DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELA IGREJA NA CHINA

DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELA IGREJA NA CHINA

Bispo D. Stephen Lee convida os fiéis a juntarem-se hoje na Sé Catedral

Hoje celebra-se o Dia Mundial de Oração pela Igreja na China, instituído em 2007 pelo Papa emérito Bento XVI na sua “Carta aos Bispos, aos Presbíteros, às Pessoas Consagradas e aos Fiéis Leigos da Igreja Católica na República Popular da China”.

Neste âmbito, realiza-se hoje na igreja da Sé Catedral, às 20 horas, um momento de oração pela Igreja na China. “A fim de responder ao apelo do Santo Padre, o Senhor Bispo de Macau, D. Stephen Lee, convida todas as Paróquias, Congregações Religiosas, professores, pais e alunos das Escolas Católicas a participarem na oração”, pode ler-se numa nota emitida pelo chanceler da diocese de Macau, padre Manuel Machado.

Na carta dirigida aos católicos na China, Bento XVI manifestava o desejo “de ver depressa estabelecidos caminhos concretos de comunicação e de colaboração entre a Santa Sé e a República Popular da China”, pois – continuava – “a amizade alimenta-se com contactos, partilha de sentimentos nas situações alegres e tristes, de solidariedade e de intercâmbio de ajuda”.

Na realidade, estas palavras não são da autoria do Papa emérito, tendo sido retiradas da mensagem sob o tema “Com profunda alegria”, da autoria de São João Paulo II, dirigida aos participantes no “Congresso Internacional sobre Matteo Ricci: para um diálogo entre a China e o Ocidente”, em Outubro de 2001. Na mesma mensagem, Karol Wojtyla acrescentava: “Não é um mistério para ninguém que a Santa Sé, em nome de toda a Igreja Católica e em benefício de toda a humanidade, deseja a abertura de um espaço de diálogo com as Autoridades da República Popular da China, no qual, ultrapassadas as incompreensões do passado, se possa trabalhar em conjunto para o bem do Povo chinês e para a paz no mundo”.

Em Setembro de 2018, o Papa Francisco publicou também ele uma mensagem dirigida aos “Católicos Chineses e à Igreja Universal”, em que explica as razões para a assinatura do então recente “Acordo Provisório entre a Santa Sé e a República Popular da China”: “A Santa Sé não tem em mente senão realizar as finalidades espirituais e pastorais próprias da Igreja, isto é, sustentar e promover o anúncio do Evangelho, alcançar e conservar a unidade plena e visível da Comunidade católica na China”.

Na prática, depois de João Paulo II e de Bento XVI, o Papa Francisco deu o passo que faltava com vista a um entendimento propício com as autoridades civis da China, cujo resultado são o reforço do elo de ligação entre o Santo Padre e os fiéis do País, e o lento mas consistente restabelecimento das relações diplomáticas entre a Santa Sé e Pequim.

Segundo uma notícia publicada pela CATHOLIC NEWS AGENCY no passado dia 13 de Maio, o secretário de Estado do Vaticano, D. Pietro Parolin, assegurou recentemente que o Papa Francisco vê a China como “um grande país” e como “uma grande cultura, rica em história e sabedoria”.

O cardeal disse que “a Santa Sé espera que a China não tenha medo de entrar em diálogo com o resto do mundo e que as nações do mundo darão crédito às aspirações profundas do povo chinês”. E deu a receita: “Com todos trabalhando juntos, estou certo de que seremos capazes de superar a desconfiança e construir um mundo mais seguro e próspero”.

Recorrendo a palavras do Papa Francisco, D. Pietro acentuou que “somente estando unidos podemos superar a globalização da indiferença, trabalhando como criativos artesãos da paz e promotores audazes da fraternidade”.

Por estes dias muitos fiéis católicos deslocam-se ao Santuário de Nossa Senhora de Sheshan, localizado junto de Xangai, a fim de prestar culto à imagem, que também é denominada de Nossa Senhora Auxiliadora dos Cristãos em territórios como Macau.

CANTÃO: UM PEQUENO REGISTO

Guangzhou, ilha de Shamian, 15:15 horas, 19 de Maio, 5º Domingo de Páscoa de 2019. No antigo distrito internacional da cidade de Cantão o Sol brilha com intensidade. O calor aperta e não são muitos os que – a pé – desafiam a humidade que se faz sentir.

A preguiça dita que nos encaminhemos para o hotel, mas uma estadia na capital de província sem visitar a igreja de Nossa Senhora de Lourdes não nos deixa espiritualmente descansados.

Comparativamente a 2005 (primeiro ano em que lá estivemos) e a anos mais recentes, apresenta-se muito bem preservada. A fachada e as portadas estão pintadas, há muita informação disponível (história da igreja e horário das missas e de outros serviços religiosos), foram colocadas novas imagens no adro – entre elas encontra-se a de Nossa Senhora de Lourdes na famosa gruta – e abriu uma loja.

Uma vez lá chegados, pudemos testemunhar o registo de uma fotografia de grupo com a fachada em segundo plano e observar as explicações de um guia turístico no interior da igreja, hoje muito mais embelezada do que há uns anos, quando se encontrava praticamente abandonada.

Os leitores que pretendam visitar a ilha de Shamian podem participar na missa entre segunda-feira e sábado, às sete horas da manhã (Chinês). Aos Domingos é celebrada também de manhã, às oito horas e trinta (Chinês) e às onze horas (Inglês). A igreja está aberta ao público entre segunda-feira e sábado, das seis horas da manhã até às cinco horas da tarde. Aos Domingos e feriados encerra meia-hora mais tarde.

No regresso ao hotel tivemos ainda a oportunidade de apreciar os desenhos de um grupo de crianças – sentadas no jardim central de Shamian –, sendo o tema dos “pequenos artistas” apenas um: a igreja de Nossa Senhora de Lourdes. Este “ex-libris” é hoje local de encontro e de convívio de muitos fiéis, turistas e curiosos, que ali se deslocam indiferentes à conjuntura extra-religiosa da China.

José Miguel Encarnação

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