Iniciativa poderá servir 120 refeições por dia
É um restaurante como não existe nenhum outro em Macau e deverá abrir portas em Setembro ou até ao final do ano. A Cáritas está prestes a iniciar a fase decisiva do lançamento da sua “cozinha central”, uma estrutura que se propõe oferecer refeições quentes, a preços acessíveis, aos mais necessitados. O projecto poderá ainda empregar cerca de dez pessoas.
Um restaurante aberto a todos, mas que pode vir a cobrar preços diferentes aos clientes – ou até nem cobrar de todo – mediante a capacidade económica de cada um. A mais recente aposta da Cáritas é ambiciosa e de certo modo sonhadora, mas o objectivo da organização liderada por Paul Pun é apenas um: garantir que o maior número possível de pessoas tenha acesso a pelo menos uma refeição quente por dia.
Originalmente, a iniciativa tinha por objectivo responder ao que Paul Pun diz ser uma necessidade cada vez mais premente, a de garantir a segurança alimentar de muitos dos idosos a quem a Cáritas presta serviço domiciliário. Contudo, a pandemia de Covid-19 deixou a descoberto outras situações de grande fragilidade social, o que levou a organização a ampliar o âmbito do projecto. «É um restaurante como todos os outros, que serve refeições a quem lá se dirige, mas que ao mesmo tempo prepara refeições para muitos dos utentes com quem a Cáritas trabalha. Essa é, fundamentalmente, a razão pela qual baptizámos este projecto com o nome de “cozinha central”», explicou o responsável.
A Cáritas já identificou o espaço em que o projecto deverá vir a funcionar, ainda que o contrato de exploração das novas valências, situadas na zona do Mercado Municipal da Horta da Mitra, não tenha ainda sido assinado com o proprietário. Numa primeira fase, esta cozinha “social” deverá servir até 120 refeições quentes por dia e ajudar a criar pelo menos dez novos postos de trabalho. «O propósito inicial é o de nos mantermos fiéis aos nossos objectivos, e os nossos objectivos passam por assegurar refeições quentes a quem a elas não tem acesso. Servir 120 refeições por dia numa fase inicial é um número satisfatório para começar. A longo prazo, no entanto, os nossos objectivos são mais ambiciosos», assegurou.
Entretanto, a Cáritas já criou uma empresa social de entrega de refeições, para fazer chegar um prato quente a quem não o pode custear. «Já estabelecemos uma empresa social com o objectivo de entregar refeições ao domicílio a quem as não pode pagar. Esta iniciativa não é financiada pelo Governo. É óbvio que quem aufere vinte mil patacas por mês pode muito bem pagar 35 patacas por uma caixa de “ta pao”. O objectivo desta empresa é o de entregar as refeições a pessoas que não têm cozinha ou que não conseguem cozinhar», explicou Paul Pun.
Marco Carvalho