Sands China ganha poder negocial para 2022

Um polvo na sociedade

A Sands China, que engloba a Venetian Macau, com licença para operar na indústria do Jogo até 26 de Junho de 2022, está a ganhar poder negocial para fazer valer as suas pretensões aquando da atribuição das novas licenças de exploração de jogos de fortuna ou azar.

Parte da estratégia passa por consolidar a sua posição no tecido sócio-económico da RAEM, ao “dar a mão” não só às PME e ao trabalho desenvolvido por instituições de solidariedade social, como também à promoção do território além fronteiras, com concertos de bandas ou de artistas musicais de renome mundial, e combates de boxe com atletas de topo, dirigindo também uma considerável parte dos seus recursos para o turismo e o entretenimento familiar, para além dos casinos.

«Ao nível das concessionárias e subconcessionárias do Jogo, ou até mesmo de todo o sector privado, não vemos uma companhia com tanta preponderância na diversificação do tecido económico da RAEM, como é o caso da Sands China», disse a’O CLARIM fonte ligada à indústria do Jogo.

Tornando-se vital para a economia de Macau, a subsidiária da Las Vegas Sands, do magnata norte-americano Sheldon Adelson, está a precaver o aparecimento de mais dissabores relacionados com o contínuo abrandamento das receitas brutas do Jogo, podendo tomar alguma posição de força junto do Governo de Macau de maneira que este não adopte medidas que estrangulem ainda mais as receitas arrecadadas pela operadora.

Na hipótese de acontecer algum caso extremo à Sands China, por exemplo, o resgate da licença à Venetian Macau, ou a rescisão por incumprimento ou por interesse público, «só iria espoletar uma convulsão sócio-económica porque o Governo de Macau não está – nem irá estar até 2022 – preparado para dar resposta ao impacto imediato que teria uma possível saída de tão preponderante companhia na vida da sociedade», referiu a mesma fonte.

O diferendo que opõe Steve Jacobs a Sheldon Adelson, em julgamento num tribunal dos Estados Unidos, está a criar enorme expectativa, não só em Las Vegas, como também em Macau, podendo o desfecho influenciar por completo o posicionamento da Sands China na RAEM.

«Também o relatório altamente confidencial encomendado pela Sands China [datado de Junho de 2010, mas agora tornado público pelo The Guardian], segundo o qual Pequim acreditava que os casinos a ela afectos estariam a trabalhar em conluio com a CIA, já terá levado o Governo Central a tomar medidas consentâneas com a “Lei relativa à defesa da segurança do Estado” [aprovada pela Assembleia Legislativa da RAEM, em 2009]», salientou a mesma fonte, sem adiantar quais e quando tal aconteceu.

Na sequência da notícia publicada pelo The Guardian, o semanário Plataforma confirmou que a presença de agentes do FBI, da NSA ou da CIA, por vezes reformados, não só na Venetian, mas também no Wynn Resorts e no MGM, é conhecida e aceite pelas autoridades locais, apesar da desconfiança de Pequim.

PEDRO DANIEL OLIVEIRA

pedrodanielhk@hotmail.com

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