Acalmia em Portugal, agitação no mundo

Nada de assinalável se passou esta semana em Portugal. A economia nacional permanece de boa saúde e a confiança dos consumidores continua em alta, tal como a dos nossos emigrantes, cujas remessas atingiram um máximo de saldo igual há 15 anos atrás.

Por outro lado, há talvez algumas curiosidades que vendem páginas de jornais e discussão entre bloguistas.

O nosso ministro das Finanças, Mário Centeno, pelos bons resultados que tem alcançado na gestão financeira do País, tem sido alvo de um namoro mal disfarçado por parte do Ecofin, para vir a presidir ao grupo dos ministros financeiros da União Europeia. Os avanços têm sido de tal ordem que o irritante ministro das Finanças alemão, Schauble, que há algumas semanas atrás dizia que Portugal ia a caminho de um novo resgate, afirma agora que Mário Centeno é o Ronaldo do Ecofin!

No meio de tanta hipocrisia política, começo a duvidar se este “namoro” não tem como objectivo desviar a atenção do nosso ministro da gestão financeira de Portugal, atraindo-o para uma ratoeira que ele muito dificilmente controlará.

Como Centeno não se mostrou disponível (ainda…) para se “mudar” para Bruxelas e se é bem verdade que as contas nacionais e o emprego têm melhorado bastante, há no entanto ainda muito a fazer para equilibrar as finanças, a economia e a situação social do País. A oposição reclama “reformas” e eu também, embora me pareça que não são as mesmas. Portugal está cada vez mais envelhecido e os “velhos” são a maioria dos dois milhões de portugueses que vivem com menos de quatrocentos euros mensais.

Mas se de facto a situação nacional se mantém calma e estável, o mesmo não se pode dizer da política internacional.

Na recente visita do Presidente dos Estados Unidos a vários países europeus e nomeadamente a Bruxelas (NATO), Trump mostrou uma tal arrogância com os seus pares que teve uma reacção quase imediata da parte destes. Segundo a chanceler alemã, Angela Merkel, a partir de agora os europeus da União Europeia têm de definir os seus próprios destinos, com base nos seus próprios interesses. Pelo que se depreende das suas agastadas declarações, os Estados Unidos e a Grã-Bretanha serão tratados como amigos, tal como os países vizinhos, mas não determinarão as decisões da política europeia. Trump, que já nos habituou a todo o tipo de atitudes absurdas e de grandes desconfianças, face à sua política interna e à sua relação com a Rússia, quis agora, na arena internacional, comportar-se como um “cowboy” prepotente, assumindo um carácter de “quero, posso e mando”, sem um mínimo de dignidade para com os outros chefes de Estado. De qualquer forma, esta visita de Trump acabou por despertar os líderes europeus para uma realidade que tem vindo a ser protelada sucessivamente: a necessidade da Europa ser dona do seu próprio destino. Como diz o povo, “há males que vêm por bem”.

Outros acontecimentos da maior importância para as comunidades portuguesas no mundo e para os próprios nacionais são aquelas que se vivem na Venezuela e no Brasil.

Na Venezuela, com cerca de quatrocentos mil portugueses e mais de um milhão de luso-descendentes, para além das enormes manifestações de descontentamento das populações face às prepotências do seu Presidente, Nicolas Maduro, começam a faltar alimentos, medicamentos e outros bens de primeira necessidade, conduzindo ao desespero geral das populações e à vontade de muitos dos nossos emigrantes em quererem regressar a Portugal e a Espanha. Em virtude da emergência da situação, o secretário de Estado das Comunidades deslocou-se a Caracas para avaliar a forma de auxiliar a nossa comunidade, no caso de se agudizarem ainda mais os actuais conflitos.

No caso do Brasil, onde vivem cerca de 140 mil portugueses e uns milhões de luso-descendentes, a situação política agrava-se constantemente, em consequência da corrupção que atingiu grande parte da comunidade política, onde se integra o actual Governo, temendo-se um descontrolo completo da governação e um vazio de poder que pode conduzir o País a uma situação idêntica à que foi vivida no passado, ou seja, à ditadura militar que perdurou entre 1964 e 1985.

A história preocupante da semana não ficava completa sem uma referência às provocações do líder norte-coreano, Kim Jong-un, ao lançar mais uns misseis de longo alcance para o Mar do Japão. Para além do seu desrespeito pelas decisões da ONU, quanto ao desenvolvimento armamentista e à sua manifesta vontade de produzir armas atómicas, os vizinhos do Sul e o Japão começam a insistir veementemente com os Estados Unidos para travarem a loucura do ditador norte-coreano.

E é aqui que reside o perigo! Qual dos “loucos” vai ser o primeiro a reagir?

LUIS BARREIRA

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