Contra todas as formas de globalização

A Identidade como garante da dignidade humana

O ser humano é um ser social. Nasce, vive e morre convivendo e aprendendo com outros seres humanos. Uma vida inteira de isolamento total é incompatível com a natureza humana, pelo que podemos afirmar que o Homem, para poder singrar no meio de uma Natureza que tantas vezes lhe é adversa, tem de viver no seio de um colectivo. Mas, para que possa ganhar auto-confiança e enriquecer esse mesmo colectivo com a sua diferença, necessita também de ver assegurada a sua individualidade. Há pois que buscar um ponto de equilíbrio entre a dimensão colectiva e a dimensão individual do Homem.

Esta reflexão aplica-se também às grandes doutrinas que têm pautado o pensamento político e económico dos últimos séculos: enquanto o liberal-capitalismo incentiva o individualismo, o “cada um por si”, o consumo desenfreado e a lei do triunfo do mais capaz de singrar à custa de todos os outros (filosofia tão bem expressa nesse famoso símbolo do liberal-capitalismo selvagem que é o jogo do “Monopólio”), o Marxismo visa a colectivização, privando o ser humano da sua individualidade e reduzindo-o a uma mera peça de uma máquina chamada Estado, que tudo domina. Ambas estas filosofias têm-se revelado verdadeiros fracassos em termos sociais: a primeira porque gera um clima de competição destrutiva na sociedade e a segunda porque castra o ser humano, privando-o da sua individualidade e desmotivando-o de contribuir para a evolução de todos através da sua iniciativa. Mais grave ainda, estas duas filosofias tratam de querer impor-se à escala global, tendencialmente privando o Homem dos seus laços e afinidades – para que não pense em mais nada senão no consumismo e na luta pelo lucro (no caso do liberal-capitalismo) ou em servir a máquina do Estado (no caso do marxismo).

Chegamos assim a duas faces da mesma moeda, que no léxico da política actual se designam por Globalização Capitalista e por Globalização “Alternativa” (marxista). Mas, perguntamos nós, que liberdade terá o ser humano em sociedades onde não é mais do que uma unidade isolada em constante competição selvagem com os outros, ou em que não passa de uma mera peça de uma engrenagem, sem direito a enriquecer-se a si e ao colectivo através de iniciativas próprias? E que liberdade poderá ter qualquer indivíduo se não lhe restar outra alternativa senão viver segundo um daqueles dois modelos, que têm por objectivo último impor-se à escala global?

O nacionalismo verdadeiro apresenta-se como alternativa/ponto de equilíbrio entre o individualismo radical do liberal-capitalismo e o colectivismo igualmente radical do marxismo, pois incentiva a individualidade e a iniciativa privada de cada pessoa, sim, mas desde que isso não coloque em causa a coesão do colectivo onde essa mesma pessoa se insere. Assim, garante que o ser humano possa manter equilibradamente as duas dimensões que o caracterizam e que lhe garantem a felicidade e o equilíbrio: a dimensão individual e a dimensão colectiva. Mas vai mais longe: numa altura em que o Mundo parece dominado pelas ideologias e forças globalizadoras, que pretendem destruir as Nações e as Identidades para assim poderem criar um Governo Único à escala planetária, o Nacionalismo responde apresentando a preservação das Identidades Nacionais como resposta e como única forma de fazer face ao perigo de perda da liberdade que o ser humano e os Povos correriam se em todo o Mundo houvesse uma só filosofia, um só modelo económico e um só sistema de Governo, no qual a classe política dominante arrasaria todas as propostas alternativas, para poder manter assim os seus privilégios.

Por isso afirmamos que a única forma de garantir a dignidade humana e a liberdade do ser humano é defender as Identidades dos Povos, para que estes possam viver em contacto uns com os outros, mas cada um segundo os seus próprios modelos e formas de ver o Mundo e para que não haja assim um modelo e uma oligarquia únicos à escala mundial. O nacionalismo defende pois um mundo multipolar, e qualquer outra forma de “nacionalismo” que não respeite este princípio não passará de imperialismo. Com efeito, onde existe uma Identidade existe um Povo diferente de todos os outros. E, onde há um Povo, existe um conjunto de indivíduos que, por formarem um todo homogéneo, podem mais legitimamente reclamar o seu direito à soberania e, desde logo, à liberdade, pois uma Nação só é livre quando é soberana.

A prova de que a preservação da Identidade torna mais fácil a luta pela Soberania e pela Liberdade é evidente: é com base nisso que reconhecemos que fez sentido, por exemplo, reclamar a independência da Arménia em relação à Rússia, mas não faria sentido reclamar a independência da Beira Alta em relação a Portugal. Onde houver Povos diferentes haverá pois mais legitimidade para reclamar a soberania e onde houver soberania estará garantida a liberdade dos Povos, que deverão depois garantir aos seus filhos a liberdade suficiente para evoluírem sem porem em causa a coesão do todo onde se inserem.

É tempo pois de projectarmos um futuro não de escravatura mas sim de equilíbrio, justiça e liberdade. Por um Portugal livre e soberano, gritemos bem alto: contra as globalizações, ergamos as nações!

José Pinto Coelho

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