Primeira mulher do Opus Dei a ser beatificada
No seguimento da promulgação do decreto de reconhecimento das virtudes heroicas de Guadalupe Ortiz de Landázuri, a jornalista Cristina Abad Cadenas decide aprofundar quando se apercebe de algo que desperta o seu interesse jornalístico: Guadalupe é a primeira mulher (e primeira leiga) do Opus Dei a ser beatificada, no próximo dia 18 de Maio.
“Livre para Amar”(*) é uma obra que resume em cerca de sessenta páginas o percurso de vida de uma mulher que reflecte em tudo aquilo a que se dedica o seu desejo de amar a Deus.
Numa primeira parte, é apresentada uma curta explicação sobre o que é o Opus Dei e a mensagem que São Josemaría Escrivá deixou. Num segundo momento, concretizando a importância do papel das mulheres na Obra e no mundo, a jornalista constrói a rampa de lançamento para a terceira parte: a descrição do percurso de vida de Guadalupe, que parece assentar na perfeição nesse papel. O livro ganha corpo com o lançamento de um “ebook” que contém uma compilação, feita por María del Rincón e María Teresa Escobar, de cerca de 350 cartas enviadas por Guadalupe ao longo dos anos ao Fundador do Opus Dei.
Guadalupe conhece São Josemaría em 1944, quando o sacerdote lhe é apresentado por um amigo depois de um episódio em que “se sentiu tocada pela graça de Deus”. Este encontro ocorre a 25 de Janeiro e, a 19 de Março, Guadalupe pede para ser admitida no Opus Dei. Passa alguns anos no México e em Roma para colaborar com São Josemaría na direcção dos apostolados da Obra, ao mesmo tempo que vai fazendo o doutoramento em Química, que conclui em Madrid com distinção e louvor. Começa então a dar aulas de Química. Morre a 16 de Julho de 1975, devido a um problema cardíaco.
Cristina Abad descreve o percurso, cheio de contratempos e dificuldades, de uma fiel do Opus Dei que mostra desde jovem uma profunda maturidade e uma dedicação completa ao trabalho e ao serviço. É clara a necessidade de escrever uma biografia breve por ocasião do anúncio da beatificação e por esse motivo o livro é extremamente relevante e contribui de um modo bastante positivo para a divulgação do tema. Contudo, na tentativa de resumir ao máximo uma vida rica e vasta em pormenores, acabam por se perder alguns que se mostram essenciais para compreender a fundo a personalidade da futura beata e o seu percurso de vida.
Sabendo que “Livre para Amar” é fruto da perspectiva pessoal de Cristina Abad sobre Guadalupe Ortiz de Landázuri, como a própria confirmou na sua passagem por Lisboa na apresentação do livro, não há dúvidas que cumpre o seu propósito ao mostrar um panorama geral para todos aqueles que não a conhecem e procuram uma primeira abordagem e, sendo essa a sua intenção, a autora alcançou o seu objectivo na perfeição. “Livre para Amar” é uma obra que nos “abre o apetite” para querer saber mais sobre uma pessoa que nos pode ensinar tanto e em tantos campos. Será certamente uma obra para recomendar a todos aqueles que procuram uma breve contextualização e uma primeira fonte de dados.
(*) Editora Lucerna, Cascais, 2019. O livro pode ser pedido directamente à editora ou a algum Centro do Opus Dei: https://opusdei.org/pt-pt/article/onde-encontrar-o-opus-dei-em-portugal/
Maria Inês Moreira