IGREJA DO CARMO ACOLHEU PRIMEIRA COMUNHÃO E PROFISSÃO DE FÉ

Crianças da Taipa vão cantar músicas sobre Jesus e a pandemia

IGREJA DO CARMO ACOLHEU PRIMEIRA COMUNHÃO E PROFISSÃO DE FÉ

A Irmã Maria Lúcia Fonseca, missionária franciscana e catequista na paróquia do Carmo, criou um música para explicar a pandemia às crianças com quem trabalha. O tema deverá ser interpretado no final do mês, na celebração que marca o encerramento da catequese na Taipa. No último Domingo, três crianças fizeram a Primeira Comunhão e quatro outras a Profissão de Fé na igreja de Nossa Senhora do Carmo.

A fé não pode parar. O veredicto é da Irmã Maria Lúcia Fonseca, da Congregação das Franciscanas Missionárias de Nossa Senhora, que presta assistência à comunidade lusófona que frequenta a igreja de Nossa Senhora do Carmo, na Taipa. No passado Domingo, a Paróquia engalanou-se para receber a Primeira Comunhão e a Profissão de Fé de sete crianças, numa celebração que só se tornou viável graças a uma grande dose de perseverança pessoal.

No auge da pandemia, a Irmã Maria Lúcia Fonseca optou por fazer uso das novas tecnologias com o propósito de impedir que a catequese fosse interrompida. «Eu nunca parei de dar a catequese, mas dei-a através do Zoom. Primeiro dei através do WhatsApp e depois dei através de videoconferência, mas nunca parei. Quando as coisas começaram a ficar melhores, chamei o grupinho dos pais das crianças mais velhas e estive duas horas com eles por semana, um pouco mais ou menos. Mas, na verdade, eu nunca parei com eles, até porque eles estavam interessados e entusiasmados em fazer a sua Primeira Comunhão», afirmou em declarações a’O CLARIM.

Em resultado do esforço, três crianças receberam pela primeira vez o Sangue e Corpo de Cristo e quatro outras viram a sua vivência da fé confirmada, numa cerimónia sobre a qual o omnipresente espectro do novo coronavírus ainda pairou, sem contudo assustar. «A igreja esteve compostinha. Não esteve muita, muita gente, mas esteve compostinha e, Graças a Deus, aqui em Macau não tem havido novos casos da doença», recordou a Irmã Maria Lúcia. «Ainda assim, fizemos a celebração normal, mas respeitámos a indicação de usar máscara. Toda a gente tinha máscara, toda a gente! As crianças da Primeira Comunhão, o presidente da Assembleia e, portanto, os sacerdotes também: quem cantou, quem actuou. Toda a gente respeitou as regras. Mas não deixámos de louvar a Deus. E as crianças sentiram-se muito felizes», assegurou a religiosa. As duas cerimónias estavam inicialmente agendadas para os dias 24 e 25 de Maio, mas acabaram por ser adiadas por duas semanas.

Na opinião da Irmã Maria Lúcia Fonseca, são momentos como os que foram celebrados no Domingo que dão vida à Igreja, ainda que as novas tecnologias tenham permitido a abertura de novos canais de evangelização. «Na minha perspectiva, estas cerimónias dão vida à Igreja. Depois das paragens que a pandemia nos exigiu, estamos lentamente a recuperar essa vida. Eu tenho fé que as pessoas não deixaram de acreditar em Deus. As que acreditam até fortaleceram a sua fé e outros até terão voltado para Deus, não se sabe», referiu. «Eu não parei, porque a fé não pode parar. Para ouvir falar de Jesus ninguém nos impede. Eu posso ouvir falar de Jesus através do telefone, através de um canal de televisão, através de videoconferência. Por exemplo, o padre Daniel – e eu louvo-o por isso – criou muitos vídeos, esteve em directo através da Internet e conseguiu comunicar com muita gente que o quisesse ouvir. E ele não saiu do espaço dele», exemplificou a religiosa da Congregação das Franciscanas Missionárias de Nossa Senhora.

Apesar de não ter inviabilizado a participação na catequese das crianças da paróquia de Nossa Senhora do Carmo e de não ter impedido ou adiado a realização, quer da Primeira Comunhão quer da Profissão de Fé, a pandemia do novo coronavírus trocou as voltas a Irmã Maria Lúcia Fonseca em mais do que um sentido. A irmã franciscana tinha previsto dinamizar, na altura da Páscoa, uma reconstituição ao vivo da Ceia Pascal. A iniciativa, que recuperava uma representação similar conduzida há alguns anos, acabou por ser cancelada devido à crise de saúde pública. «Tinha previsto no Tempo da Quaresma, mais ou menos no Domingo de Ramos, fazer com as crianças da catequese participassem na celebração da Ceia Pascal, ao vivo. Tinha previsto fazer esta reconstituição no adro da igreja. Ora, não foi possível. Provavelmente fá-la-emos para o ano, se Deus quiser», revelou a Irmã Maria Lúcia, acrescentando: «Eu fiz isto acho que foi em 2014 ou em 2015 e este ano pensei repetir com outras crianças, com outras pessoas».

A PANDEMIA EXPLICADA AOS MAIS NOVOS

A religiosa franciscana tencionava ainda encerrar a catequese com um pequeno concerto com canções alusivas à vida de Jesus, na sequência de uma primeira iniciativa na índole do que foi organizado no período do Natal. «Este ano, a nossa catequese foi falar sobre Jesus e conhecer a vida dele e, portanto, foi tudo musicado. No dia 15 de Dezembro, fizemos uma representação ao vivo fora da igreja, na festa de Natal da Paróquia, e tínhamos previsto, no fim do ano, fazer uma espécie de coral, com as canções de Jesus, da vida de Jesus e terminaríamos assim a catequese», salientou a Irmã Maria Lúcia Fonseca. «Agora não foi possível, porque já não é tão fácil ensaiar. Até podia ter feito uma gravação e enviar para cada um, para que ouvissem e aprendessem individualmente, mas eu não sei eles a iam ouvir ou não».

Apesar das limitações, a iniciativa deverá materializar-se no final do corrente mês, ainda que num formato reduzido. A 28 de Junho, as crianças que frequentam a catequese na paróquia de Nossa Senhora do Carmo devem interpretar duas canções, escritas pela Irmã. Uma delas versa precisamente sobre o impacto da pandemia. «Estou a ver se cantamos duas coisinhas, embora de tipos diferentes, mas uma é sobre Jesus, sobre quem é Jesus e a outra é sobre a pandemia», concluiu a missionária.

Marco Carvalho

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