causas últimas das coisas, das coisas reais, de coisas que de facto existem: a Filosofia estuda o SER e as causas últimas.
Mas, o que entendemos por “ser” (ens, em Latim)? Por “ser” compreendemos tudo o que existe: o papel que seguras, tu próprio, são “seres”, “entidades”, a cadeira em que te sentas é “ser”, a galinha que estás a comer é “ser”. E mesmo Deus é “ser”. De facto, o Ser Supremo! Tudo o que existe é “ser”, e a Filosofia interessa-se por todas essas coisas.
“Mas eu pensava que a Filosofia estudava o pensamento humano?”, poderíamos perguntar.
Isso foi o que René Descartes (1596-1650) pensou. A sua famosa frase “Eu penso, logo existo” (numa futura oportunidade explicarei o que isto significa) deu início a uma nova tendência na Filosofia, em que cada filósofo pôde criar sua própria filosofia. Mas não, não estamos interessados em opiniões ou fantasias humanas. Estamos interessados apenas no mundo real. Estamos interessados no “ser”. Como São Tomás de Aquino escreveu em De caelo (II.3): “o estudo da Filosofia não visa conhecer as opiniões dos homens, mas sim a verdade das coisas”.
Assim, se pensarmos um pouco sobre esta matéria, veremos que existem basicamente três espécies de “ser” sobre as quais podemos falar: o mundo (as coisas materiais), o Homem, e Deus. Os ramos da Filosofia nascem (1) em parte dos diferentes tipos de “ser” (o mundo, o Homem e Deus), (2) em parte dos diferentes aspectos de “ser” (Verdade, Bondade e Beleza) e (3) em parte da perspectiva histórica. Os nomes das ramificações da Filosofia são bastante fáceis de adivinhar.
Antes de olharmos para os diferentes campos de estudo, é bom termos conhecimento de “Lógica”. A Filosofia é de facto baseada no senso comum, mas o senso comum tem que ser organizado de forma esquemática. A Lógica, a ciência do raciocínio correcto, ajuda-nos a alcançar este objectivo.
O ramo da Filosofia que estuda o mundo material é chamado de Filosofia da Natureza – também chamada de Cosmologia. O ramo que estuda o Homem também tem bastantes nomes: Filosofia do Homem, Psicologia Filosófica, ou Psicologia Racional. A Ética estuda a bondade e a maldade das acções humanas. Quando inquirimos sobre a sociedade, chamamos-lhe Filosofia Social e Política. Se quisermos saber mais sobre conhecimento e a verdade humana, então estudamos Filosofia do Conhecimento (também conhecida como Gnosiologia ou Epistemologia). O estudo das línguas, como podem antecipar, é Filosofia da Linguagem. Se quisermos conhecer mais sobre Deus (usando apenas o discernimento humano e não a Bíblia), estudaremos a Teologia Natural – também conhecida como Teodiceia. O relacionamento entre o Homem e Deus estuda-se na Filosofia da Religião. Ainda há mais temas que derivam da Filosofia do Homem, tais como a Filosofia da Ciência, Filosofia da Educação, Filosofia da Lei. Como podemos questionar tudo o que existe, a lista das especializações pode estender-se infinitamente.
Quando estudamos na generalidade, o tema é Metafísica. Na Filosofia do Conhecimento (que mencionámos antes) estudamos o “ser” do ponto de vista da verdade. Do ponto de vista do bom, estamos a falar de Ética (que também mencionámos antes). E quando nos debruçarmos sobre a beleza do “ser”, estamos a estudar estética.
A história da Filosofia Ocidental normalmente está dividida em quatro temas. Antiga, Medieval, Moderna e Contemporânea. O estudo da história ajuda-nos a utilizar o que outros já descobriram e ainda nos ajuda a evitar os erros cometidos no passado.
Bem, agora que já vimos o mapa, estamos prontos a estabelecer a rota da nossa viagem rumo à descoberta.
Pe. José Mario Mandía