«Ou se ganha a juventude ou se perde as comunidades», Gonçalo Nuno Santos
Gonçalo Nuno Santos, cabeça de lista dos democratas-cristãos pelo Círculo Fora da Europa às eleições legislativas de Outubro em Portugal, considera que «ou se ganha a juventude ou se perde as comunidades [portuguesas no estrangeiro]».
Em declarações a’O CLARIMna cidade de São Paulo, onde esteve durante alguns dias em campanha, Gonçalo Nuno Santos colocou a tónica na juventude – uma das matérias a que o Papa Francisco tem dado grande destaque no seu Pontificado – pois acredita que «só através de uma forte aposta nas novas gerações é que a presença portuguesa no estrangeiro tem condições de se afirmar num mundo cada vez mais competitivo».
A forte aposta de que fala passa pela implementação do conceito de «comunidade sempre jovem», cujo significado explicou ao nosso jornal. «Sempre respeitando, claro está, a independência das instituições, defendemos, por exemplo, que trinta por cento dos órgãos sociais dos centros, clubes e associações portuguesas devam gradualmente ser ocupados por jovens», disse, sublinhando que «só deste modo é possível preservar tão importante património imaterial de Portugal no mundo».
No rol das preocupações manifestadas a’O CLARIMpor Gonçalo Nuno Santos, está a urgência em reforçar os apoios sociais às comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo. Nesse âmbito, defende a «criação de embaixadas culturais permanentes, em que o cultural (no seu sentido mais lato), o social e o económico sejam pilares a desenvolver em prol da melhoria das condições de vida dos emigrantes portugueses». Para tal, não vê outra solução que não seja a «optimização e a articulação entre entidades, como o Instituto Camões, o AICEP ou as Escolas Portuguesas».
Questionado como tenciona, na prática, atingir os objectivos a que se propõe, respondeu que a estratégia passa por «recorrer a instrumentos nacionais já hoje em vigor, que uma vez aplicados no exterior podem ajudar a potenciar o que de melhor os portugueses fazem nos sectores académico, empresarial, cultural e até desportivo».
Apesar dos jovens serem o futuro, os mais idosos e necessitados estão igualmente no topo das prioridades de Gonçalo Nuno Santos. A fórmula para ajudar estas pessoas segue a mesma receita, ou seja, levar para fora das fronteiras físicas do País as boas práticas. «Por que não dar condições a algumas IPSS [Instituições Particulares de Solidariedade Social]para que possam servir quem mais precisa? É verdade que há sempre o problema do financiamento, mas para contornar esse obstáculo uma das soluções é a assinatura de protocolos com entidades congéneres dos países de acolhimento», esclareceu.
Em resumo, os democratas-cristãos tencionam humanizar as políticas direccionadas para a diáspora, com o objectivo de potenciar as capacidades das diferentes comunidades portuguesas, tornando estas menos vulneráveis e mais competitivas em todos os sectores dos países em que estão inseridas.
Este ano o CDS-PP integra na lista de candidatos pelo Círculo Fora da Europa um nome de Macau. A escolha recaiu em Joana Alves Cardoso, advogada há vários anos radicada no território.
José Miguel Encarnação
Em São Paulo (Brasil)