Avós

A Geração “Sanduíche”

Chega um momento na vida em que as pessoas reconhecem que já cumpriram muitas funções ao longo do seu ciclo de vida – casaram, tiveram filhos, educaram-nos. Porém, mesmo que os anos comecem agora a pesar, sabem que ainda há um facto muito importante que as fará sentirem-se realizadas novamente: a possibilidade de serem avós.

Antigamente, nas famílias, avós, filhos e netos viviam todos juntos na mesma casa e os avós intervinham bastante na educação dos netos. Contudo, hoje muito mudou. Os avós do século XXI têm geralmente uma vida mais activa e mantêm um convívio social realmente mais animado. Compreende-se, portanto, que o papel dos avós se tenha transformado, tanto na sua duração, já que hoje se é avô e avó por um maior número de anos, como também nas suas características. Constata-se que os avós de hoje fazem parte da geração intermédia, tornam-se avós jovens – na meia-idade –, no entanto, têm de dividir o seu tempo com os seus pais agora idosos, os seus filhos trabalhadores e os seus netos ainda pequenos. E muitos deles ainda continuam a trabalhar por não estarem na idade da reforma. Na verdade, são uma geração “sanduíche”.

Mas o corre-corre da vida, a impossibilidade de tornar compatível a vida familiar com a vida profissional, a falta de recursos financeiros e a necessária segurança emocional das crianças levam os filhos a contar com os avós como parte da rede de apoio do seu lar. Os avós são considerados como a peça do puzzle que permite que este fique completo e que faça com que a vida se agilize harmoniosamente. Estes novos avós, mais activos e independentes do que nunca, que utilizam o WhatsApp, que saem à noite, que têm aulas de ginástica, que fazem selfies, que viajam, que participam em actividades voluntárias, que se matriculam nas universidades e até têm amigos no Facebook e Instagram, fazem ainda muito mais e desdobram-se para cuidar dos seus netos. O problema é que estes avós modernos, por mais que queiram ajudar os seus filhos, não conseguem fazer tudo. Embora ainda tenham força e vitalidade, acabam por não ter muito tempo de sobra.

«Eu gosto muito de estar com os meus netos, aos fins-de-semana encontramo-nos e conversamos. Mas durante a semana não posso, tenho coisas para fazer», oiço-vos comentar desse lado. Pois bem, como avós é importante que ajudem os vossos filhos e tornem possível a conciliação, mas sempre de maneira equilibrada e não à custa do sacrifício das vossas próprias necessidades. Por isso definam o tempo que podem oferecer aos vossos filhos para cuidarem dos vossos netos e incentivem a criação de um espaço de diálogo, no qual haja respeito pelos tempos e ideias do outro.

Parece-me imprescindível referir que os avós não têm de educar os netos, isso é responsabilidade primeiríssima dos pais. Ainda assim, é importante diferenciar entre fomentar um relacionamento próximo e responsabilizar os avós pela educação dos netos. Educar e formar os filhos não são tarefas delegáveis. Por mais que não seja para que os avós possam ser isso mesmo: avós.

Também não é excessivo afirmar que a relação que os avós têm com os netos é verdadeiramente especial. Muitos investigadores chamam a esta relação de solidariedade funcional. Trata-se de um relacionamento saudável para ambos onde se ressaltam trocas recíprocas. Sem dúvida que os avós dão aos seus netos carinho, amor, valores morais, memórias, experiência de vida, apoio, compreensão, amizade, tempo, companhia e, por sua vez, recebem estímulo, entretenimento, amor, continuidade no futuro e amizade.

Por tudo isto devemos todos nós garantir o bem-estar dos avós, pois eles são um exemplo para as gerações futuras. Além de que é assim que se cuida da sociedade e da sua origem, a família, na qual os avós têm de continuar a ser um suporte sólido, mas, claro, dentro dos seus limites. Aproveitem todos os momentos para se divertirem muito com os vossos netos!

CONCEIÇÃO GIGANTE 

 Família Cristã

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