Um dever, sempre e em qualquer lugar
Foi uma visão encantadora. A menina aproximara-se da máquina de venda automática de bilhetes, colocada no interior de uma estação do MRT (metropolitano) de Taipé. Seguindo as instruções verbais da máquina, conseguiu concretizar a aquisição. E quando a máquina a informou que o bilhete estava pronto, aproximou-se para o recolher, fez uma vénia e disse «xie xie» (Obrigado).
Faz parte da educação aprender a dizer obrigado. Os nossos pais certificam-se de que adquirimos esse hábito.
Reconhecer um favor, a boa vontade de alguém ou um presente recebido, é um dever de justiça. Faz parte das boas maneiras. A pessoa que recebeu um presente, ou a quem fizeram um favor, necessita de reconhecer o que a outra pessoa fez por ela. E, como vimos, o “Outro” mais importante é Deus!
Sempre que Jesus rezava começava com um agradecimento a Deus Pai. O “Catecismo da Igreja Católica” (nº 2604) lembra-nos, por exemplo, o facto de que Jesus, antes de ressuscitar Lázaro, rezou assim: “Pai, agradeço-vos por me teres ouvido”. Jesus fazia-lo sempre. Agradecia ao Pai, sempre!
Quando estamos na missa o celebrante diz, em nosso nome: “É certo e justo, nosso dever e nossa salvação, sempre e em qualquer lugar, agradecer-vos, a Vós, Senhor Pai Santo…”. Eu faço-o, sempre e em qualquer lugar. E porquê sempre, porquê em qualquer lugar? Porque Deus nos abençoa continuamente. Abençoa-me com coisas a que eu chamo de coisas “boas” e coisas “más”, abençoa-me com a sua Cruz, honra-me com esse facto.
Quando pedimos a um padre que nos abençoe, ele faz o Sinal da Cruz. Deus abençoa-nos de muitas formas, e uma dessas formas é através de tudo o que Vós permitiste que acontecesse, de tudo o que Vós evitaste que acontecesse na Cruz. A Cruz purifica-nos, fortalece-nos, dá-nos a oportunidade de participarmos na salvação das almas.
Uma vez mais, o “Catecismo da Igreja Católica” (nº 1648) ensina-nos: “Toda a alegria, todo o sofrimento, cada acontecimento, pode tornar-se em oportunidade de agradecimento; partilhando esse facto com Cristo preencherá a vida de uma pessoa: ‘Agradece em todas as circunstâncias (1 Tessalonicenses 5: 18)’”.
São Josemaría disse uma vez que quando conseguirmos agradecer a Deus por tudo o que nos acontece, teremos avançado bastante no que respeita à nossa vida espiritual. Ele rezava a seguinte oração de acção de graças repetidamente durante o dia: “Agradeço-Vos, Deus Todo Poderoso, por todos os bens – ‘etiam ignotis’ (mesmo desconhecidos) – incluindo aqueles de que não estamos conscientes, ou que eu ignoro”.
Deus abençoa-nos constantemente, mas nós facilmente tomamos essas bênçãos como certas. “Por vezes, aqueles que Jesus chamara para serem os seus amigos mais íntimos, aqueles a quem Ele concedera uma vocação privilegiada, eram os que lhe demostravam menor gratidão” (Padre Gabriell de Santa Maria Madalena, “Divina Intimidade”, 283,1).
Deixem-nos aprender a dizer “obrigado”, repetidamente. Santa Teresa de Ávila exclamou: “Oh! Como a grandeza dos Seus favores condenará os que não forem agradecidos”.
A gratidão atrai mais graças. Faz com que as nossas orações sejam mais eficazes. A nossa própria experiência diz-nos que é mais fácil fazermos um favor aos que sabem como reconhecer o que fazemos por eles, do que àqueles que têm a nossa boa vontade como facto garantido.
A gratidão faz-nos descobrir coisas a que devemos agradecer. Quando começamos a agradecer a Deus verificamos que Ele nos abençoa de muitas formas, em todos os momentos.
A gratidão ajuda-nos a sermos humildes e a lembra-nos de que dependemos dos outros, em muitas coisas.
Pai Celestial, agradeço-Vos “por tudo o que Vós nos deste, por tudo o que Vós nos retiveste, por tudo o que Vós nos tiraste, por tudo o que Vós permitiste que acontecesse, por tudo o que Vós evitaste que acontecesse, por tudo o que Vós me perdoaste, por tudo o que Vós preparaste para mim, pela morte que Vós escolheste para mim, pelo lugar que Vós tendes para mim no Paraíso, por me teres criado para Vos amar por toda a eternidade”. Obrigado, Obrigado, Obrigado!
Pe. José Mario Mandía