O ateísmo actual
Viajavam na mesma carruagem do comboio. Um universitário e um senhor de idade que tinha um terço nas mãos.
O rapaz achou que, apesar de não se conhecerem, era necessário ajudar aquele senhor a sair da sua ignorância. Devia ajudar aqueles que não tinham as oportunidades de estudar que ele tinha. Tomou a iniciativa do diálogo:
«– Parece mentira que ainda haja pessoas que acreditem nessas superstições».
Então o ancião, com um sorriso, respondeu:
«– Pois é. E tu não acreditas?».
«– Eu – disse o estudante com uma ruidosa gargalhada – claro que não! Vou dar-lhe um conselho. Deixe esse terço e aprenda o que diz a Ciência».
«– A Ciência? Poderias explicar-me o que é que ela diz?».
«– Claro que sim – respondeu o jovem com um ar paternalista. Vou enviar-lhe um livro de fácil compreensão que o ajudará muito. Pode dar-me a sua morada?».
Então o senhor retirou um cartão do bolso do seu casaco e ofereceu-o ao estudante. O jovem leu com assombro:
“Louis Pasteur. Instituto de Investigações Científicas de Paris”.
Pasteur (1822-1895), grande sábio que tanto bem fez com as suas descobertas científicas, não ocultou nunca a sua fé nem a sua devoção a Nossa Senhora.
Possuía, como homem inteligente que era, uma grande personalidade e era plenamente consciente das suas convicções religiosas.
O actual instituto que possui o seu nome e prolonga a sua obra, possui uma centena de centros em todo o mundo. Aí são produzidos soros e vacinas que ainda hoje ajudam um número incalculável de pessoas.
Por tudo o que fez na sua vida é considerado um dos grandes beneméritos da humanidade.
O ateísmo sempre esteve presente na história.
Talvez o que caracteriza o ateísmo actual não seja tanto a sua negação da existência de Deus – isso é o que defende um ateu por definição – mas a forma agressiva de combater a religião.
Tal atitude agressiva actual teve como origem uma reunião de alguns cientistas no “Salk Institute for Biological Studies”, na Califórnia, em Novembro de 2006.
Um dos assistentes deixou claro que, mais do que um encontro para falar sobre religião, tratava-se de reunir esforços com um só objectivo: erradicar a religião, fonte de todos os males da humanidade.
Parece ter sido com essa benemérita finalidade que foi publicado o livro de Richard Dawkins, “The God Delusion” (A Desilusão de Deus). Neste livro, Dawkins demonstra uma total falta de respeito intelectual pela religião.
Em vez de analisar com honestidade os argumentos metafísicos que defendem a existência de Deus, simplesmente afirma que é óbvio que Ele não existe.
E como o seu objectivo de erradicar a religião parece claro – além do propósito de vender muitos livros – chega mesmo a afirmar que a educação das crianças na fé é uma forma de abuso de menores.
O mais impressionante é que, depois de afirmações e comparações como estas, nos tentem convencer de que os verdadeiros intolerantes são aqueles que acreditam em Deus.
Pe. Rodrigo Lynce de Faria
Doutor em Teologia