Férias são férias!

Os portugueses estão ou vão estar de férias e… férias são férias! Trabalharam durante onze meses para, durante um mês, não terem chatices, aborrecimentos e ralações, provocadas por quem nada mais faz do que provocar-lhes uma azia quotidiana.

Que Bruxelas “vomite” as sanções que entender, que cortem os subsídios, que nos obriguem a pagar multas e, se quiserem ir mais longe, nos ameacem de expulsão, porque depois das férias trataremos disso. Se tal vier a acontecer e o Primeiro-Ministro não quiser ir de férias para adiantar trabalho, ele que faça o que prometeu, mover um processo judicial à Comissão Europeia. Nós acrescentamos o Ecofin, o Parlamento Europeu, o Conselho Europeu e os responsáveis pela Troika que, enquanto “controlaram” a economia e as finanças portuguesas, nada “piaram” quanto à débil situação do nosso sistema bancário. Se não tiverem mais nada em que pensar e evocarem que a culpa são as regras, então que as apliquem a todos aqueles que infringiram as regras, porque “ou há moral ou comem todos”.

Que os responsáveis pelo défice de 2015 parem de se desresponsabilizar pela situação que criaram porque, tal narrativa idiota, num momento em que os portugueses estão em férias, apenas nos provoca o riso e comiseração pela infantilidade da oposição que temos, ao pensarem que somos todos estúpidos. Mas, porque os portugueses sempre foram altruístas e amigos dos seus amigos, não podiam deixar de desejar aos mais espertos destes “amigos” umas boas férias na Goldman Sachs, numa qualquer instituição de gestão de fundos ou como consultores económicos na Colômbia!?…

Durante as férias, que se calem os “arautos da desgraça”, os “bruxos”, os “caçadores de gambuzinos” e os “vendilhões do templo”, que poluem os canais televisivos com os seus discursos de tragédia nacional. Nas férias os portugueses que vêm televisão querem outra “música”, outros “actores” e um “espectáculo” que não os faça embalar em fatalidades. Estão fartos de prelecções miserabilistas ao longo destes últimos seis meses que, por não terem resultado no passado (o Governo não caiu, o Orçamento de Estado mantém-se controlado e os apoios políticos do Governo mantêm-se estáveis, apesar de todas as “coscuvilhices” para os desmembrar), tentam agora hipotecar o futuro com a previsão encenada de novos dramas.

Nestas férias, já sem o garrote dos últimos anos, mas ainda a contar os tostões, os portugueses querem paz! Uma paz que não seja interrompida por mais atentados de terroristas fundamentalistas ou qualquer outro tipo de terroristas loucos de apetite sanguinário. Querem sentir-se seguros, enquanto degustam o prazer da sua mesa familiar, das suas florestas, praias e festas colectivas. Querem uma segurança eficaz que, pese embora a grande dificuldade em a obter, não fracasse por incúria das polícias ou por incompetência dos seus dirigentes.

E porque nas férias os portugueses estão mais calmos na apreciação do mundo que os rodeia, além de se sentirem parte integrante desse mesmo mundo, discutem entre si a sorte dos impérios, entre duas imperiais… Reflectem sobre as vantagens e os inconvenientes das guerras que assolam o Médio e o Próximo Oriente e as consequências do envolvimento europeu e americano que, sob o disfarce da “exportação” da “nossa democracia”, trouxe as (des)“vantagens” de se terem alargado os mercados de armas e a intenção de controlar militarmente certas regiões e respectivas fontes de matérias-primas. Mas os inconvenientes foram de tal ordem que, ainda hoje, ninguém sabe como acabar com: a desgraçada situação dos refugiados; a destruição desses países; os novos ditadores emergentes e o “ninho de vespas” assassinas, a que demos o nome de terroristas e que, para além da carnificina regional que praticam, “invadiram” igualmente o espaço dos promotores das guerras, ou seja, o nosso!

Mas férias são férias e, embora o povo diga que “a pensar morreu um burro”, nas férias temos mais tempo para avaliar toda a “dose” de informação que somos obrigados a engolir durante todo o ano, sem que tenhamos tempo de a digerir convenientemente.

Para que não venha a ter problemas de “estômago”, também eu preciso de tempo para essa “digestão”, razão porque também vou de férias em Agosto, na expectativa de que continue a merecer a vossa atenção porque “à volta, cá vos espero”.

Luís Barreira

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