Quilómetros para matar a saudade.
Como já vem sendo hábito nos últimos anos, o grupo de amigos “Filo Filo di Macau” organizou um encontro para assinalar o Festival das Lanternas, ou Festival do Bolo Lunar, que se festejou no passado dia 5 de Outubro.
Este ano, com a vantagem de ser também feriado em Portugal, a participação foi ainda mais notória. Foram reservados lugares para quarenta e quatro pessoas, sendo que, no final, apareceram quarenta e duas. Estiveram também presentes no convívio duas crianças, da Zona Centro e do Norte de Portugal.
O grupo dos Filo Filo di Macau tem-se dedicado, nos últimos anos, a organizar eventos por forma a que os macaenses (e outras pessoas com ligação ao antigo território português) que residem no Norte e Centro de Portugal se encontrem e tenham como matar saudades e manter acesa a chama que os liga a Macau. Muitos dos participantes deixaram o território há dezenas de anos, havendo alguns que nunca mais voltaram à terra que os viu nascer, após terem fixado residência em Portugal. Outros, em contraste, deixaram Macau há menos tempo, mas, ainda assim, partilham da mesma saudade. Os Filo Filo di Macau quer ser isto mesmo: um grupo de amigos que partilha saudades e memórias, sem nunca se envolver em quezílias que só prejudicam a comunidade.
Este ano a festa do “Bolo de Bate-pau”, como carinhosamente a comunidade macaense se refere aos bolos tradicionais desta época festiva, teve lugar em Vila do Conde, num local famoso e bem conhecido de todos os apreciadores de comida cantonense em Portugal, o Restaurante Chinês Macau, situado bem no centro daquela acolhedora cidade do Norte do País.
Para além do Festival do Bolo Lunar, os Filo Filo di Macau assinalam, desde há vários anos, o Dia da Cidade de Macau (o antigo Dia de Macau), o Ano Novo Chinês e o Dia de Portugal.
Após o sucesso de mais este evento, os Filo Filo di Macau (Irene Ansejo, Leonor Ranito, Diana Guerra e Jorge Leitão Pereira) estão já a trabalhar para que o encontro no Ano Novo Chinês seja também recheado de sucesso e possa constituir mais uma ocasião para que os macaenses do Centro e do Norte de Portugal se possam encontrar e matar saudades de tempos antigos. O encontro do Kung Hei Fat Choi de 2018 deverá acontecer no dia 17 de Fevereiro.
Os encontros, que têm sempre uma vertente gastronómica, realizam-se em restaurantes, ora chineses, ora portugueses, conforme a data que serve de pretexto à reunião seja de cariz ocidental ou oriental. No entanto, independentemente de se tratar de um restaurante chinês ou português, há sempre iguarias macaenses à mesa. Desta vez, juntamente com inúmeros pratos chineses e com o inevitável Bolo Lunar (de feijão e de ananás), havia Amargoso com costelinhas, um prato superiormente confeccionado por Diana Guerra.
O CLARIM tem participado nestes eventos desde o ano passado e regista que é com grande alegria e expectativa que os participantes se deslocam, muitas das vezes centenas de quilómetros, para passar um dia entre amigos de longa data. Há quem o faça pela primeira vez, porque ouviram falar do encontro e querem fortalecer os laços à terra onde os pais ou eles próprios nasceram.
No encontro de Vila do Conde travámos conhecimento (e iremos publicar a conversa em breve) com um macaense já nascido em Portugal, que nunca tinha ido a Macau. Tinha como sonho de juventude visitar a cidade onde o pai conheceu a mãe (macaense). Tal sonho foi possível, no ano passado, com a ajuda de toda a família, tendo-se deslocado ao território para participar no Encontro dos Macaenses e aproveitado para ficar em Macau durante um mês. Teve a oportunidade de conhecer grande parte da família materna. Uma história tocante que, só por si, justifica a existência do grupo dos Filo Filo di Macau.
João Santos Gomes