Igreja em Macau apela à Paz
D. Stephen Lee recorreu à encíclica do Papa Francisco “Laudato si” [Louvado sejas] para vincar a necessidade dos povos se unirem em busca da paz – factor essencial para o “desenvolvimento sustentável e integral” [Enc. L.s.] da Humanidade. Esta ideia foi defendida pelo bispo de Macau na homilia da missa do passado dia 26 de Julho, celebrada pela paz e estabilidade da sociedade de Hong Kong, como sinal de solidariedade cristã e fraterna.
Questionado pelos canais de televisão e rádio da TDM, o prelado reforçou a ideia expressa minutos antes na homilia – «estamos a rezar para que todos se unam, para realmente procurarem pelo bem da sociedade» –, tendo admitido que ficou surpreendido com a escalada de violência em Hong Kong: «é algo que não esperava».
A celebração eucarística foi bastante participada, principalmente por fiéis com ligação ao território vizinho, o que para D. Stephen Lee «é uma manifestação externa do seu amor e carinho por Hong Kong».
Confrontado com o facto da diocese de Hong Kong ter tomado já por diversas ocasiões uma posição oficial sobre a lei de extradição proposta pelo Governo da RAEHK e as consequências daí resultantes, o bispo de Macau disse discordar com a ideia de que a diocese liderada pelo cardeal D. John Tong esteja apenas de um lado da barricada. Para o prelado, o mais importante é «o Governo ouvir mais e dialogar mais. Se na base estiver o carinho por Hong Kong, uma solução será com certeza encontrada».
O QUE DISSERAM OS FIÉIS
Entrevistados pela TDM, vários fiéis deram a sua opinião sobre os acontecimentos em Hong Kong e sobre a iniciativa da diocese de Macau em organizar uma missa pela paz na região vizinha.
Teresita Manalad preferiu colocar a tónica no valor da Eucaristia, independentemente das razões que levam os fiéis à Igreja: «Venho porque quero, em primeiro lugar, assistir à missa; porque creio que quando venho [à missa]recebo a Eucaristia Divina de Jesus Cristo que ele me prometeu em vida. E se tiver vida, aqui na terra, terei um dia abençoado e tudo o resto abençoado. É aquilo em que creio».
À pergunta se considerava importante a celebração de uma missa pela paz em Hong Kong, voltou a surpreender: «Sim, mas não interessa. Missa em Hong Kong ou em Macau, é tudo o mesmo. Só há um significado em assistir à missa: ter uma relação e tempo para Jesus».
Perante a insistência da jornalista se é necessário rezar por Hong Kong, concluiu de forma esclarecedora: «Claro que sim! Nós, enquanto católicos, cristãos, rezamos pelas pessoas de Hong Kong e de todos os outros sítios, para que tenham uma vida pacífica e bem sucedida, acreditando em Deus».
Mais curtas foram as declarações de Bessy, Jaqueline e Verónica. «Penso que não só em Macau, mas em todo o mundo, é o espírito da igreja rezarmos uns pelos outros, independentemente de onde estamos. Precisamos de ter paz, em nós, na nossa mente. Vamos rezar em vez de ir para a rua», disse Bessy. «Quero rezar pela paz. É a única coisa que posso fazer», referiu Jaqueline. «Macau e Hong Kong são vizinhas, e se algo acontecer hoje em Hong Kong pode eventualmente acontecer aqui no futuro», sublinhou Veronica.
Numa análise mais política, Lucas Chan defendeu aos microfones da TDM ser necessário «estabilidade [em Macau]porque vai afectar os negócios estrangeiros e os investidores estrangeiros».
José Miguel Encarnação