Macau eterniza santo no Jardim Luís de Camões
Há vários anos que uma estátua de Santo André Kim se encontra num dos muitos recantos do Jardim Luís de Camões, sendo este um dos santos mais queridos da comunidade católica de Macau, ou não tivesse o primeiro padre coreano estudado no território, na sua deambulação pela Ásia. À semelhança do que há muito vem acontecendo, a Igreja em Macau volta a celebrar Santo André Kim e os seus Companheiros Mártires na próxima terça-feira, dia 20 de Setembro.
A fé cristã chegou à Coreia no Século XVII – podemos referir a data de 1603 – mas disseminou-se lentamente até 1758. Nesse ano, o rei Yeongjo determinou que a fé católica era ilegal, considerando-a como uma prática demoníaca. Até 1785 viveram-se tempos difíceis. Nesse ano dá-se o renascimento da Igreja Católica. Os primeiros missionários franceses só chegariam em 1836, na clandestinidade. A cristandade coreana era, porém, forte e fervorosa, mas na clandestinidade e sob perseguição. Em 1839, 1846 e 1866 foram 103 os mártires, entre os quais o primeiro presbítero coreano, André Kim Taegon, além do leigo Paulo Chong Hasang, e seus companheiros. Estes quase todos leigos, homens e mulheres, casados ou não, anciãos, jovens e crianças. Calcula-se em cerca de dez mil pessoas. Foram canonizados em 1984, na capital Seul, pelo Papa João Paulo II, na primeira cerimónia de canonização feita fora do Vaticano.
Santo André Kim de Taegon é o mais famoso mártir da primavera do Cristianismo coreano. Nasceu em 1821, numa família nobre. Os seus pais eram cristãos. O pai chegou mesmo a ser martirizado. Aos quinze anos foi baptizado, tendo vindo estudar para o Seminário em Macau. Em 1845 foi ordenado sacerdote em Xangai pelo bispo francês D. Jean Joseph Ferréol, MEP (Vigário Apostólico da Coreia). O padre André regressou então à Coreia para pregar e evangelizar. O Cristianismo fora, entretanto, suprimido e muitos cristãos perseguidos e executados. Os católicos, passaram a praticar secretamente s sua fé. André Kim foi um dos milhares de cristãos executados nessa época. Em Junho de 1846, com 25 anos, enquanto tentava conseguir a passagem para que outros missionários entrassem na Coreia de barco ao longo da costa sudeste, Kim foi preso pela patrulha da fronteira. Foi encarcerado, depois torturado e decapitado perto de Seul, no rio Han, com os já referidos 103 homens, mulheres, idosos e crianças, sacerdotes e leigos.
São Paulo Chong Hasang é outro dos mártires coreanos da Igreja Católica. O seu dia de festa é comemorado anualmente a 22 de Setembro, embora também seja venerado, juntamente com André Kim os outros 103 mártires da Coreia, a 20 do mesmo mês.
Vítor Teixeira
Universidade Fernando Pessoa