Papa mobiliza autarcas mundiais e ONU
O Papa Francisco relacionou o tráfico de seres humanos com as alterações climáticas e defendeu uma posição mais firme das Nações Unidas, num simpósio com autarcas mundiais promovido pela Academia Pontifícia das Ciências, no Vaticano.
«A Santa Sé, ou este ou aquele país, podem fazer discursos bonitos nas Nações Unidas, mas se o verdadeiro trabalho não vier da periferia para o centro não terá qualquer efeito. É aí que se encontra a responsabilidade de autarcas e de governos locais urbanos», disse o Papa, na passada terça-feira, agradecendo a presença dos autarcas «na qualidade de periferias».
Na Casina Pio IV, Francisco frisou que mesmo que a consciência dos problemas ecológicos se difunda «do centro para a periferia, o trabalho mais sério e profundo é feito da periferia para o centro».
O Papa frisou que a ONU necessita de «um acordo de base fundamental» porque a organização precisa de «se interessar» mais sobre este fenómeno, «sobretudo o do tráfico de seres humanos provocado por este fenómeno ambiental, a exploração das pessoas».
Neste contexto revelou que tem «muita esperança» num consenso e que da reunião sobre o clima, agendada para Novembro, em Paris, produza um documento final com propostas concretas.
Inserido na temática do encontro, explicou aos presentes que a encíclica “Laudato Si” não é «verde» mas uma «encíclica social» porque na vida social do homem «não se pode separar o cuidado com o ambiente», acrescentando que «o problema do ambiente é uma atitude social, que nos socializa».
«Cuidar do ambiente significa uma atitude de ecologia humana. Já não podemos dizer a pessoa está aqui e a Criação e o ambiente estão ali. A ecologia é total, é humana. Foi o que quis expressar na encíclica “Laudato Si”», desenvolveu o Papa.
Segundo Francisco existe uma relação de «incidência mútua», do ambiente sobre a pessoa e vice-versa, na forma como «trata o ambiente»: «E, também, o efeito contra o homem quando o ambiente é mal tratado».
O encontro de dois dias teve como tema “Escravatura moderna e alterações climáticas: o compromisso das cidades”. Participaram os presidentes das autarquias de algumas das maiores cidades do mundo, como Roma, Paris, Bogotá, Boston, Cidade do México, Oslo e Vancouver.
Sobre a representação lusófona, a organização confirmou a presença de autarcas do Brasil, das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Curitiba, Salvador e Goiânia; e também de Moçambique, país representado pelo Presidente da Câmara de Nampula.