70.º aniversário do bombardeamento de Hiroshima

China acusa Japão de ignorar crimes

Um jornal oficial chinês acusou ontem o Japão de assinalar o bombardeamento atómico de Hiroshima «de forma calculista» e manter o silêncio sob os crimes de guerra que cometeu na China e na Coreia do Sul.

Assinalar o 70.º aniversário do primeiro bombardeamento nuclear da história «é compreensível», afirmou o Global Times, uma das publicações do Diário do Povo, órgão oficial do Partido Comunista Chinês.

«Mas é preciso dizer que as cerimónias concentram a atenção no facto de o Japão ter sido vítima das bombas atómicas e deixam totalmente de lado as razões» que levaram aos bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki.

«As comemorações ignoram que o Japão também cometeu crimes de guerra (…) e mostram até que ponto o Japão pode ser calculista e adoptar estratagemas» para fazer esquecer as suas responsabilidades históricas, insistiu o jornal oficial.

Há 70 anos, às 8 horas e 15 locais, o bombardeiro norte-americano “Enola Gay” lançou uma bomba atómica sobre Hiroshima, ataque que levou à capitulação do Japão e ao fim da Segunda Guerra Mundial. Este primeiro bombardeamento nuclear causou 140 mil vítimas, de acordo com estimativas.

O Primeiro-Ministro japonês, Shinzo Abe, e representantes de cem países – o maior número alguma vez presentes nas cerimónias de Hiroshima – encontravam-se ontem entre dezenas de milhares de pessoas que fizeram um minuto de silêncio em memória das vítimas naquela cidade do oeste do Japão.

Ao apoiar uma política de defesa mais dura, «Abe quer normalizar o estatuto do Japão [na cena internacional], mas sem fazer uma introspecção completa sobre os crimes de guerra nipónicos», comentou o Global Times.

Para Pequim, a invasão da China pelo exército imperial japonês e o período de ocupação entre 1937 e 1945 causaram mais de vinte milhões de mortos chineses.

Neste aniversário da capitulação do Japão, a 2 de Setembro de 1945, Pequim vai conferir uma solenidade inédita às comemorações do fim da Segunda Guerra Mundial, destacando-se a realização de um grande desfile militar a 3 de Setembro, que será feriado na China.

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