Vencer a distância, aproximando as famílias.
O Centro Pastoral Católico da diocese de Macau vai este ano, pela primeira vez, assinalar a Festa da Sagrada Família com uma iniciativa destinada em especial às imigrantes das Filipinas, que não têm a oportunidade de partilhar a quadra natalícia com os filhos.
A 30 de Dezembro, dia que a Igreja Católica consagra à celebração da família e da vida familiar, o Centro Pastoral vai reunir a comunidade filipina com o propósito de assinalar o nascimento de Jesus Cristo num ambiente o mais familiar possível. Durante o evento serão divulgadas mensagens, testemunhos e depoimentos recolhidos nas Filipinas pela diocese de Macau junto de crianças e jovens cujos pais vivem e trabalham no território. «Há muitas pessoas que estão sozinhas em Macau. Muitas são mães que se viram obrigadas a deixar os filhos para trás», referiu o padre Alejandre Vergara. «De forma a reforçar os laços que os unem, durante a celebração vamos emitir entrevistas que fizemos às crianças. As mães dos meninos e meninas que entrevistámos não sabem que estes testemunhos serão transmitidos, mas vamos fazer o que está ao nosso alcance para garantir que estejam presentes nas celebrações», acrescentou o sacerdote, um dos ministros encarregados pela diocese de Macau de dar resposta às necessidades espirituais da comunidade filipina que vive e trabalha na RAEM.
«Queremos com esta iniciativa fazer com que as pessoas sintam que, mesmo longe dos que mais amam, continuam a pertencer a uma família. São muitas as pessoas e as organizações religiosas que se mostraram interessadas em associar-se a esta iniciativa porque acreditam que a Igreja pode ser, efectivamente, uma segunda família para quem está sozinho», sublinhou o padre Alejandre Vergara.
Para a comunidade filipina, as festividades da quadra natalícia estão centradas, sobretudo, na Eucaristia. A partir de amanhã, a Sé Catedral e as igrejas de Santo Agostinho, de São Lourenço e de Nossa Senhora de Fátima acolhem o “Simbang Gabi”, um período de nove dias ao longo do qual os católicos filipinos se preparam para o nascimento de Jesus Cristo. Com missas ao início da manhã e da noite, a novena enche os templos católicos nas Filipinas e em Macau o mesmo começa a suceder. «Muitas pessoas sentiam falta deste período de preparação para o Natal e pedimos autorização ao bispo para organizar no território o “Simbang Gabi”. Não foram muitos os que iniciaram esta tradição em Macau, mas cresceu de forma significativa porque é algo que os católicos filipinos desejam muito», explicou o responsável.
Para uma parte significativa dos imigrantes filipinos radicados na RAEM, o Natal é sobretudo uma celebração de natureza espiritual. Longe da família e sem disponibilidade temporal e económica para comemorar de forma mais efusiva, são muitos os que têm na Igreja um refúgio. «Ao contrário do que acontece nas Filipinas, muitas destas pessoas nem sequer celebram a “Noche Buena”. Reparamos que depois da Missa do Galo muitos deles regressam a casa e vão dormir, uma vez que uma boa parte trabalha no Dia de Natal. É por isso que lhe dizia que em Macau a celebração do Natal está, sobretudo, centrada na Eucaristia», rematou o padre Alejandre Vergara.
Marco Carvalho