1.º ENCONTRO DIOCESANO DA JUVENTUDE

Da Igreja Católica para Macau

1.º ENCONTRO DIOCESANO DA JUVENTUDE TEVE LUGAR NA PRAÇA DO TAP SEAC

O bispo D. Stephen Lee apadrinhou, no passado Domingo, a primeira edição do Encontro Diocesano da Juventude, evento que reuniu na Praça do Tap Seac cerca de meia centena de organizações e instituições de matriz católica. Numa jornada dedicada por inteiro às gerações mais jovens, no coração da mais ampla praça do território também se falou, rezou e cantou em Português.

Turíbulo, naveta, patena, manustérgio, cálice, cibório, aspersório, custódia… Os nomes evocam mistérios antigos e neles ecoam divindade e transcendência. Mas mais do que os nomes, foi o esplendor dos objectos litúrgicos que o Seminário de São José levou no último Domingo à Praça do Tap Seac que chamaram a atenção de miúdos e graúdos, num dia em que a diocese de Macau se deu a conhecer à cidade.

Com um fôlego renovado, o Seminário de São José foi uma das mais de meia centena de instituições de natureza católica que se associaram ao 1.º Encontro Diocesano da Juventude. No certame participaram paróquias, escolas, universidades, organizações de solidariedade social e congregações religiosas, mas poucas conseguiram despertar tanta curiosidade nos visitantes como a pequena banca em representação do Seminário. Esta instituição de ensino levou ao coração da cidade uma pequena exposição de objectos litúrgicos e foram muitos os que quiserem saber para que servem, afinal, os recipientes e adereços sagrados de que os sacerdotes se servem durante a Eucaristia. «Para muita gente, estes recipientes estão envoltos num certo mistério. As pessoas vêem no altar o padre e os acólitos a dar uso a estes objectos, mas raramente têm oportunidade de os ver de perto, de perceber o que são, como se chamam e para que servem. A nossa função aqui é a de explicar um bocadinho sobre estes objectos litúrgicos e para lhes explicar que tudo tem uma função na liturgia», explica José Maria, um dos jovens que se preparam para a via do sacerdócio no Seminário de São José.

Ao lado, o macaense Adriano Agostinho faz balançar o turíbulo sobre a cabeça de duas meninas de tenra idade. As crianças seguem o pequeno incensório prateado com os olhos, disparam uma e outra pergunta, querem ver o incenso, espreitar para dentro do cibório. «Algumas das crianças que nos procuram têm curiosidade em perceber um pouco mais sobre estes objectos. A maior parte, se calhar, já foi à Missa e esta realidade não é para eles completamente desconhecida», diz José Maria, acrescentando: «Os que ainda não foram dão-nos a oportunidade de colocar em prática alguns dos princípios da catequese, ainda que de uma forma indirecta. Eles fazem perguntas e nós explicamos. É uma boa oportunidade para evangelizar, mas também sempre de uma forma natural. Nós expomos e eles fazem perguntas».

No palco erguido no coração da praça canta-se em Português. A irmã Maria Lúcia Fonseca, responsável pela acção pastoral lusófona na paróquia de Nossa Senhora do Carmo, na Taipa, lidera um grupo eclético de homens, mulheres, crianças e jovens. Estão no palco para cantar, mas também para lembrar que em Macau ainda se reza em Português, numa actuação entusiástica que arrancou aplausos à assistência. «Estas pessoas têm fome de Deus. Muitas vezes não sabem como saciar essa fome. Através destes sinais as pessoas entusiasmam-se», explica a irmã Maria Lúcia. «Houve o cuidado de escolher as crianças que vão à catequese, as mães das crianças que vão à catequese e pessoas que estão mais ligadas à Igreja para que possamos servir de fermento no meio da grande massa de Macau», complementa a religiosa da Congregação das Franciscanas Missionárias de Nossa Senhora.

Uma Igreja presente

No “meio da grande massa de Macau”, os católicos não são mais do que uma breve minoria, mas o padre Carlos Malásquez Quispe acredita que a maior parte da população da Região Administrativa Especial está perfeitamente consciente da relevância do trabalho desenvolvido pela Igreja Católica no território. O pároco de São José Operário, circunscrição diocesana recentemente elevada ao estatuto de paróquia, defende que os valores associados à acção da Igreja em Macau são valores que ficam para a vida. «Penso que as pessoas estão conscientes de quem e do que é a Igreja Católica. Dei início recentemente a encontros de catecumenato e são muitos os que vêm ter comigo e que me dizem que estudaram em escolas católicas ou que têm amigos católicos. A Igreja sempre fez parte do seu percurso de vida, ainda que estas pessoas, que hoje têm entre trinta e quarenta anos, já se tenham afastado da escola em alguns casos há mais de vinte anos», ilustra o sacerdote. «Acredito que as gerações mais jovens também venham a sentir a necessidade de conhecer melhor a Igreja Católica. Não digo que tal possa vir a acontecer agora, mas um dia mais tarde talvez possam vir a sentir a necessidade de seguir no encalço de Jesus Cristo e de nortear a sua vida pelo que dizem os Evangelhos», afirma o pároco de São José Operário.

Promovido pela diocese de Macau, o 1.º Encontro Diocesano da Juventude é um dos dois grandes eventos com que o Paço Episcopal celebra o Mês Extraordinário Missionário e os cem anos da promulgação, por parte do Papa Bento XV, da carta apostólica “Maximum Illud”. Oficialmente aberta pelo bispo D. Stephen Lee, a iniciativa do passado Domingo constituiu um momento de viragem no âmbito das políticas para a juventude gizadas pela Diocese, depois de em Dezembro de 2018 a Cúria Diocesana ter consagrado à juventude o triénio que se inicia este ano.

O secretário-geral da Cáritas de Macau, Paul Pun, considera que a Diocese está de parabéns, tendo a entidade que lidera marcado também presença na Praça do Tap Seac com alguns jovens voluntários. Para o responsável, mais do que uma oportunidade para a Igreja se mostrar perante a sociedade do território, o 1.º Encontro Diocesano da Juventude teve o condão de olhar para a juventude não apenas como o futuro da própria Igreja, mas fundamentalmente como o futuro de Macau. «É importante inculcar nas novas gerações valores fortes e sólidos porque o futuro é a eles que pertence. No futuro, cada um destes jovens vai ser chamado a exercer o seu próprio papel. Este encontro é uma oportunidade para que possam partilhar os progressos que têm vindo a fazer, seja na escola, seja nas respectivas paróquias», diz Paul Pun. «Não se trata apenas de um processo de aprendizagem. É fundamentalmente um processo de aculturação, de desenvolvimento de valores. Em Macau são necessárias diferentes actividades. Esta é um bom exemplo, mas há outras actividades que não têm que ser necessariamente conduzidas em público e que são tanto ou mais relevantes: visitar os mais velho, visitar os sem-abrigo. Isto são tudo formas de construir uma sociedade melhor», conclui o secretário-geral da Cáritas.

Marco Carvalho

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