APARIÇÕES MARIANAS EM PORTUGAL. PORQUÊ? (2.ª PARTE)

APARIÇÕES MARIANAS EM PORTUGAL. PORQUÊ? (2.ª PARTE)

Milagrosa independência

Na Batalha de Aljubarrota, a 14 de Agosto de 1385, D. Nuno Álvares Pereira comandou a vanguarda do exército português, que enfrentava um inimigo quatro a seis vezes mais poderoso, vencendo-o mais pelo poder da oração e da sua estratégia militar (táctica do combate em quadrado) do que pelo poder das armas.

Esta batalha viria a ser decisiva para o fim da instabilidade política de 1383-1385 e um marco muito importante na História de Portugal porque evitou que o País caísse nas mãos de Castela e perdesse a sua independência.

Finda a ameaça castelhana, D. Nuno Álvares Pereira permaneceu como Condestável do reino e tornou-se Conde de Arraiolos e Barcelos. Entre 1385 e 1390, ano da morte de D. João de Castela, dedicou-se a realizar incursões contra a fronteira de Castela, com o objectivo de manter a pressão e dissuadir o país vizinho de novos ataques. Por essa altura, em Outubro de 1385, foi travada em terreno castelhano a célebre batalha de Valverde. Conta-se que na fase mais crítica da batalha, e quando já parecia que o exército português iria sofrer uma derrota completa, se deu pela falta de D. Nuno. Temendo-se o pior, o seu escudeiro acabou por encontrá-lo êxtase, ajoelhado a rezar entre dois penedos. Quando o escudeiro aflito lhe chamou a atenção para a batalha que se perdia, o Condestável fez um sinal com a mão a pedir silêncio. Novamente chamado à atenção pelo escudeiro, que lhe disse: «– Nada de orações, que morremos todos!». Responde então D. Nuno, suavemente: «– Amigo, ainda não é hora. Aguardai um pouco e acabarei de orar». Quando acabou de rezar, ergue-se com o rosto iluminado e dando as suas ordens consegue que se ganhe a batalha de uma forma considerada milagrosa.

Diz-se que foi sua mãe quem bordou o famoso Estandarte com a Cruz de Cristo, a cena do calvário em que Cristo diz para São João «Eis a tua Mãe» e para a Virgem «Eis o teu Filho», e as imagens de Maria com o Deus Menino e os seus patronos São Tiago e São Jorge. Era diante deste estandarte que D. Nuno se ajoelhava e orava fervorosamente, antes de todas as batalhas, pedindo mais a paz e o bem das almas dos que iriam combater e falecer, do que propriamente uma vitória triunfal para os seus exércitos.

D. João I manda erguer, por sugestão de D. Nuno, o Mosteiro de Santa Maria da Vitória, mais conhecido como Mosteiro da Batalha, em acção de graças à Virgem pela vitória de Aljubarrota. Luís de Camões faz referência ao Condestável várias vezes em “Os Lusíadas”. O “forte Nuno”, como Camões o designa, aparece logo evocado na 12ª estrofe do canto primeiro: “por estes vos darei um Nuno fero, que fez ao Rei e ao Reino um tal serviço”, e no canto oitavo, estrofe 32, 5.º verso: “Ditosa Pátria que tal filho teve”.

D. Nuno Álvares Pereira, Condestável do Reino, por ser devotíssimo da Virgem Santa Maria, que respondeu às suas preces em Valverde, Atoleiros e Aljubarrota, mandou construir a Igreja de Nossa Senhora da Conceição em Vila Viçosa, e encomendou para o efeito, em Inglaterra, a imagem de Nossa Senhora da Conceição. E quando ingressa no Convento do Carmo em Lisboa como irmão leigo, usa apenas o nome de Frei Nuno de Santa Maria.

Ao morrer a 14 de Agosto de 1433, aos 76 anos de idade, o primeiro Rei da dinastia de Avis, D. João I, sentia-se velho e alquebrado, devido a tantas lutas que teve de travar com Castela para garantir a independência da Pátria, mas também a nível interno, para garantir a unidade nacional e a supremacia da Coroa e ainda devido à difícil situação financeira de Portugal. Em todo este percurso apoiou-se sempre na Padroeira, servindo-se das dificuldades para mais aprofundar a Consagração Mariana em que nasceu Portugal, tornando-se Nossa Senhora, a Madrinha da nossa independência.

A branca e luminosa Rainha do Santíssimo Rosário apareceu em Fátima para recordar aos homens que não obstante os tempos tempestuosos, A teriam sempre como Aliada e Vencedora de todas as batalhas. Daí a recomendação da reza do Terço e a devoção ao Seu Imaculado Coração para restabelecer a comunhão do mundo com Deus, superar a força do pecado e salvar o homem do próprio homem que perdeu o sentido de tudo o que era verdadeiramente humano e se brutalizou numa destruição e mortandade sem igual ao longo de toda a história: duas guerras mundiais com milhões de mortos e muito mais de feridos; o surgimento do totalitarismo – nazista, fascista e bolchevique – intrinsecamente violento e com os seus campos de concentração e genocídios; o ateísmo militante, com perseguições religiosas sistemáticas; a sequência de revoluções e guerras civis, incluindo o amplo uso da tortura; a corrida às armas nucleares que gerou o perigo duma guerra e ameaçou destruir o planeta e o flagelo do terrorismo que alastra nos nossos dias tornando-se uma calamidade sem fim à vista.

As aparições foram a última aliança de Nossa Senhora com Portugal, uma resposta do Céu às contínuas Alianças dum povo e duma nação que, desde os primórdios, elegeram a Virgem Maria como sua Padroeira.

«Nos perigos, nas angústias, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca Maria. Não se afaste Maria da tua boca, não se afaste do teu coração; e, para conseguires a sua ajuda intercessora, não te afastes tu dos exemplos da sua virtude. Não te extraviarás se a seguires, não desesperarás se a invocas, não te perderás se nela pensas. Se Ela te sustiver entre as suas mãos, não cairás, se te proteger, nada terás a recear; não te fatigarás, se Ela for o teu guia; chegarás felizmente ao porto, se Ela te amparar». São Bernardo dixit.

SUSANA MEXIA 

 Professora

 

 

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