Dia Mundial do Teatro – 27 de Março

Teatro Real

Todos somos actores, no palco da vida. Sem guiões, é certo, mas excelentes actores no improviso da vida. A nossa vida é como uma peça de teatro, com princípio, meio e fim. Divide-se em actos, cenas, capítulos. E tal como na peça de teatro, também na vida há personagens principais, secundárias, figurinos. Cabe-nos a nós, autor e actor, da peça da nossa vida, decidir quem é quem. Quem deve ficar na peça até ao fim, ou dela sair sem rasgo de piedade.

Cabe-nos a nós construir os actos guiando as personagens para o final esperado, por nós esperado. Mas por muito caminho seguido, vem sempre o percalço. O não sonhado. Aí sim, és de certo actor. Improvisas, num só “take”. Sem gravações, sem olhar para trás. É essa a beleza da vida. Não há volta atrás, o que deveras é muito mais desafiante, imaginativo e nos torna deveras inteligentes. Nisso também a vida se assemelha ao teatro. Qualquer erro fica registado, não se apaga. O que é que o actor faz? Segue em frente, continua o seu papel. Muitas vezes, os espectadores não se apercebem do erro. Erro não, aprendizagem. E assim que devemos agir, neste grandioso palco.

Tal como a interação com o público guia o espetáculo também os outros alteram o nosso caminho, numa simbiose sem fim, numa aprendizagem contínua. Quão poderosa é a vida, numa mesma peça somos, encenador, actor, figurinista, autor… os dados estão lançados, a cortina aberta. Viva-se no palco com a tristeza de um drama, a alegria da comédia, o drama da tragédia, mas viva-se como quem se entrega à peça que é sua.

Mas não se olvide, que no cair do pano, lá vem o diabo do Auto da Barca recordar-nos: “Vai ou vem, embarcai prestes! Segundo lá escolheste, assi cá vos contentai”. Grande Gil Vicente! Viva o Teatro! Viva a Vida!

Ana Esteves

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