Conversões de adultos no Camboja
Para melhor cumprir os desígnios do Ano da Oração, devemos reservar um bom pedaço de tempo para… a oração! A oração é a base de todas as coisas, a base da conversão, a base da chamada de todos por meio da escuta da Palavra de Deus, a base de todas as actividades da comunidade cristã.
Responsável por uma realidade eclesial composta por diversas pequenas comunidades, D. Olivier Schmitthaeusler, MEP, vigário apostólico de Phnom Penh, lembrou que o silêncio é o primeiro princípio básico da oração e aproveitou para convidar cada um dos seus paroquianos a reunirem-se, mensalmente, para «uma oração especial pelas vocações, com todos os fiéis», e, semanalmente, para uma Lectio Divina, um exercício de escuta pessoal da Palavra de Deus assente em quatro degraus: Leitura, Meditação, Oração e Contemplação. Objectivo? O enriquecimento da vida espiritual. Como escreve o cardeal D. José Tolentino Mendonça, no seu “Elogio da Sede”: “Não é fácil reconhecer que se tem sede. Porque a sede é uma dor que se descobre pouco a pouco dentro de nós… A pior coisa para um crente é estar saciado de Deus”.
A oração começa na Família e – retomando as palavras de D. Olivier Schmitthaeusler – «toda a família deveria reservar tempo para rezar em casa, pelo menos uma vez por semana, passando entre dez a quinze minutos juntos e em silêncio».
Aconselha ainda todo o cristão, a nível individual, a participar na Missa, pelo menos, uma vez por semana, e sempre ao Domingo, de forma «a ir directamente à fonte da graça de Deus».
Que 2024 seja o ano para se rezar a Deus Pai, assim como Jesus O louvou em todos os momentos. Que 2024 seja o ano para se olhar para a Virgem Maria e todos se conectarem com o seu amplo coração. «O ano de 2024 deve ser para nós um momento de conversão e de crença no Evangelho que Jesus proclamou há mais de dois mil anos», referiu o prelado maior do Camboja.
A mensagem foi particularmente bem recebida pelos jovens dos nove distritos pastorais do Vicariato de Phnom Penh, que foram convidados a passar tempo com Jesus de forma a «discernirem e compreenderem» a chamada de Deus nas suas vidas. «Para descobrir a presença de Jesus na vida quotidiana e permanecer ligado a Ele», explicou o Bispo num encontro com mais de cem jovens da região, «é preciso acreditar que Ele vive no nosso coração; olhar em volta com os olhos da fé; olhar para a própria vida com gratidão; comunicar com o Senhor ao longo do dia através de orações curtas; reservar algum tempo pela manhã e à noite para a meditação e a contemplação; ampliar a visão sobre as necessidades do mundo; e sabermos pela fé que Jesus é o nosso companheiro de cada dia».
O Ano da Oração será, portanto, também um “ano de vocação”, na esperança que os jovens cambojanos ouçam a chamada de Deus no que diz respeito ao Sacerdócio ou à vida consagrada. Há – até ver – boas razões para acreditar que assim será. Em 2023 três jovens cambojanos foram ordenados sacerdotes diocesanos no Vicariato Apostólico de Phnom Penh, sendo um deles o primeiro padre jesuíta autóctone. Actualmente, a Igreja Católica no Camboja conta com um total de catorze padres locais, além de cerca de cem missionários estrangeiros, que actuam por todo o País, divididos em três distritos eclesiásticos (um vicariato e duas prefeituras apostólicas). Entre os seus dezassete milhões de habitantes, cerca de vinte mil são católicos.
O baptismo de adultos (cada vez mais comum) representa um enorme sinal de esperança. Na mais recente Vigília Pascal, 185 catecúmenos do Vicariato Apostólico de Phnom Penh receberam o Baptismo, juntamente com os demais Sacramentos da “iniciação cristã” (Confirmação e Eucaristia). Segundo informou D. Olivier Schmitthaeusler, os catecúmenos provêm de uma dezena de distritos do território de Phnom Penh e completaram «um itinerário de conhecimento, aprofundamento e discernimento sobre a fé cristã». O facto de serem jovens adultos é uma mais-valia para a comunidade, no entender do Bispo. Nos encontros de preparação realizados durante o tempo quaresmal, este destacou três aspectos essenciais para ser cristão na vida quotidiana: «rezar, amar e servir».
D. Schmitthaeusler convidou os jovens a «rezar como Jesus, tanto nas dificuldades como na alegria» e a «rezar como Maria». É importante – continuou – manter sempre viva a relação com Deus e com a comunidade, colocando-nos também ao serviço das necessidades pastorais, com o espírito de sermos «servos amorosos» da comunidade. A imagem que o Bispo propôs aos jovens catecúmenos foi retirada das Cartas de São Paulo, descrevendo-os como «pedras vivas» da Igreja, «ao viver na nossa comunidade com espírito de compaixão, na oração e no serviço».
Durante o rito “eleitoral”, o vigário apostólico chamou cada um dos candidatos pelo nome diante do altar, convidando-os a registar os seus nomes no registo diocesano, impondo-lhes a mão. Durante o rito, todos os candidatos também receberam um lenço roxo, como sinal de preparação para o Baptismo, que devem usar sempre que forem à igreja.
Em 2023, a Igreja Católica no Camboja baptizou um total de 397 jovens durante a Vigília Pascal (167 na Prefeitura Apostólica de Battambang, 126 na Prefeitura de Kampong Cham e 104 adultos em Phnom Penh). A presença constante de catecúmenos jovens e adultos, concluiu o Vigário, é um sinal de que «a obra de Deus dá frutos na Igreja cambojana, que está viva e em contínuo crescimento».
Joaquim Magalhães de Castro
LEGENDA: D. Olivier Schmitthaeusler, ao centro