Quem escreveu a Bíblia?
“Carta de Amor para os Homens” – É o que São João Crisóstomo (347-407) chamava à Sagrada Escritura. É nisso que acreditamos desde o tempo dos Apóstolos: Que a Bíblia vem de Deus.
O Catecismo da Igreja Católica (nº 105) diz-nos que Deus é o autor da Sagrada Escritura. “A verdade divinamente revelada, que os livros da Sagrada Escritura contêm e apresentam, foi neles registada sob a inspiração do Espírito Santo” (“Dei Verbum”, 11 – “Palavra de Deus”, 11).
O CIC acrescenta: “Com efeito, a santa Mãe Igreja, segundo a fé apostólica, considera como sagrados e canónicos os livros completos do Antigo e do Novo Testamento com todas as suas partes, porque, escritos por inspiração do Espírito Santo, têm Deus por autor, e como tais foram confiados à própria Igreja” (“Dei Verbum”, 11; João 20:31; 2 Timóteo 3:16; 2 Pedro 1:19-21; 3:15-16).
No entanto, isto não significa que Deus tenha enviado o livro da Bíblia, na sua totalidade, do Céu para os homens. Ele usou autores humanos para exprimir as Suas palavras em linguagem humana. É o que dizemos ser a “inspiração”. E onde fomos buscar esta palavra? A palavra “inspiração” vem da tradução de São Jerónimo da palavra grega θεοπνευστος (theopneustos, literalmente, “Soprado por Deus” ou “Exalado de Deus”) como “Inspiração Divina”. Esta palavra encontra-se em Timóteo II, 3:16: “De facto, toda a Escritura é inspirada por Deus e adequada para ensinar, refutar, corrigir e educar na justiça”.
O Catecismo da Igreja Católica (nº 106) explica: “Deus inspirou os autores humanos dos livros sagrados. ‘Para escrever os livros sagrados, Deus escolheu e serviu-se de homens, na posse das suas faculdades e capacidades, para que, agindo Ele neles e por eles, pusessem por escrito, como verdadeiros autores, tudo aquilo e só aquilo que Ele queria’” (“Dei Verbum”, 11).
O facto da Bíblia vir de Deus concede-lhes certas propriedades. Quais? Vejamos:
1– Unidade no conteúdo. Há apenas uma origem (Deus) e essa origem não se contradiz a Si própria. Por conseguinte, não existem contradições na Bíblia. Quando parecer existir contradições, levamos em conta os critérios de interpretação das Escrituras. Veremos este assunto na próxima semana.
2– Veracidade e ausência de erros. Deus é Ser e Verdade, e é a origem de todos os seres e da Verdade. A veracidade significa que a Bíblia contém a verdade sobre a nossa salvação (não, ela não pretende ensinar a verdade científica). A ausência do erro (inerrância) significa que ensina a verdade sem erros. O CIC (nº 107) diz: “Os livros inspirados ensinam a verdade. ‘E assim como em tudo o que os autores inspirados ou hagiógrafos afirmam, deve ser tido como afirmado pelo Espírito Santo, por isso mesmo se deve acreditar que os livros da Escritura ensinam com certeza, fielmente e sem erros, a verdade que Deus quis que fosse consignada nas sagradas Letras em ordem à nossa salvação’” (“Dei Verbum”, 11).
3– Santidade ou Bem-Aventurança. (3.1) A Bíblia é Santa, em primeiro lugar, porque emana de Deus, o qual não é apenas Santo, mas é a Santidade em Si mesmo. (3.2) Além disso, a Bíblia é sagrada porque o seu propósito é sagrado: a salvação de todos e a Glória de Deus. (3.3) Também é sagrada por causa dos seus preceitos: ela manda-nos não apenas que sejamos bons, mas que sejamos santos, na graça de Deus, e lutemos pela perfeição. «Portanto deveis ser perfeitos, como o vosso Pai celestial é perfeito (Mateus 5:48)». «Devereis ser santos; porque Eu, o Senhor vosso Deus, sou Santo (Levíticos 19:2)».
Pe. José Mario Mandía