Ancorados em Martinica

E enfim, la France! Como vos referi na última crónica, estava tudo planeado para sairmos, a meio da semana, rumo à ilha francesa de Martinica. Acabámos por optar por segunda-feira, em vez de terça-feira, porque ao regressarmos de Castries, capital de St. Lucia, antes da hora de almoço, notámos uma acentuada melhoria no estado do mar. E o vento tinha amainado consideravelmente.

Fomos a Castries porque estávamos à espera de uma encomenda de Portugal (bacalhau e outras iguarias) que tinha ficado retida na Alfândega. Com a comidinha na mão decidimos rumar a outras paragens, deixando para trás quase seis meses de vida neste cais.

Saímos de St. Lucia por volta da uma da tarde com vento favorável, mas com um mar bem grande – ondas entre dois a três metros durante todo o percurso, num total de vinte milhas. Felizmente, a nossa embarcação dá-se bem com mares grandes e não tivemos problemas de maior. Devido a um erro de navegação, apontámos a um local errado da ilha de Martinica, quase doze milhas a norte do local pretendido, Sainte Anne. Tal erro, depois de uma travessia que nos levou cerca de cinco horas, obrigou a uma noite extra de navegação contra a ondulação, contra a corrente e contra o vento que rondou sempre os 25 nós. Foi uma experiência que, sinceramente, dispensávamos.

Tínhamos planeado chegar a Sainte Anne por volta da hora de jantar, mas apenas chegámos para o pequeno-almoço. E isto depois de toda a noite a navegar com o motor ligado porque de nada valeram as velas perante tais condições. Parece ter sido de propósito e providencial o problema com o motor em St. Lucia…

Estamos ancorados em Sainte Anne desde terça-feira de manhã e já tivemos a oportunidade de nos lambuzar com uns pastéis franceses e encher a barriga de baguetes e Orangina. Finalmente, encontrei latas de cerveja francesa de 500ml, a dez patacas! Até aqui só encontrei garrafas tipo mini. O vinho francês também já veio do supermercado e está disponível na bancada da cozinha para quem quiser.

Planeamos ficar por aqui uns dias, talvez umas duas semanas, antes de seguirmos em direcção ao norte da ilha para visitar a capital, Fort-de-France, e mais alguns locais. Queremos conhecer melhor a ilha antes de aqui voltarmos em Maio para recebermos os nossos amigos que virão de Portugal para passar uns dias connosco, antes de atravessarmos para o Panamá.

Entretanto, e como também estava planeado, instalámos mais dois painéis solares no veleiro, aumentando agora a capacidade de produção de energia eléctrica. Pelos menos, por agora e durante o dia, temos energia suficiente para todas as actividades, inclusivamente para utilizar o dessalinizador, o que nos ajuda imenso e tira um peso dos ombros, uma vez que, se não estiver a funcionar a tempo inteiro, temos de abastecer os tanques do barco de 15 em 15 dias.

Em termos de energia, apenas verificámos problemas com as baterias, que sofreram uma descarga abrupta ainda na República Dominicana por deficiente instalação – falta de jeito do electricista da marina. A capacidade está em menos de metade e nada se pode fazer a não ser substituí-las. Como, por agora, não temos capacidade para um investimento dessa envergadura, vamos ter de nos desenrascar com as que temos. Mais tarde haverá possibilidade de abordar o problema.

Relativamente à tripulação, está tudo bem. Já fomos à praia, o que sempre ajuda a levantar o ânimo.

Nota final para o facto da família portuguesa que viveu em Macau já ter chegado a St. Lucia e tomado posse do seu catamaran Lagoon 380. Em breve irão fazer-se às ondas. Esperamos ter a oportunidade de os encontrar algures no mundo.

João Santos Gomes

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