NOVO ANO LITÚRGICO – ANO A

Ciclos de celebração e louvor na Igreja orante

NOVO ANO LITÚRGICO – ANO A – TEVE INÍCIO A 1 DE DEZEMBRO (1.º DOMINGO DO ADVENTO)

Com a entrada no novo Ano Litúrgico (Ano A) somos chamados a reflectir na forma como a Igreja organiza a Liturgia da Palavra dentro dos seus diversos ciclos, que ao lado da Eucaristia formam os “órgãos” vitais da vivência da fé cristã católica. Scott Hahn, teólogo contemporâneo, tem afirmado em muitas das suas palestras que «os católicos não vivem uma religião do livro, mas sim uma religião da Palavra, e essa Palavra é o próprio Cristo!», indo ao encontro do início do Evangelho de São João.

A Liturgia da Palavra passa por três ciclos. Cada um destes ciclos, também chamados de Anos Litúrgicos A, B e C, tem a sua sequência própria nas leituras do Antigo e do Novo Testamento. O Ano A tem como leitura principal o Evangelho de São Mateus. O Ano B, o Evangelho de São Marcos, e o Ano C, o Evangelho de São Lucas. O Evangelho de São João é reservado para ocasiões especiais, principalmente grandes Festas e Solenidades, com ênfase na Semana Santa.

O Ano Litúrgico foi elaborado pela Igreja com o objectivo de comemorar os acontecimentos marcantes da História da Salvação e difere do Ano Civil, pois inicia-se no 1.º Domingo do Advento e termina no último sábado do Tempo Comum, ou seja, na véspera do 1.º Domingo do Advento.

Os quatro Domingos antes do Natal são os ditos do Advento, palavra que significa “vinda”, “chegada”. Aqui o ensinamento da Igreja Católica está direccionado para o anúncio da vinda do Messias e lembra a espera da Humanidade, escrava do pecado, pelo Salvador. É um tempo de penitência e conversão. A cor predominante é o roxo, mas recomenda-se o rosa no 3.º Domingo do Advento. O Advento termina na tarde do dia 24 de Dezembro. Segue-se a Solenidade do Natal, um tempo de alegria e júbilo – daí o uso da cor branca – pois lembra o Nascimento de Jesus em Belém, em que celebramos a humanidade de Deus e festejamos a Salvação que entrou definitivamente na nossa história. A Festa do Natal começa com a Vigília Natalícia, no dia 24 de Dezembro, e prolonga-se até 6 de Janeiro.

No Domingo seguinte ao Natal comemora-se a Epifania, que dura três semanas – festa que lembra a manifestação de Jesus como Filho de Deus. É celebrada, todos os anos, a 6 de Janeiro. Neste dia aparecem de novo os Reis Magos para mostrar que esta é uma manifestação dedicada a todas as nações da Terra.

Além da Solenidade da Epifania há outras manifestações do Senhor celebradas no ciclo do Natal, como, por exemplo, a Solenidade da Santa Mãe de Deus (1 de Janeiro), com a qual se encerra a Oitava do Natal. Celebra-se também a Festa da Sagrada Família, no Domingo entre os dias 26 a 31 de Dezembro. Se não houver Domingo neste período, a Festa da Sagrada Família é celebrada a 30 de Dezembro, qualquer que seja o dia da semana.

A Festa do Baptismo do Senhor encerra o ciclo do Natal. A data desta celebração depende da Solenidade da Epifania. Se a Epifania for celebrada até 6 de Janeiro, então o Baptismo do Senhor celebra-se no Domingo seguinte. Se, porém, a Epifania for celebrada a 7 ou 8 de Janeiro, então a Festa do Baptismo do Senhor é celebrada no dia seguinte.

A Festa do Baptismo do Senhor marca o início da vida pública e missionária de Cristo. A cor predominante é o branco.

O início do Tempo Comum, na sua primeira parte, começa na segunda-feira após o Baptismo de Jesus e termina na véspera da Quarta-feira de Cinzas. A Igreja incute então a esperança e insiste na escuta atenta da Palavra. A cor deste tempo é o Verde, símbolo da esperança cristã.

Em seguida vem o período da Quaresma e da Páscoa. A Quaresma começa com a Quarta-feira de Cinzas e estende-se até ao Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor. Sendo um tempo de penitência e conversão, a Igreja apela de forma especial ao jejum, à caridade e à oração; neste período omite-se o canto do Glória na Celebração Eucarística. É a preparação para a Páscoa do Senhor. Os quarenta dias da Quaresma unem-nos ao Salvador: “Todos os anos, pelos quarenta dias da Grande Quaresma, a Igreja une-se ao mistério de Jesus no deserto” (Catecismo da Igreja Católica, nº 540). A cor utilizada é o roxo, como no tempo do Natal. O rosa pode ser usado no IV Domingo da Quaresma, representando a tristeza. O ponto alto deste tempo é a Semana Santa. O ensinamento está direccionado para a Misericórdia de Deus.

A Páscoa começa com a Ceia do Senhor na Quinta-feira Santa. Neste dia é celebrada a instituição da Eucaristia e do Sacerdócio. A cor utilizada é o branco, que representa a Ressurreição, vitória, pureza e alegria; é a cor dos baptizados. Pela manhã, há missa do Crisma, que a todos reúne em torno do bispo. Na sexta-feira celebra-se a Paixão e a Morte de Jesus, sendo que a cor utilizada é o vermelho. É o único dia do ano em que não há Celebração Eucarística, sendo substituída pela Celebração da Palavra. No sábado é realizada a Vigília Pascal. Este é o Tríodo Pascal rumo ao ponto máximo da Páscoa – o Domingo da Ressurreição. A Alegria de Cristo Ressuscitado constitui a espiritualidade da Páscoa. Tem-se como ensinamento a Ressurreição e a vida eterna, pois Cristo venceu a morte! A cor usada é o branco. A palavra Páscoa significa “passagem”, o que representa para os cristãos a passagem do pecado e da morte para a graça e para a vida. A Festa da Páscoa não se restringe ao Domingo da Ressurreição, mas estende-se até à Festa de Pentecostes, cuja celebração ocorre cinquenta dias após a Páscoa. Jesus ressuscitado volta ao Pai e envia-nos o Paráclito, o Espírito Santo que anima a Igreja na caminhada em direcção à casa do Pai. A cor utilizada é o vermelho que lembra o fogo do Espírito Santo, o qual nos dá a força para testemunhar a verdade e socorre-nos com os seus dons.

Após o Domingo de Pentecostes inicia-se a segunda parte do Tempo Comum que vai até à véspera do Primeiro Domingo do Advento. Ao todo são 34 semanas. A vivência do Reino de Deus é o tema da espiritualidade e o ensinamento está voltado para a certeza de que os cristãos são o sinal desse Reino. O verde é a cor predominante. Note-se que o Tempo Comum não é um tempo vazio. É um momento no qual a Igreja continua a obra de Cristo.

AS CORES LITÚRGICAS

As cores na Igreja têm algo a comunicar-nos. Na verdade, a cor usada num certo dia é válida para toda a Igreja, que obedece ao Calendário Litúrgico. Mas o que simbolizam as cores usadas?

Verde– Simboliza a esperança que todo cristão deve professar e é usado nas missas do Tempo Comum.

Branco– Simboliza a alegria cristã e o Cristo vivo e é utilizado nas missas de Natal, Páscoa, etc. Nas grandes solenidades pode ser substituído pelo amarelo ou, mais especificamente, pelo dourado.

Vermelho– Simboliza o fogo purificador, o sangue e o martírio e é usado nas missas da Páscoa (Sexta-feira Santa), Pentecostes e Santos Mártires.

Roxo– Simboliza a preparação, penitência ou conversão e é recorrente nas missas da Quaresma e do Advento.

Rosa– Raramente utilizada nos dias de hoje, simboliza uma breve “pausa” na tristeza da Quaresma e na preparação do Advento.

Preto– Também em desuso, simboliza a morte e é usado em funerais; vem sendo substituída pela cor roxa.

Miguel Augusto 

 com cónego José Geraldo Vidigal de Carvalho e Felipe Aquino

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