China, Grande Prémio e chocos com tinta

Em entrevista concedida esta semana ao jornalista Pedro Daniel Oliveira, o padre Alberto Rossa, missionário clareatiano, surpreende-nos com três declarações: os Estados Unidos boicotam a relação entre a China e o Vaticano, por via dos bispos americanos; o Governo Central vê na Igreja Católica um pólo difusor dos valores morais; e a Associação Patriótica vai revelando maior condescendência perante determinadas actividades do clero.

De forma curta e grossa, sem subterfúgios, o padre Alberto Rossa contraria o pensamento vigente sobre o posicionamento da Igreja na China, remetendo todas as questiúnculas para a falta de diálogo que vai subsistindo entre a Santa Sé e Pequim, uma vez que no terreno a situação parece melhorar.

De novo está em causa o excesso de autonomia da Igreja nos Estados Unidos. Os bispos americanos esquecem constantemente que a Cadeira de Pedro está em Roma, ainda que as últimas directivas do Papa Francisco sejam no sentido de repor o respeito pela hierarquia do Vaticano.

Desde o século passado há milhões de católicos chineses que esperam o reatar definitivo das relações diplomáticas entre o seu país e a Santa Sé. Cabe pois à Cúria Romana tomar uma atitude de força para calar as vozes dissonantes, pertençam elas a quem pertencerem.

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O 61º Grande Prémio de Macau foi um sucesso a nível desportivo e organizativo. Ao contrário de outras edições, não houve grande interferência do “safety car” – em resultado do menor número de acidentes e da atempada remoção dos carros imobilizados no circuito, – o público voltou a encher as bancadas e as autoridades foram resolvendo com agilidade os transtornos causados no dia-a-dia da população.

A única nota negativa a assinalar foi a intransigência do Suncity Group em não permitir a inserção de publicidade de outras empresas do sector do Jogo, o que obrigou Rodolfo Ávila a retirar a maioria dos “stickers” do seu Porsche 997 GT3 Cup. Valeu-lhe a palavra dada pelos patrocinadores, que mesmo prejudicados garantiram que irão custear as despesas de participação no GPM.

A avaliar pelos “outdoors” espalhados pelo Circuito da Guia, chega-se à conclusão que a diversificação da economia é um desígnio falhado, dada a ausência de inúmeras companhias e marcas que outrora eram parte integrante do evento, e do domínio quase absoluto dos grandes grupos de entretenimento.

Pela primeira vez, O CLARIM teve a honra de se associar a alguns pilotos, que ostentaram o nome do jornal nos seus carros. Publicamente agradecemos a Rodolfo Ávila, Belmiro de Jesus Aguiar, Sérgio Lacerda, Jerónimo Badaraco, Rui Valente, Andy Yan, Hélder Brito da Rosa, Charoensukhawatana Nattavude, Rui Clemente e Nuno Caetano (motos).

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Rebentou mais um escândalo em Portugal, desta vez a envolver os “vistos gold”. Nada que surpreenda! Um povo mais propenso a corromper-se – quando a fome aperta, vale tudo, – dinheiro a rodos e falta de fiscalização, o que se poderia esperar?

Depois da detenção dos principais prevaricadores, acabou por cair o elo mais fraco do cambalacho, Miguel Macedo, o ministro da Administração Interna, que nada sabia, mas que teve de assacar com as responsabilidades políticas. Outros deviam seguir o exemplo e começar a gozar mais cedo as férias de Natal…

A excitação do Governo de Portugal aquando da apresentação dos “vistos gold”, nomeadamente do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas e sua trupe, logo deixou antever o desfecho da novela, “realizada” por embaixadas, consulados e demais missões diplomáticas. Até ao final do mandato, o mais certo é José Cesário passar de polvo a choco. Cortados os tentáculos, resta esconder-se na tinta.

José Miguel Encarnação

jme888@gmail.com

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