500.º ANIVERSÁRIO DA FUNDAÇÃO DA DIOCESE DE SANTIAGO DE CUBA

500.º ANIVERSÁRIO DA FUNDAÇÃO DA DIOCESE DE SANTIAGO DE CUBA

Ano Jubilar nas Antilhas

No passado dia 22 de Outubro a população cubana assinalou importante marco histórico ao inaugurar o Ano Jubilar por ocasião do 500.º aniversário da fundação da Diocese de Santiago de Cuba, a primeira diocese naquela ilha das Antilhas. Por conseguinte, Indulgência Plenária será concedida a todos aqueles que peregrinarem este ano à catedral de Nossa Senhora da Assunção e passarem pela Porta Santa.

Para D. Dionisio García Ibáñez, arcebispo de Santiago de Cuba, em nota enviada à agência FIDES, este Ano Jubilar será um tempo de agradecimento e de alegria no meio das dificuldades crescentes. Disse o prelado: “Teremos oportunidade de voltar a Deus, de O procurar ou de O voltar a encontrar, caso nos tenhamos Dele afastado”.

Durante a missa de abertura do Ano Jubilar, D. Dionisio expressou gratidão ao Senhor pela “Sua presença contínua”, e ainda a toda a comunidade e aos irmãos das demais comunidades cristãs que participaram na cerimónia. Aliás, o arcebispo fez questão de enfatizar a presença destes últimos, pois também eles valorizam profundamente a Palavra de Deus como guia para as suas vidas: “Tanto os católicos como os membros de outros grupos cristãos, que partilham a crença em Jesus Cristo como o nosso único Salvador, celebram juntos estes quinhentos anos de presença e difusão da Sua mensagem. Uma mensagem que sempre foi e continuará a ser sinónimo de humanidade, misericórdia e salvação”.

A celebração comemora um acontecimento histórico que remonta ao ano de 1517, quando se decidiu fundar uma diocese em Cuba. Foi então escolhida Baracoa, a maior cidade da época, e como seu bispo “seria designado o padre flamengo Juan Witte, que não pôde tomar posse devido a múltiplas dificuldades”. Ele mesmo solicitaria a mudança da sede da Diocese e, concluída a burocracia, esta seria fundada a 22 de Outubro de 1523 com o nome de Diocese de Santiago de Cuba, acontecimento que assinalaria um encontro entre culturas e um significativo passo na história religiosa da região.

“Hoje comemoramos não só os quinhentos anos da presença sistemática da Palavra de Deus aqui nesta terra e as suas raízes na comunidade cristã, mas também o quinto centenário desde que a Vila de Santiago foi elevada à categoria de cidade”, lembrou D. Dionisio.

Cristóvão Colombo chegara a Cuba a 27 de Outubro de 1492 e menos de duas décadas depois a ilha fora conquistada por um grupo de trezentos espanhóis, liderados por Diego Velázquez de Cuéllar, um rico colono de Santo Domingo que fundaria a cidade de Havana em 1511, tendo-o acompanhado quatro religiosos. Um frade mercedário seria o primeiro religioso a pisar solo cubano, e nas regiões indígenas de Macaca e Cueíba altares rústicos erguidos a Nossa Senhora passariam a ser venerados pelos nativos. Contudo, a figura missionária mais notável seria, sem dúvida, Frei Bartolomeu de Las Casas, cujo apostolado de mais de cinquenta anos teve início nessa ilha das Caraíbas por volta de 1514.

Dominicanos (1524) e Franciscanos (1529) estabeleceram rapidamente comunidades religiosas em Cuba, às quais se juntaram, várias décadas depois, a Companhia de Jesus (1566) e outras ordens. Algumas comunidades, como os Hospitalários de São João de Deus (1603) e os Belémitas (1704), deram toda a atenção aos hospitais; outros, incluindo os Jesuítas, Escolápios (1857), Agostinhos da América do Norte (1898), Maristas (1903) e Irmãos Cristãos (1905), fundaram centros de aprendizagem; enquanto outros ainda, Franciscanos, Paulistas (1862) e Barnabitas (1953), especializaram-se no jornalismo e na área editorial. No Século XVIII as vocações nativas floresceram em todas as ordens.

A presente efeméride será aproveitada para evocar o 26.º aniversário do reconhecimento do Natal como feriado em Cuba e o 26.º aniversário da visita à ilha do Santo Padre João Paulo II, acontecimentos que serão mencionados pelos bispos cubanos na sua habitual mensagem de preparação para o Natal. Coincidindo com o anúncio do programa oficial da visita de João Paulo II a Cuba, ocorrida entre 21 a 26 de Janeiro de 1998, Fidel Castro anunciaria a 13 de Dezembro desse mesmo ano o restabelecimento das férias de Natal para 1997. Foi o próprio Papa, durante a visita do líder cubano ao Vaticano, no Outono de 1996, que o solicitara como gesto de boa vontade, fazendo eco do desejo da Igreja local. O último Natal celebrado como feriado na ilha caribenha remontava a 1968, quando o regime decidira transferir oficialmente o feriado para outra data para não interromper a colheita da cana-de-açúcar.

“Que Cuba se abra ao mundo com todas as suas magníficas possibilidades e que o mundo se abra a Cuba”, disse João Paulo II ao chegar à ilha em 21 de Janeiro de 1978. Para a maioria dos cubanos, este foi o primeiro contacto com este homem, que vinha de longe e cujo nome mal conheciam. No seu primeiro discurso, o Papa, agora santo canonizado, especificou as intenções do seu caminho pastoral: “Venho como peregrino do amor, da verdade e da esperança, com o desejo de dar um novo impulso à obra de evangelização que, no meio das dificuldades, esta Igreja local realiza com vitalidade e dinamismo apostólico rumo ao terceiro milénio”.

Joaquim Magalhães de Castro

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