CATEDRAL DE TRIER

CATEDRAL DE TRIER: Manto sem Costuras de Jesus guardado a sete chaves

Uma hora de viagem de automóvel, por terras alemãs, levaram-nos à cidade onde se encontra a mais antiga catedral da Alemanha. Situa-se em Trier, considerada a cidade mais antiga do País, e a sua construção foi terminada no ano 270, pelo imperador Constantino.

A Catedral de São Pedro, em Trier, o berço do Sacro Império Romano (em Alemão: “Hohe Domkirche St. Peter zu Trier”), é um edifício notável com mais de cem metros de comprimento.

A sua construção realizou-se por fases, sendo que a mais antiga remonta ao tempo dos romanos, época em que a capela-mor foi edificada (com tijolos romanos, claro está), ainda sob a direcção de Santa Helena, mãe do imperador Constantino. Foi inscrita na Lista do Património Mundial da UNESCO em 1986, até porque, mais não seja, foi erguida sobre as fundações dos edifícios romanos de Augusta Treverorum, a cidade que antecedeu a Trier.

Após a conversão do imperador Constantino, o bispo Maximin, de Trier, coordenou a construção do então maior conjunto de estruturas eclesiásticas do Ocidente, fora de Roma. A fase correspondente ao Século IV foi destruída pelos francos e reconstruída posteriormente. A seguir, os normandos destruíram-na novamente, em 882, e sob o comando do arcebispo Egbert foi mais uma vez reconstruída.

A catedral que hoje podemos apreciar ainda mantém uma secção central da época dos romanos, sendo as suas paredes as originais. O enorme fragmento de uma coluna de granito junto à entrada da Sé é outro indício da origem romana do edifício.

O interior é constituído por três naves de estilo românico, com abóbadas góticas, albergando a capela barroca da relíquia do Manto sem Costuras de Jesus, recuperada do interior do altar-mor em 1512.

Em cima do relógio da torre pode-se ler a inscrição, em Latim, “NESCITIS QVA HORA DOMINVS VENIET” (“Não sabemos a que horas o Senhor vem”).

O Manto sem Costuras de Jesus, que garantem ter sido por Ele usado pouco antes da sua crucificação, é a relíquia mais famosa do tesouro da catedral. Está guardado num anexo, sendo exposto ao público muito raramente. A última vez foi em 2012. Além desta relíquia, podemos ainda admirar outras de semelhante valor: pregos da Sagrada Cruz, o crânio de Santa Helena (mãe do imperador Constantino), o altar portátil de Santo André, e uma sandália deste santo que se encontra num relicário composto por uma caixa de carvalho coberta de ouro e marfim, encimada por um modelo dourado do pé do santo com tiras da sandália ornamentadas.

Apesar dos seus longos anos de existência e de ter sido ampliada e renovada várias vezes, a presença de elementos arquitectónicos das épocas clássica, medieval e moderna fazem dela um conjunto de elevado valor que merece uma visita demorada.

Na realidade, há nove locais da cidade de Trier que estão inscritos na Lista do Património Mundial da UNESCO: o Anfiteatro, a Ponte do Rio Moselle, os Banhos Bárbara, a Coluna Igel, a Porta Nigra, os Banhos Imperiais, a Basílica Aula Palatina, a Igreja de Nossa Senhora e a Catedral de São Pedro, razões mais do que suficientes para visitar esta cidade alemã e usufruir de uns dias bem passados.

Os monumentos romanos são incomparáveis a quaisquer outros que se possam encontrar a norte dos Alpes. As estruturas construídas durante os primeiro e segundo séculos – a Ponte do Rio Moselle, os Banhos Bárbara, a Coluna Igel e a Porta Nigra – são um testemunho do robusto centro comercial que foi Trier durante o Período Clássico.

João Santos Gomes

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