TEÓLOGO SCOTT HAHN

TEÓLOGO SCOTT HAHN PARTILHA EM LIVRO A SUA VIAGEM ESPIRITUAL NO OPUS DEI

Em cada gesto há um apelo à Santidade

Recentemente a Igreja universal celebrou São Josemaría Escrivá, fundador do Opus Dei. Em Macau, no passado dia 26 de Junho, o bispo D. Stephen Lee convidou a comunidade a unir-se à celebração eucarística festiva, na igreja da Sé Catedral. O Opus Dei, a única prelatura pessoal dentro da Igreja, é por vezes pouco conhecida. Desta forma, deixamos uma sugestão para quem queira aprofundar a organização, pelo olhar do teólogo Scott Hahn, conhecido internacionalmente. Segue um apontamento de uma conversa realizada num “podcast” de rádio do projecto católico “Discerning Hearts”, entre Scott Hahn e o casal Bruce McGregor e Kris McGregor, sobre o livro de Hahn – lançado em 2006 – “Ordinary Work, Extraordinary Grace”, em que nos fala da sua caminhada espiritual no Opus Dei.

Kris McGregor começou por agradecer pessoalmente a Scott Hahn por ter escrito “Ordinary Work, Extraordinary Grace”, tendo-lhe dito que é uma partilha profunda e muito pessoal de um tempo muito crucial na sua vida espiritual. E continuou: «Sinto curiosidade em saber, porque tantas pessoas suspeitam do Opus Dei, porque quando leio os escritos de São Josemaría eles são maravilhosos e vivificantes, transformadores. Não entendo como alguém poderá ter dúvidas».

Scott Hahn, após agradecer aos entrevistadores, lembrou que a própria organização foi apresentada em 1928 por São Josemaría Escrivá e, nas suas palavras – acrescentou o teólogo – esta era uma forma de santificação no trabalho quotidiano e no cumprimento dos deveres quotidianos dos cristãos. «Pela sua natureza, é algo que não chama à atenção para si mesmo». Hahn realçou que é a primeira e única prelatura pessoal na Igreja, que tem um estatuto único atribuído pelo Direito Canónico. «Algo que é estabelecido para que as pessoas leigas comuns em todo o mundo, além das suas fronteiras geográficas, ou apenas além das fronteiras típicas das dioceses, possam realmente ter o tipo de direcção espiritual que lhes permitirá tornarem-se santos no meio do mundo, e contemplativas no dia a dia».

Para mim, disse Scott Hahn, é assim que conseguimos imitar Deus, o Nosso Pai, pela maneira como realmente nos dedicamos às nossas tarefas, que no final não importa quão simples elas pareçam. «Deus, não está apenas a criar galáxias e a manter o Cosmos, Ele preocupa-se com pequenas coisas. Ele cria galáxias, mas a partir de partículas subatómicas; Ele comanda tudo, não só apenas o grande Universo, mas até mesmo as coisas mais pequenas».

Sou muito grato a São Josemaría Escrivá, acrescentou Scott Hahn, que afirmou não ter escrito o livro para se tornar um exemplo, mas simplesmente para demonstrar a sua gratidão a Nosso Senhor e ao Opus Dei.

Hahn recordou que São Josemaría, desde os primeiros anos do seu sacerdócio, estava aberto a um chamamento que era tão único, que ele dava consentimento a algo que ainda lhe era desconhecido. E «a cada passo do caminho, era apenas como sair da escuridão e experimentar uma luz divina».

Uma das minhas histórias favoritas, continuou Hahn, foi quando ele estava num carro, numa rua em Madrid, e foi inundado pela realidade da paternidade de Deus: o dom da filiação divina. E começou a orar em voz alta: «Abba pai, Abba pai». Isto realmente acabou por tornar-se «o próprio conteúdo; a substância a que foi chamado». Para Scott Hahn não era algo que ele recebia e consentia como novidade, mas algo que nele crescia. «E isso para mim é uma garantia. Se o próprio fundador mostra-me que foi algo que a graça de Deus fez crescer, assim também eu posso ser paciente com as minhas fraquezas».

Kris McGregor pediu a Scott Hahn que falasse sobre a fundação do Opus Dei como filiação divina, cujo sentido «é algo que podemos ter perdido».

Segundo Hahn, a razão pela qual somos filhos de Deus, não é apenas porque Deus nos adopta num sentido genérico, é porque Ele deu-nos a partilhar, muito concretamente e especificamente, a filiação divina de Cristo. «Esse é um mistério sobrenatural, uma realidade substancial, é o núcleo do que significa ser cristão; e a Igreja Católica sempre fez disso uma parte central do seu ensino em todas as áreas da doutrina», afirmou, acrescentando: «Mas infelizmente muitas pessoas perderam-no ou, pelo menos, negligenciam-no».

«O que penso que São Josemaría fez na consagração da filiação divina, no centro da nossa fé e no centro da nossa vida diária, foi apenas para nos lembrar que não somos aquilo que nós sentimos, não somos o que as outras pessoas vêem em nós, somos o que o Deus Todo Poderoso vê, isto é, os Seus próprios filhos e filhas que compartilham a própria filiação divina de Cristo».

«Eu gosto muito da citação que nos dá de Madre Teresa: “Deus não nos pede para sermos bem-sucedidos, apenas fiéis”» referiu Kris McGregor. «São Joesemaría disse que a Igreja está presente onde quer que haja um cristão que se esforce para viver em nome de Cristo».

A ambição à Santidade, na opinião de Hahn, é algo sobre o qual se ouve no Opus Dei e aplica-se a diferentes áreas da vida. Porque também se aplica não só às nossas vidas, ao nosso trabalho quotidiano, mas também às nossas aspirações apostólicas. Hahn acredita que os católicos comuns, todo o leigo baptizado, não é chamado apenas a tornar-se santo, mas também convidado a encontrar uma maneira de ser contemplativo no meio do mundo.

Bruce McGregor pediu ainda a Scott Hahn que falasse um pouco sobre a vocação matrimonial. Este recordou que São Josemaría Escrivá veio e chocou muita gente quando se referiu ao leito conjugal como um altar. «O casamento é a nossa vocação para o Céu».

Scott Hahn contou ter assistido a um vídeo em que um homem pedia a São Josemaría ajuda para a sua vocação. Ele não sabia se era chamado a ser um membro supranumerário do Opus Dei. São Josemaría interrompeu-o e perguntou-lhe: «– você é casado? Qual é o nome da sua esposa?» E o homem disse o nome. São Josemaría respondeu: «– a sua vocação tem um nome». O que São Josemaría fez, segundo Hahn, foi elucidar este homem, que para além de pensar, de rezar e discernir as grandes questões espirituais como a vocação, tinha que reconhecer que o seu casamento não era apenas um sacramento, era uma realidade de união, no contexto que ambos se ajudavam a alcançar a Santidade.

Kris McGregor revelou um dado curioso: «O facto de São Josemaría mais tarde fundir o seu nome demonstrou que desejava a unidade da família. Originalmente chamava-se José María, mas depois tornou-se Josemaría, unindo José e Maria», os pais de Jesus na terra.

«Isso é lindo!», exclamou Scott Hahn. «Sou grato pelo facto de haver um lugar tão importante para os leigos. Os supranumerários, pessoas casadas que não assumem o compromisso com o celibato. E agradeço aos numerários que fazem esse compromisso [celibato], porque tenho experiência de como eles estão mais disponíveis para o trabalho apostólico que a nossa direcção espiritual requer, mas a maioria dos supranumerários como eu é casado». Hahn salientou que no seu caso o apostolado primário é a família e, depois, em amplos círculos além do lar.

«Esta visão de uma “tribo” dentro da Igreja, que se estende para além das dioceses e fronteiras, não sendo uma comunidade monástica, sinto que foi inspiração divina» concluiu Scott Hahn.

Miguel Augusto

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