Adventistas do Sétimo Dia – IX
À espera do sábado da eternidade, a espiritualidade adventista é singular e assente em fundamentos claros e determinantes. Como, por exemplo, crescer em Cristo. Com a sua morte na cruz, Jesus triunfou sobre as forças do mal. Ele, que durante o Seu ministério terreno subjugou espíritos demoníacos, quebrou o poder destes e garantiu a condenação final dos mesmos. Esta vitória de Jesus, acreditam os Adventistas do Sétimo Dia, confere a vitória sobre as forças do mal que ainda tentam dominar o mundo. Todavia, esse crescimento em Cristo permite ao crente caminhar em paz, alegria e na segurança do Seu amor.
Graças a Cristo, o Espírito Santo habita em nós e capacita-nos com o seu poder, crêem os adventistas. Estes sentem-se como que eternamente rendidos a Jesus como o Salvador e Senhor, que os ajuda a libertar do peso das acções passadas. Para os Adventistas do Sétimo Dia (ASD), graças a essa crença, não se vive mais nas trevas, nem com medo dos poderes do mal, nem na ignorância e na falta de sentido que caracterizava o modo de vida antigo.
São norteados, crêem, numa nova liberdade em Jesus, sentindo-se impelidos a crescer à semelhança do Seu carácter, procurando manter uma comunhão diária com Jesus na oração, alimentar-se da sua Palavra, meditando n’Ele e na Sua providência, cantando os Seus louvores, reunindo-se para adorar e participar na missão da igreja. Neste fundamento cristocêntrico, sentem-se assim chamados a seguir o exemplo de Cristo em atender compassivamente às necessidades físicas, mentais, sociais, emocionais e espirituais da Humanidade, a qual procuram servir e ajudar a mitigar o seu sofrimento. Doando-se no serviço de amor aos que estão à sua volta, procurando dar testemunho da sua salvação em Cristo, em virtude da Sua presença constante entre os que acreditam, através do Espírito, o crente poderá transformar cada um dos seus momentos e cada uma das suas tarefas em experiência espiritual.
IGUALDADE, CONSCIÊNCIA, MISSÃO –Há como que uma unidade no Corpo de Cristo, que é a igreja, observam os ASD. A igreja é comparável a um corpo composto de muitos membros, abarcando gentes de todas as nações, línguas e povos. Daí resulta a crença na igualdade, à imagem de Cristo, como se através d’Ele o mundo se tornara numa nova criação. As diferenças de raça, cultura, educação e nacionalidade, entre altos e baixos, ricos e pobres, homens e mulheres, não devem causar divisões entre os seres humanos, advogam os ASD. Defendem que todos são iguais em Cristo, que pelo mesmo Espírito uniu a Humanidade em comunhão com Ele e uns com os outros. Por isso, deve-se servir e ser servido sem parcialidades ou reservas. Por meio da revelação de Jesus nas Escrituras, gera-se a partilha da mesma fé e esperança, do mesmo testemunho. Essa unidade tem a sua origem na crença trinitária adventista, ou seja, na singularidade do Deus trino, que nos adoptou como Seus filhos.
Ainda neste caminho em Cristo, os ASD dão particular ênfase à Ceia do Senhor, como forma de participação no Seu sofrimento, através dos símbolos do corpo e sangue de Jesus como uma expressão de fé em Jesus, o Salvador. É uma experiência de comunhão em Cristo, que assim vem ao encontro do seu povo e o fortalece, reverberam os ASD. Não há muitas diferenças em relação a outras denominações, talvez apenas na forma. Como noutros credos, impõe-se aos fiéis uma preparação para a participação na Ceia, que inclui um exame de consciência, arrependimento e confissão, podendo também cumprir-se um lava-pés, imitando Jesus, como forma de renovar a purificação pela ablução ritual, além de expressar a disposição de servir o Outro com humildade cristã. Nesta devoção, insere-se o serviço da Comunhão entre os adventistas, que está aberto a todos os crentes cristãos.
A Igreja universal é composta por todos os que realmente acreditam em Cristo, recordam os ASD. Como convictos que são da espera do advento redentor, os ASD acreditam que nos últimos dias antes desse momento viver-se-á numa época de apostasia generalizada, como se fosse um sinal da proximidade do grande sábado eterno. Nesta convicção, acreditam os ASD que alguém ficará, como se fosse um Remanescente, com um chamamento para cumprir a missão de guardar os mandamentos de Deus e a fé de Jesus. Este remanescente anunciará a chegada da hora do Juízo, proclamará a salvação por meio de Cristo e anunciará a proximidade de sua segunda vinda. Assim acreditam os adventistas. Esta proclamação é simbolizada pelos três anjos que surgem em Apocalipse 14, com o Julgamento no céu e, como resultado, a obra de arrependimento e reforma na Terra. Todos os crentes serão convidados a participar pessoalmente nesta passagem de testemunho.
Recordamos aqui uma crença importante entre os ASD, ligada a esse momento supremo: o Dom da Profecia. As Escrituras, segundo os adventistas, recordam que um dos dons do Espírito Santo é a profecia. Este dom é uma marca de identificação da dita igreja remanescente, uma crença que foi manifestada e divulgada no ministério de Ellen G. White. Os seus escritos, para os ASD, falam com autoridade profética e fornecem conforto, direcção, instrução e correcção para a igreja. A partir deles, torna-se claro, para qualquer adventista, que a Bíblia é o padrão para todo o ensino e experiência humanos.
Deus concede também a todos os membros da sua igreja, em todas as épocas, dons espirituais para cada membro usar num ministério de amor para o bem comum da igreja e da Humanidade. Tudo através da acção do Espírito Santo, que distribui os dons a cada membro de acordo com a Sua vontade. Os dons são a inspiração para todos os ministérios e capacidades de que a igreja precisa para cumprir as suas funções, que foram divinamente ordenadas. De acordo com as Escrituras, esses dons incluem ministérios como a fé, a cura, a profecia, a pregação, o ensino, a administração, a reconciliação, a compaixão, o serviço abnegado e a caridade. Dons e ministérios que servem para ajudar e encorajar os outros. Alguns membros são chamados por Deus e dotados pelo Espírito para exercer funções reconhecidas pela igreja em ministérios pastorais, evangelísticos e de ensino, particularmente necessários a fim de preparar os membros da igreja para o serviço que a todos compete, edificar a igreja com o propósito de atingir a maturidade espiritual e promover a unidade de fé e conhecimento de Deus. Quando os membros usam esses dons espirituais como “administradores” fiéis da multiforme graça de Deus, a igreja fica protegida da influência destrutiva das falsas doutrinas, podendo crescer por meio do desenvolvimento dado por Deus e, por isso, ser edificada na fé e no amor, defendem os adventistas.
Vítor Teixeira
Universidade Católica Portuguesa