Cabo Verde quer Conferência Episcopal
O novo cardeal cabo-verdiano, D. Arlindo Furtado, disse no Vaticano que deseja a criação de uma terceira diocese católica no arquipélago, o que permitira instituir uma Conferência Episcopal própria, mas evitou fazer previsões quanto a essa decisão do Papa.
«Isto poderá vir a acontecer a seu tempo, não temos pressa nesse sentido, não há nenhuma pressão», referiu à ECCLESIA, durante a sessão de cumprimentos que decorreu horas depois do consistório em que foi criado cardeal pelo Papa Francisco, no passado dia 14 de Fevereiro.
O bispo de Santiago admitiu a necessidade de «reforçar o clero diocesano e as condições de auto-sustentabilidade das dioceses», mas mostrou a convicção de que «a seu tempo as coisas acontecerão».
«As coisas crescerão: éramos só uma diocese [Santiago] e apenas em final de 2003 foi criada a segunda diocese [Mindelo], não temos pressa em esperar o tempo necessário», insistiu.
D. Arlindo Furtado afirmou que «não há dúvidas» da utilidade de instituir uma Conferência Episcopal Cabo-verdiana. «Ninguém põe isso em causa, mas não vale a pena forçar. No momento próprio, isso há de acontecer», defendeu.
A última conferência episcopal lusófona a ser instituída foi a de Timor-Leste, em 2012, dois anos depois de o agora Papa emérito Bento XVI ter criado uma terceira diocese no País, a de Maliana, que se juntou a Díli e Baucau.
O cardeal africano disse depois aos jornalistas que vê no Papa um homem capaz de integrar as «periferias» e que a Igreja «tinha necessidade deste movimento». O prelado apontou ainda como principais «desafios» da Igreja Católica em Cabo Verde o combate à pobreza, o crescimento das seitas e necessidade de formação pastoral dos leigos.
«A nomeação de um cardeal cabo-verdiano faz-nos crescer na consciência das nossas responsabilidades de continuarmos a trabalhar seriamente na construção de uma Igreja sólida, missionária, capaz de, como no passado, contribuir para a evangelização de outros territórios», concluiu.